sábado, 30 de junho de 2012

BRASIL DIVERSO

Mais de 45 milhões de brasileiros têm alguma deficiência; 9,5 milhões são idosos
Débora Melo

O levantamento investigou a incidência das deficiências por faixa etária e constatou que elas atingem com mais frequência a população de 65 anos de idade ou mais --67,7% desses idosos (cerca de 9,5 milhões de pessoas) têm alguma deficiência.
População deficiente
De acordo com o IBGE, isso se deve às limitações trazidas pelo próprio fenômeno do envelhecimento, no qual há perda gradual da acuidade visual e auditiva e da capacidade motora do indivíduo.
Já na análise por sexo, observou-se que 26,5% da população feminina (25,8 milhões) possuía alguma deficiência em 2010, contra 21,2% da população masculina (19,8 milhões).
Além disso, como a população está em processo de envelhecimento e a mortalidade masculina é superior à feminina, especialmente nas idades avançadas, há mais mulheres entre os brasileiros com 65 anos ou mais que têm ao menos uma deficiência.
Neste grupo específico, a deficiência auditiva é a única que atinge mais os homens do que as mulheres: 28,2% dos homens de 65 anos ou mais têm problemas de audição, enquanto 23,6% das mulheres nessa faixa etária têm esse tipo de deficiência.
Deficiência visual é a mais comum
A deficiência visual é a mais comum entre os brasileiros e atingiu 35,8 milhões de pessoas em 2010, seguida pela deficiência motora (13,3 milhões), auditiva (9,7 milhões) e mental ou intelectual (2,6 milhões).
As perguntas formuladas buscaram identificar as deficiências com seus graus de severidade, de acordo com a percepção do entrevistado sobre sua dificuldade em enxergar, ouvir e se locomover (mesmo com o uso de facilitadores como óculos ou lentes de contato, aparelho auditivo ou bengala) e na existência da deficiência mental ou intelectual.
Segundo o instituto, a investigação dos graus de severidade de cada deficiência permitiu conhecer a parcela da população com deficiência severa, que se constitui no principal alvo das políticas públicas voltadas para a população com deficiência.
No caso da deficiência visual, por exemplo, contatou-se que no Brasil há 506 mil cegos, 6 milhões de pessoas que têm grande dificuldade visual e outras 29 milhões que possuem "alguma dificuldade" para enxergar. Já no caso da deficiência motora, 734 mil pessoas são incapazes de se locomover, 3,6 milhões têm grande dificuldade de locomoção e 8,8 milhões têm alguma dificuldade.

TECNOLOGIA MANUAL

Engenheiros criam mãos robóticas com tato
Mão robótica
Os dedos detectam 117 texturas com mais precisão que os humanos
Engenheiros nos EUA dizem ter construído mãos robóticas capazes de diferenciar diferentes texturas.
Equipadas com sensores de toque conhecidos como BioTac - que usam algoritmos inteligentes -, estas mãos selecionam, monitoram e interpretam o que detectam com seus dedos mecânicos.
Os dedos robóticos têm o mesmo tamanho de um dedo humano e "impressões digitais" na superfície capazes de sentir texturas.
Estas impressões digitais permitem a percepção dos materiais tocados, por meio de vibrações.
O trabalho da equipe liderada por Gerald Loeb e Jeremy Fishel da Escola de Engenharia Viterbi, filiada à Universidade do Sul da Califórnia, foi divulgado na publicaçãoFrontiers of Neurorobotics.
Quando o dedo, coberto com uma "pele" flexível cheia de fluído, passa sobre uma textura, a pele vibra de diferentes maneiras. Essas vibrações são capturadas por um transmissor de som localizado dentro dos dedos de metal.
Assim, a mão robótica detecta o tipo de textura, a forma e as propriedades térmicas do objeto. E com mais precisão do que o dedo humano.
Ela pode detectar 117 materiais comuns, com uma precisão de 95%.
Os criadores dizem que a tecnologia pode ser útil na fabricação de próteses equipadas com o sentido do toque.
O projeto foi financiado pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos para desenvolver melhores mãos protéticas para amputados.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

