Roberto Rillo Bíscaro
Não me considero daqueles coroas quadrados que acham as
coisas do “seu tempo” melhores. Eram (um tanto) diferentes; só. Mas, às vezes,
curto subir as ladeiras da memória e (re)ouvir/ver sensações de outrora.
Quando meninote e adolescente, amava ver TV até bem
cedo na madrugada. Em Penápolis, antes da TV por assinatura e da internet, em
casa pegava apenas a Globo. A Record sintonizava quando queria e era ruim. Band
e SBT só via quando ia de férias à casa de meus tios em Sampa. Durante os anos
80, esses 3 últimos canais – mais a TV Cultura – gradualmente colocaram antenas
de retransmissão na cidade ou adjacências.
Apreciava especialmente filmes de horror,
ficção-científica e suspense. O gosto pelos “clássicos” e filmes-“cabeça” veio
depois dos 15, 16 anos, embora nunca tenha abandonado as baboseiras de
horripilar.
Muita madrugada vendo os filmes de Dracula, fase
Christopher Lee e A incrível História do Homem que Derreteu (preciso ver de
novo porque na época eu fechava os olhos quando ele ia aparecer!). Muitos
desses filmes eram produções pra TV, mas sequer tinha ideia disso. Pra mim era
filmes; só.
Hoje, meu canal de TV favorito é o You Tube. Nem possuo
ponto de TV por assinatura no televisor do quarto. Pra quê? Tá (quase) tudo na
net na hora que quero. Esses dias, (re)vi alguns desses filmes pra TV vistos na
TV preto e branco de casa (nos meus tios era colorida) no final dos anos 70,
começo dos 80.
Achei uma coleção de filmes completos no You Tube, mas há
que se entender inglês porque não há legendas.
Dogs (1976) tem uma trama disparatada sobre
experimentos com feromônios em uma universidade interiorana, que levam os cães
a se tornarem assassinos, quando em matilha. Os anos 1970 foram fartos em
animais matadores, resultantes de projetos secretos do governo ou desequilíbrio
ambiental. Watergate com consciência (pesada) ecológica.
Eu lembrava direitinho da última cena! Nossa, parecia
que a vira no dia anterior, mas já se passaram cerca de 3 décadas que vira na
TV. De quebra, descobri que Linda Gray – a Sue Ellen, de DALLAS – faz a festa da cachorrada num banheiro.
O demônio também esteve em alta na década de Nixon e
Jim Jones. No cine e na TV, ninfetas vomitavam verde, filhos do demo eram
gestados/gerados; uma danação só. Devil Dog: the Hound of Hell (1978) une 2
neuroses setentistas e nos traz um cachorro que é filho do capeta! Diga-se que
os cães compuseram um sub-sub-gênero dentro do sub-gênero dos animais
assassinos. Pouco prático esse diabo que escolhe vir ao mundo em forma de cão e
começa sua dominação global atormentando uma família de classe-média e seus
vizinhos.
Cheio
de clichês, como a empregada latina que primeiro percebe a maldade do filhote –
afinal, ela é católica e menos “cerebral” que os anglo-saxões, não? – e com
mortes baratas, o filme é boa diversão pra relembrar os tempos de adolescência
oitentista. Desse, também me lembrava duma cena - com Ken Kercheval, o Cliff Barnes, de DALLAS. Recordo-me de que
quando assisti à película nos 80’s, murmurei “ah, o Cliff!” Também me lembrava
perfeitamente da musiquinha infantilizada e dos efeitos sonoros. Adorei rever.
De Satan’s School for Girls, produção de 1973, não me recordo de ter visto. Decidi dar uma
chance pelo elenco e produção de Aaron Spelling. A futura Pantera Kate Jackson
e Loyd Bochner, o milionário Cecil Colby, de Dynasty estavam no elenco. Além de
Cheryl Ladd, outra futura Pantera. Nenhuma coincidência entre elenco e
Spelling, visto ele ser o produtor d’As Panteras e Dynasty. Também presente,
Roy Thinnes, o David Vincent, de The Invaders. Eu tinha que ver.
Numa
escola, alunas vão sendo cooptadas e eliminadas num complô satânico pra
substituir um grupo de meninas mortas. Ou algo assim... Com a falta de grana
pra produção, vencer o demo nunca foi tão fácil! Bastou a mocinha entrar numa
sala, contrariar o representante de Satanás e a querela se resolveu. Valeu pelo
elenco de queridos.
Pra fechar o ciclo, vi outro desconhecido: A Howling in
the Woods (1971). Capitalizando em cima do sucesso do casal Larry Hagman e
Barbara Eden, a NBC usou-os como protagonistas da história que envolve justiça
com as próprias mãos, um vilarejo tentando esconder o fato e um caso
extraconjugal. Na verdade, o personagem de Hagman não tem função dramática; o
filme é de Eden. O bom mocismo do Major Nelson – faltavam 7 anos pra Larry
encarnar o definitivo JR Ewing, em DALLAS – não permitia escalar o moço pra
vilão, então, ficou como o marido- tentando-salvar-o-casamento de Barbara. Vai
ver que era sintoma da década do feminismo...
Ainda não achei Deadly Encounter (1982), assistido num
Super Cine adolescente. Nesse filme, Larry Hagman pilota um helicóptero e
parece que tem um problema numa das pernas. Se alguém achar, me avisa?
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