quinta-feira, 19 de abril de 2012

FILUS


Quilombolas albinos voltam ao Hospital Universitário de Maceió

Os albinos da comunidade quilombola Filus, de Santana do Mundaú voltaram ao Hospital Universitário, em Maceió, para continuar o tratamento, iniciado em 2009. Com o apoio do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral) e da ONG, Instituto Irmãos Quilombolas, eles foram levados para a primeira consulta de 2012, e assim dar continuidade ao acompanhamento médico.
Desde a morte de Luzinete Isabel da Conceição em 2008, vítima de câncer de pele, existe uma crescente preocupação entre os outros albinos da comunidade de Filús. Por causa disso, há a necessidade de manter uma rotina de visitas ao médico, que vise prevenir e monitorar possíveis doenças provocadas em decorrência do albinismo.
Segundo o professor Fernando Gomes, que também é membro titular da sociedade brasileira de cirurgia plástica, os quilombolas albinos têm motivos para se preocupar. “É provável que todos eles, em alguma fase da vida, desenvolvam tumores, por isso, precisam de acompanhamento”, alerta o médico. Ele explica que lesões sucessivas provocadas por exposição ao sol podem, ao longo do tempo, provocar alterações celulares e, com isso, gerar os tumores. Os tipos mais comuns que podem aparecer em albinos são o espinocelular, o melanoma ou o basocelular.
O médico recebeu no HU, para um novo exame na pele, um grupo de cincos albinos, dois adultos e três crianças. A mais nova de todos é a Taís, com três anos, filha de Cleone Severino da Silva, que não é albina.
Porém, ele avisa que as secretarias municipal e estadual de saúde precisam chamar a responsabilidade e criar um programa de saúde para atender este tipo de paciente com distúrbios congênitos. “Há uma descontinuidade lógica do tratamento destes quilombolas, a comunidade precisa de apoio, queremos saber quem vai fazê-lo?”, questiona o médico.
Para evitar as queimaduras solares e o câncer de pele nestes pacientes, a recomendação médica é para que eles mantenham o controle oftalmológico e dermatológico através de alguns cuidados de extrema importância, como usar sempre boné ou chapéu, com proteção nas partes da nuca e as orelhas, roupas adequadas, protetor solar, em todo corpo e óculos escuros, além de um acompanhamento com exames trimestrais.
O Diretor presidente do Iteral, Geraldo de Majella, disse que o Instituto vai continuar acompanhando e dando apoio aos moradores da comunidade Filus, que já foi reconhecida oficialmente como remanescente de quilombos em 2006. “O nosso papel é estabelecer a mais próxima possível relação com as comunidades quilombolas. Os problemas de saúde que essa comunidade vem passando é talvez o mais grave, mas temos outros problemas, em Filus e nas outras. Agora, é importante reafirmar que há preocupação e trabalho efetivo do Iteral e da Secretaria da Mulher e dos Direitos Humanos e de vários órgãos estadual e federal, para melhorar as condições de vida dos quilombolas de Alagoas”, destaca Majella.
Majella declarou ainda, que haverá a formalização de um termo de Cooperação entre o governo de Alagoas e a SEPPIR, através da ministra Luiza Bairros. ”Estamos otimista e iremos inaugurar uma nova fase na relação com os quilombolas alagoas. no próximo dia 23.”
A comunidade quilombola enfrenta outros problemas - Além da particularidade dos albinos, a comunidade de Filus é carente de uma série de outros serviços. Um deles é o acesso à comunidade, que fica a mais de nove quilômetros da estrada que leva ao município de Santana do Mundaú, e precisa de melhorias.
Outro problema antigo é a água para o consumo. Segundo Cícera Vital, presidente do Instituto Irmãos Quilombolas, na comunidade há um alto índice de esquistossomose, doença contraída pelo consumo da água contaminada, que também é usada para banhar animais e lavar roupa. 

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