BALÉ AQUÁTICO ALBINO

Baleias fazem balé aquático com raro filhote albino

quinta-feira, 28 de junho de 2012

MOBILIZAÇÃO PELOS PLS 683/2009 E 649/2011



Em 2009, o trabalho do blog inspirou o deputado paulista Carlos Giannazi (PSOL) a apresentar o projeto de lei 683/2009, que prevê a distribuição de óculos e protetor solar aos albinos residentes no estado. A história do PL e seu texto podem ser lidos aqui.
Em 2011, o deputado apresentou outro projeto, o 649/2011, que assegura às pessoas com albinismo o exercício de direitos básicos nas áreas de educação, saúde e trabalho no Estado
Luis Ferreirinha, assessor de Giannazi, me disse que os projetos serão votados em breve. Nesse momento, um pouco de pressão popular e divulgação da importância do projeto se fazem essenciais.
Por isso, uma audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo foi agendada para o dia 2 de agosto, às 19:00, na sala José Bonifácio.
Nela, discutiremos a necessidade da aprovação dos projetos.
Em breve, darei mais detalhes, mas é vital que compareçamos à ALESP no dia 2 de agosto para que sejamos ouvidos.
Ao adianta nada ficar apenas reclamando e na hora que temos a oportunidade não nos esforcemos em estar lá reivindicando.    

terça-feira, 26 de junho de 2012

PELE

O blog Grá Makeup abriu espaço pra falar sobre maquiagem em peles albinas. Isso é raro nesses veículos que tratam sobre dicas de beleza, por isso, o site merece os parabéns.
E pra arrasar ainda mais, o texto tem versões em inglês e espanhol e tem 2 partes, com muitas fotos!

segunda-feira, 25 de junho de 2012

A HISTÓRIA DE LILI


Vocês têm acompanhado a trajetória do livro Será o Benedito? E Outras Crônicas, de Lili Cavalcanti, escritora com albinismo.
A escritora compartilhou conosco sua história de vida e a de sua família. O resultado é um texto que ressalta a importância da educação e da leitura, além da garra dos irmãos albinos em vencer o preconceito e as dificuldades impostas pelo albinismo. 

