quinta-feira, 22 de março de 2012

TELONA QUENTE 46

Roberto Rillo Bíscaro

Ficção científica é gênero subterrâneo no cinema brasileiro. Existe em pequena quantidade e restringe-se a aficionados. Vi Cassiopeia (1996), animação injustamente negligenciada, outro desenho cujo título faz questão de me fugir e o média-metragem independente Céus de Fuligem (2004), no You Tube.
Aqui e aqui, você encontrará listas de filmes ficcionais-científicos brasucas.
Ano passado, o roteirista e diretor Cláudio Torres lançou O Homem do Futuro, híbrido de ficção-científica com comédia romântica. Filme nacional com cara de norte-americano, a produção conta a história dum cientista que volta ao passado pra tentar reconstruir sua fracassada relação amorosa e aprende que mexer no que já foi, resulta em desastre. Que o roteiro desminta sua pilastra de sustentação importa pouco, afinal, como o protagonista assevera no final: “Eu mereço.”
O trunfo d’O Homem do Futuro está no elenco, mormente na figura de Wagner Moura, talvez o melhor ator nacional em atividade. Desdobrando-se em 3 “eus”, El Moura compõe cada um de forma distinta, inclusive na fala.
Colagem de enredos de diversos filmes, O Homem do Futuro é “cine comercial” e não há nada de errado nisso. Podem até inventar que é “homenagem”, mas isso é papo pra press release. Ágil, sem apelar pra humor vulgar, trata-se duma ficção científica bastante competente como comédia romântica.
Pra quem curte sessão de filme com família, pipoca e alguns maneirismos de novela global, é boa pedida. E não há nada de errado nisso.   
Ah, Cláudio quéreedo, uma última coisinha: quando você filmar atores beirando os 40, passando-se por universitários, cuidado com closes e perfis. A diminuição de colágeno e elastina com a idade faz com que a pele do rosto e abaixo do queixo fique um pouco mais caidinha do que alguém com 20 anos, tá? Palavra de um 45ão, que, mesmo sem enxergar direito, notou isso porque tava gritando!  

Nenhum comentário:

Postar um comentário