terça-feira, 10 de abril de 2012

TELINHA QUENTE 40

Roberto Rillo Bíscaro

Não me considero daqueles coroas quadrados que acham as coisas do “seu tempo” melhores. Eram (um tanto) diferentes; só. Mas, às vezes, curto subir as ladeiras da memória e (re)ouvir/ver sensações de outrora.
Quando meninote e adolescente, amava ver TV até bem cedo na madrugada. Em Penápolis, antes da TV por assinatura e da internet, em casa pegava apenas a Globo. A Record sintonizava quando queria e era ruim. Band e SBT só via quando ia de férias à casa de meus tios em Sampa. Durante os anos 80, esses 3 últimos canais – mais a TV Cultura – gradualmente colocaram antenas de retransmissão na cidade ou adjacências.
Apreciava especialmente filmes de horror, ficção-científica e suspense. O gosto pelos “clássicos” e filmes-“cabeça” veio depois dos 15, 16 anos, embora nunca tenha abandonado as baboseiras de horripilar.
Muita madrugada vendo os filmes de Dracula, fase Christopher Lee e A incrível História do Homem que Derreteu (preciso ver de novo porque na época eu fechava os olhos quando ele ia aparecer!). Muitos desses filmes eram produções pra TV, mas sequer tinha ideia disso. Pra mim era filmes; só.   
Hoje, meu canal de TV favorito é o You Tube. Nem possuo ponto de TV por assinatura no televisor do quarto. Pra quê? Tá (quase) tudo na net na hora que quero. Esses dias, (re)vi alguns desses filmes pra TV vistos na TV preto e branco de casa (nos meus tios era colorida) no final dos anos 70, começo dos 80.
Achei uma coleção de filmes completos no You Tube, mas há que se entender inglês porque não há legendas.
Dogs (1976) tem uma trama disparatada sobre experimentos com feromônios em uma universidade interiorana, que levam os cães a se tornarem assassinos, quando em matilha. Os anos 1970 foram fartos em animais matadores, resultantes de projetos secretos do governo ou desequilíbrio ambiental. Watergate com consciência (pesada) ecológica.
Eu lembrava direitinho da última cena! Nossa, parecia que a vira no dia anterior, mas já se passaram cerca de 3 décadas que vira na TV. De quebra, descobri que Linda Gray – a Sue Ellen, de DALLAS – faz a festa da cachorrada num banheiro. 

O demônio também esteve em alta na década de Nixon e Jim Jones. No cine e na TV, ninfetas vomitavam verde, filhos do demo eram gestados/gerados; uma danação só. Devil Dog: the Hound of Hell (1978) une 2 neuroses setentistas e nos traz um cachorro que é filho do capeta! Diga-se que os cães compuseram um sub-sub-gênero dentro do sub-gênero dos animais assassinos. Pouco prático esse diabo que escolhe vir ao mundo em forma de cão e começa sua dominação global atormentando uma família de classe-média e seus vizinhos.
Cheio de clichês, como a empregada latina que primeiro percebe a maldade do filhote – afinal, ela é católica e menos “cerebral” que os anglo-saxões, não? – e com mortes baratas, o filme é boa diversão pra relembrar os tempos de adolescência oitentista. Desse, também me lembrava duma cena - com Ken Kercheval,  o Cliff Barnes, de DALLAS. Recordo-me de que quando assisti à película nos 80’s, murmurei “ah, o Cliff!” Também me lembrava perfeitamente da musiquinha infantilizada e dos efeitos sonoros. Adorei rever.



De Satan’s School for Girls, produção de 1973, não me recordo de ter visto. Decidi dar uma chance pelo elenco e produção de Aaron Spelling. A futura Pantera Kate Jackson e Loyd Bochner, o milionário Cecil Colby, de Dynasty estavam no elenco. Além de Cheryl Ladd, outra futura Pantera. Nenhuma coincidência entre elenco e Spelling, visto ele ser o produtor d’As Panteras e Dynasty. Também presente, Roy Thinnes, o David Vincent, de The Invaders. Eu tinha que ver.
Numa escola, alunas vão sendo cooptadas e eliminadas num complô satânico pra substituir um grupo de meninas mortas. Ou algo assim... Com a falta de grana pra produção, vencer o demo nunca foi tão fácil! Bastou a mocinha entrar numa sala, contrariar o representante de Satanás e a querela se resolveu. Valeu pelo elenco de queridos.


Pra fechar o ciclo, vi outro desconhecido: A Howling in the Woods (1971). Capitalizando em cima do sucesso do casal Larry Hagman e Barbara Eden, a NBC usou-os como protagonistas da história que envolve justiça com as próprias mãos, um vilarejo tentando esconder o fato e um caso extraconjugal. Na verdade, o personagem de Hagman não tem função dramática; o filme é de Eden. O bom mocismo do Major Nelson – faltavam 7 anos pra Larry encarnar o definitivo JR Ewing, em DALLAS – não permitia escalar o moço pra vilão, então, ficou como o marido- tentando-salvar-o-casamento de Barbara. Vai ver que era sintoma da década do feminismo... 


Ainda não achei Deadly Encounter (1982), assistido num Super Cine adolescente. Nesse filme, Larry Hagman pilota um helicóptero e parece que tem um problema numa das pernas. Se alguém achar, me avisa?   

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