Caros amigos

         Aceitei o convite do blog e estou enviando este relato, por acreditar que posso contribuir para mudança de postura da sociedade em relação às pessoas com albinismo e fortalecer a luta contra o preconceito e a intolerância. Podemos ser tudo o que queremos ser, basta que sejamos respeitados em nossa diferença.
Quem sou eu?  
         Sou Angely Costa Cruz, professora, bibliotecária e agora escritora. Recentemente em 13/04 lancei o livro “Será o Benedito? E outras crônicas” (Baraúna, 219p. R$ 29,90 – www.editorabarauna.com.br), na cidade de Timon – MA - Como autora, adotei o nome LILI CAVALCANTI e gentilmente este blog noticiou, pois como disse ao enviar a mensagem, considero da maior importância que pessoas com albinismo (como eu), em todos os recantos do mundo saibam o quanto somos capazes e o quanto não devemos dar ouvidos às palavras negativas. Minha história, assim como a de muitos outros albinos é uma corrida de obstáculos, onde a cada dia temos que superar mais um e seguir em frente.
A família
        Inicialmente, éramos seis irmãos, Airton, o único homem, conhecido como Alemão (exatamente pela cor da pele), além de Angelane, Ângela, Angely, Angelina e Anna Gláucia. Infelizmente, nosso amado irmão faleceu em 1991, ainda forte, jovem e inundou nosso coração de saudade. Ângela e Anna Gláucia são as irmãs de pele morena; eu (Angely, ou Lili como me chamam em família), Angelina e Angelane são as irmãs com albinismo, ou seja, a família não é somente de albinos. Meus pais, Antonia e Adelino têm tonalidades diferentes para cor da pele, não são albinos. Soube que meu avô paterno, este sim, era albino.
        Desse modo, essa constituição familiar sempre causou estranheza em nosso meio social. Quando passamos a morar na cidade de Timon, vizinhos e demais pessoas do ambiente social até desconfiavam que aqueles quatro irmãos fossem mesmo filhos daquele casal tão diferente. Mas, como para minha mãe não tem tempo ruim e sempre foi muito forte, nos aconselhou desde sempre a não dar importância aos comentários da rua. E assim, ainda que com a incompreensão dos demais, iniciamos nossa caminhada.
A escola
         O primeiro passo e o mais difícil era ir à escola, pois lá teríamos que enfrentar de perto os olhares surpresos e espantados de crianças e adultos, numa época em que não se conhecia o termo educação inclusiva. Fiz juntamente com Ângela e Angelina, o Jardim de Infância do Serviço Social do Comércio (SESC), pois nosso pai era comerciário na época e esses trabalhadores tinham direito a matricular seus filhos na escola da instituição.
Lá aprendemos realmente tudo de bom que uma escola poderia oferecer, mas o fato de ter albinismo e baixa visão (já usávamos óculos aos três anos) provocava reações de estranheza em todos. Éramos alvos fáceis de brincadeiras, gozações ou apelidos pejorativos, por parte de crianças ou adultos, da mesma forma que muitos outros albinos. Foi aquilo que hoje se chama de bullying. O constrangimento era tanto, que me tornei uma pessoa introspectiva, de poucas (ou nenhuma) palavras. Na escola só falava quando era chamada e todos se admiravam, porque minha mãe relatava que em casa meu comportamento era outro. Claro, em família me sentia protegida e falava pelos cotovelos.
E desse modo, cresci, eu mais retraída, Angelina mais comunicativa, pois sabia se defender melhor de reações preconceituosas. Assim seguimos, apesar de toda incompreensão a nossa volta. Por causa do albinismo e da baixa visão, tivemos durante toda a vida escolar grandes dificuldades com a aprendizagem; não contávamos com nenhuma ajuda, somente com a insensibilidade coletiva, se não perdíamos o ano, a recuperação era certa. Ir à escola se tornou uma tormenta, um sofrimento, o desconforto era imenso e por algum tempo passei a não mais falar sobre minhas dificuldades aos professores e tentei parecer igual aos outros, prejudicando a mim mesma; na minha cabeça, assim evitaria reações adversas a minha pessoa. É aquela nuvem de baixa estima, que em muitos momentos insiste em nos acompanhar, enfim. O sistema escolar era rígido e não havia espaço para compreensão das diferenças. Só mais tarde entendi que não era eu que teria que me adaptar ao mundo. É o mundo que precisa aceitar e conviver com as diferenças.
Para além da escola
         O tempo foi passando, e se a escola não era acolhedora procurei descobrir sozinha mais informação sobre o que ouvia nas aulas, queria me aprofundar em assuntos de que gostava; livros e gibis passaram a ser minha companhia constante, encontrei na leitura o refúgio e a resposta para uma porção de dúvidas, em meio à resistente intolerância alheia. Quando chegávamos da aula, aprendemos a ajudar nossa mãe em casa com as tarefas domésticas, assim como nossa avó materna Gláucia, que morava ao lado. Depois era hora do dever de casa, que no início mamãe ensinava, mas com o tempo aprendemos a fazer sozinhos. À tarde, ao recolher os cadernos do colégio, corria para ler outros livros e gibis, que sempre circulavam na casa de minha avó. Assim, com dificuldades ou limitações eu e meus irmãos encerramos o hoje chamado Ensino Fundamental. Airton teve maiores dificuldades e só terminou mais tarde. E quase ao final da década de oitenta, fizemos o Magistério, curso equivalente ao Ensino Médio na época, no tradicional Instituto de Educação Antonino Freire.
        Esse fato também provocou o comentário geral da vizinhança, pois não entendiam como tal façanha seria possível. Afinal, o comum nesta região era viver sob o guarda-chuva dos políticos, mas seguimos em frente sem dar ouvidos a ninguém e nos formamos professoras. Duas irmãs logo entraram para o serviço público e paralelo a isso, ficamos a tentar por diversas vezes passar na peneira do temido vestibular; nessa época também passei a dar aulas de reforço em casa. A universidade só aconteceu em 1992, mas não conclui o curso, pois além da limitação visual, o trabalho, o transporte e os problemas com o sol me desmotivaram bastante. E o curso superior só veio mesmo em 2003, quando entrei para Biblioteconomia, me formando em 2007.
O Colégio “Gláucia Costa”
         Mas, o grande divisor de águas em nossa vida, foi realmente a fundação do colégio Gláucia Costa, em 1990, por nossa família na cidade de Timon – MA e no mesmo local onde sempre vivemos e sofremos com a intolerância alheia. Costumava-se dizer, aliás, que ali não haveria futuro para ninguém, mas trabalhamos com dedicação e provamos o contrário. Hoje, nossa Escola tem 22 anos e se tornou uma referência de educação na cidade.
        A escola nasceu a partir de um sonho projetado por nossa mãe: as quatro filhas professoras teriam sua própria escola. O que para alguns era impossível. Mas, o tempo provou sua sabedoria e mesmo sob algum olhar preconceituoso, o sonho virou realidade. Na prática, a escola surgiu de nossa preocupação com a baixa qualidade de ensino que se verificava na cidade e da nossa aposta em preencher essa lacuna na sociedade timonense. E para transformar esta certeza em realidade, caímos no trabalho duro, braçal e intelectual para por de pé toda a estrutura física e de fundamentação pedagógica da escola. Foram anos de esforço intenso.
        O nome da Escola é uma homenagem a nossa avó materna, Gláucia, que por muito tempo morou no mesmo local. Com a fundação do colégio, e sua progressiva ascensão diante dos bons resultados educacionais, finalmente viramos o jogo e todas aquelas pessoas que um dia nos olharam digamos, “atravessado”, passaram a nos admirar, respeitar, confiar no nosso trabalho e melhor, se tornaram parceiros da comunidade escolar, de modo que a Escola mudou não somente o olhar sobre a educação, mas principalmente a postura da sociedade local em relação à nossa diferença.
        O colégio “Gláucia Costa” é, portanto, uma página feliz em nossa história e continua a prosperar junto a comunidade; colhendo bons e surpreendentes resultados que mudaram a realidade educacional da cidade. Além disso, modificamos o mercado de trabalho local, oferecendo anualmente diversas vagas para professores e demais trabalhadores do setor educacional, ou seja, contribuímos fortemente para o progresso e desenvolvimento da região. E o melhor de tudo, é uma escola que põe em prática o respeito às diferenças. Para conhecer um pouco mais da Escola e de nossas ideias, acesse o site www.colegioglauciacosta.com.br
Vivendo e aprendendo a jogar
         Assim, nossa adolescência e fase adulta sempre foram focadas no trabalho. Airton, nosso irmão colaborou imensamente com a realização deste sonho, mas nos deixou cedo. O “Alemão”, como era conhecido teve uma vida ativa, com enorme poder de comunicação e dedicação aos projetos que abraçou; seu exemplo de trabalho e preocupação com a cidade nos orgulha e é um farol que ilumina nossa vida.
        Angelane (com albinismo), casou , teve três filhos e conquistou a pós-graduação (os filhos não tem albinismo). Ângela, uma das irmãs morenas é pós-graduada e diretora da Escola que fundamos, também casou e tem dois filhos. Anna Gláucia, a outra irmã morena é Enfermeira, com pós-graduação na área, tem uma filha de seis anos e mora conosco, na casa de nossos pais. Angelina (com albinismo) é hoje Mestre na área de Informática, pela Universidade Estadual do Ceará (UECE).
        Eu (Angely) me tornei Bibliotecária por vocação e paixão pelos livros, tenho uma pós-graduação e há pouco me lancei como autora, pela Editora Baraúna, com o livro “Será o Benedito? E outras crônicas”. Escrevo para jornal desde 2002 e todos que passaram a ler as crônicas, começaram a me cobrar a publicação de um livro. Estou felicíssima com o resultado, pois a edição do livro é de excelente qualidade e vem obtendo ótima repercussão entre os leitores.
Desse modo, a leitura e a escrita sempre foram marcantes em minha vida e nem mesmo a baixa visão me impediu de crescer intelectualmente. É verdade que leio mais devagar, tenho problemas com claridade e tenho que estar sempre no oftalmologista, mas o prazer de ler é maior que isso. Outro cuidado permanente é com o sol, principalmente aqui no meio norte do Brasil, aonde a temperatura chega aos 40 graus. Então, é protetor solar sempre, roupas de mangas compridas, casacos, sombrinha, chapéu e óculos escuros. Mas, como todo cuidado é pouco o câncer de pele já me atingiu por várias vezes. Por isso, para nós, pessoas com albinismo nada como uma boa noite de luar.
        Embora hoje, a sociedade esteja mais bem preparada para conviver com as diferenças e o termo educação inclusiva, ter virado verbete da moda, ainda vemos demonstrações claras de intolerância em todos os lugares. É impressionante como muitos não se educam para respeitar as diferenças, mesmo na universidade, local onde a postura deveria ser outra. Mas, enfim, nem tudo é como se quer e todos os dias temos que vencer uma batalha. O certo é que as pessoas com albinismo (como eu e minhas irmãs) precisam mostrar seu valor cada vez mais, sem dar ouvidos a comentários maldosos, ou permitir que a baixa estima nos afete. O importante é saber que as conquistas virão, apesar de tudo.
        De minha parte, agradeço todos os dias a Deus e a força de minha família. Choro de angústia sempre que leio neste blog sobre a tragédia que afeta as pessoas com albinismo na África. Em meu livro inclusive, há uma crônica sobre isso. Encerro aqui informando também que o lançamento que fiz no Salão do Livro do Piauí (SALIPI), em Teresina, entre os dias 13 e 17 de junho passado foi um sucesso, me surpreendeu mesmo.
Assim, precisamos superar os obstáculos a cada dia e seguir adiante, com fé, esperança e atitude positiva, porque assim estaremos prontos a enfrentar os desafios a nossa volta. Felicidades a todos.
Angely Costa / Lili Cavalcanti

domingo, 24 de junho de 2012

ALBINOS DO BRASIL E DO MUNDO


Entenda mais sobre esta modificação genética comum entre homens e mulheres

O albinismo é cercado de mitos e informações equivocadas sobre quais são as razões pelo nascimento de albinos. Independente de herança genética, trata-se de uma genodermatose autossômica recessiva, que ocorre em homens e mulheres, independente da descendência de pais brancos, negros, pardos ou amarelos.
Segundo Paulo Cunha, dermatologista, professor universitário e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia - SBD, há diferentes tipos de albinismo. O defeito genético fundamental é a alteração na síntese da melanina e caracteriza-se pela cor branca da pele e cabelo branco amarelado.  Existem mais de dez diferentes tipos de albinismo cutâneo ocular.
Os albinos são extremamente sensíveis à exposição solar pela falta de melanina e o excesso de sol pode causar diversas lesões na pele, como elastose, telangiectasia, queratoses e tumores kalignos, em especial em jovens. Quanto à alteração ocular, apresentam íris translúcida, nistagmo - que se trata de oscilações repetidas e involuntárias em um ou ambos os olhos, diminuição da acuidade visual, fotofobia e fundo de olho hipopigmentado. O acompanhamento médico com o oftalmologista deve ser regular para que não haja futuras complicações.
Paulo Cunha destaca o Maranhão como a cidade mais populosa por crianças, homens e mulheres albinas. "A maior incidência ocorre na Ilha dos Lençóis, em Maranhão, que abriga a comunidade de albinos chamados de "Filhos da Lua". A comunidade chegou a ser uma das maiores do mundo, mas hoje o albinismo ocorre em cerca de 3% da população da ilha. Estudos genéticos desse grupo já foram realizados há mais de 30 anos. Em 2009 eu apresentei à diretoria da SBD um projeto para implementar um programa de assistência dermatológica na Ilha. Em 2011 voltei com o professor Vidal Haddad para avaliar as condições de vida dos moradores e acredito que a comunidade dermatológica deve prestar assistência aos albinos da região", avalia.
No mundo, a maior incidência de albinismo ocorre em índios Cuna, na ilha de San Blas, no Panamá. Em cada mil indivíduos, 6,3 são albinos. Tanto no Panamá e Brasil, como em todos os demais países, o albinismo requer cuidados específicos dermatológicos e acompanhamento médico regular.
"Há a necessidade de se fazer um trabalho sócio-assistencial na Ilha dos Lençóis - Maranhão, pois é triste ver crianças e adultos albinos desamparados, portando bolhas e agressões solares, por exemplo", conclui o especialista.
Fotogênicos
O fotógrafo Gustavo Lacerda ficou em primeiro lugar na 10ª edição do Prêmio FCW de Arte ?Fotografia, da Fundação Conrado Wessel, em abril, pelo trabalho intitulado "Albinos", que se trata de uma série de fotos de crianças, adolescentes, homens e mulheres albinas. Ganhar o prêmio pelo melhor trabalho do ano segundo a comissão de fotógrafos que compõe o julgamento dos vencedores é uma honra para Gustavo Lacerda e os ilustres modelos de pele alva e cabelos brancos ou quase amarelos. (veja mais fotos em sua galeria:www.gustavolacerda.com.br)

SUCESSO LITERÁRIO ALBINO



Em abril, noticiei o lançamento do livro Será o Benedito? E outras crônicas, de Lili Cavalcanti, escritora maranhense com albinismo. A obra pode ser adquirida online.
A ótima repercussão do livro foi comprovada com a participação de Lili no Salão do Livro do Piauí – SALIPI - em Teresina, ocorrido entre 10 a 17/06. Durante o evento, a cronista fez o segundo lançamento e pôde encontrar e conversar com diversos leitores, muitos até que a acompanhavam pelo jornal. O lançamento surpreendeu as expectativas de Lili; foi movimentadíssimo, também um sucesso!
Algumas fotos:

sábado, 23 de junho de 2012

ALBINO INCOERENTE EM OFICINA DE ACESSIBILIDADE

Na chuvosa quinta-feira, participei duma excelente oficina de acessibilidade, ministrada por Renata Andrade. Parte dum programa do Sistema Estadual de Bibliotecas, o tema específico foi acessibilidade em bibliotecas, mas, questões como preconceito, deficiência, inclusão e acessibilidade de modo geral também foram contempladas.
Na parte da manhã, Renata abordou questões conceituais como deficiência, preconceito, igualdade. A partir duma dinâmica, discutimos nossas noções sobre cada um dos temas, sempre com muitos exemplos e também adotando a terminologia moderna de colocar a pessoa à frente da deficiência.
À tarde, depois de abordar as diversas facetas da acessibilidade e falar sobre o desenho universal, Renata dividiu a turma em 2 grupos, cada um se responsabilizando por avaliar a acessibilidade em um prédio público. Muito interessante.
Como tinha que viajar a Biriguí pras aulas noturnas, não pude permanecer até o fim da oficina, mas, quando saí, Renata falava sobre tecnologia assistiva, com muitos exemplos de hardware e software, dos quais jamais ouvira falar.
Divertida, animada e muito bem informada, Renata Andrade consegue manter interesse e torna um tema que poderia ser espinhoso em uma jornada agradável e sem melodrama. Adorei.
Algumas fotos, roubadas do blog da Biblioteca Pública de Penápolis, porque o esperto aqui esqueceu a câmera em casa. 
      

sexta-feira, 22 de junho de 2012

ALBINOS HOJE EM DIA

Albinos: a cor da ternura em ensaio fotográfico


Eles quase não têm melanina – proteína que dá cor à pele – e, por conta disso, são os personagens reais escolhidos pelo fotógrafo mineiro Gustavo Lacerda para fazer o ensaio de fotos autorais “Albinos”. O trabalho é resultado de quatro anos de pesquisas estéticas, contatos, paciência e respeito que ainda perduram.

Na próxima segunda (25), o artista recebe o Prêmio Fundação Conrado Wessel de Arte, no qual faturou o primeiro lugar após concorrer com 455 ensaios fotográficos de todo o país. Antes da série ser concluída, partes dela têm sido mostradas em alguns eventos pelo Brasil e pelo mundo. O resultado emociona quem não consegue despregar os olhos da beleza que há no que é diferente. Neste ano, a primeira parte do projeto deve ser finalizada com uma sequência de imagens que o fotógrafo fará no Maranhão. O livro com a totalidade das fotos também entrará em produção e deve ser publicado no final de 2013.

Radicado em São Paulo há 12 anos, Gustavo Lacerda falou ao Hoje em Dia sobre sua obra. O fotógrafo, que começou sua carreira na versão impressa deste jornal como repórter fotográfico, foi para a capital paulista para trabalhar com publicidade. O encontro com os albinos se deu de forma gradual, a partir de 2009. "Passei a ficar mais atento nestas pessoas, que passam sempre depressa pelas ruas, meio tímidas". Os primeiros contatos que fez foram por meio de redes sociais.

"Acho bonito o descolorido. São pessoas que têm uma postura delicada. Além da pele, é pelo silêncio que eles também chamam atenção", avalia. Mas não espere ver albinos famosos no trabalho de Lacerda como no caso dos músicos Hermeto Pascoal e Sivuca ou do ex-jogador de futebol Ademir da Guia. "O trabalho é pelo lado dos anônimos", indica. Mesmo assim, os modelos tiveram tratamento de artista, com figurino especial e cabeleireira, porém, a participação deles foi voluntária.

Na primeira sessão, o fotógrafo ainda pesquisava o caminho estético que queria percorrer. A escolha pelos tons pastéis do cenário imitam papel de parede. Já a opção pelos figurinos com modelos "retrô" veio com o tempo. Para encontrar as roupas, Lacerda perambulou por brechós. "Queria passar uma imagem tipo de foto de família".

Além disso, foi necessário que o fotógrafo criasse uma luz "mais difusa, suave", para que os tons da pele fossem mantidos e o brilho não ofuscasse a visão dos albinos. "A maioria deles têm problemas de visão, por isso, a luz muito forte incomoda". Assim, Lacerda criou um sistema com flashs que rebatiam em uma superfície. A luz, já amenizada é que chegava até os fotografados.

Não deve ser fácil estar fora dos chamados "padrões convencionais". Obesos, magrelos, gays e demais minorias que o digam - mesmo que a partir destas minorias que a maioria seja feita. "O objetivo foi capitar o orgulho destes albinos por estarem ali. Mas vi muito o sentimento de timidez. Quando eu dava o figurino para vestirem, eu mexia com a auto-estima deles", entende Lacerda.

O fotógrafo diz que não se absteve de captar estas reações e que elas são perfeitamente compreensíveis. "Qualquer pessoa que está fora do que se convenciona como padrão é zoada. Certamente, eles sofreram muito na infância por serem albinos. As crianças que fotografei são um pouco retraídas. Procurei não dirigir muito as imagens. Eu quis capitar isso. Percebi que a mão é um ponto de tensão comum em todos, às vezes o estrabismo".

Com a ideia correndo mundo, assim como os belos resultados delas, Lacerda diz que muitos albinos entraram em contato com ele, por meio do seu site (www.gustavolacerda.com.br), querendo ser fotografados também. "Recebo e-mails do mundo inteiro. Estou à disposição".

Mesmo bancando sua ideia, Lacerda diz que o trabalho já começa gerar alguns recursos, por meio dos prêmios que recebe. Em 2010, o fotógrafo recebeu o Prêmio Brasil Fotografia (antigo "Prêmio Porto Seguro Fotografia"), e desde então, está conseguindo viajar para realizar o projeto juntamente com sua equipe. "Encontramos pessoas muito humildes e muito esclarecidas que aderiram".

Uma das mais emocionantes e raras histórias encontradas pelo fotógrafo é das gêmeas univitelinas albinas Helena e Mariana, 2 anos. "Ter um filho albino é uma surpresa total. Gêmeas albinas, então, é mais surpresa ainda. Logo quando nasceram, a mãe delas numa tentativa de entender o que as filhas tinham, chegou até meu trabalho".

As meninas foram convidadas para fazer parte do ensaio, mas a mãe delas não se sentia muito confortável para expor as crianças. Um ano e meio depois pontuado por conversas e entendimentos, a mãe resolveu aderir à proposta. Hoje, as imagens delicadíssimas das irmãs também arrancam suspiros emocionados onde chegam. "Combinamos que eu fotografaria as irmãs ao longo da vida. Temos a possibilidade de vislumbrar a beleza em qualquer ser humano", ensina.
 
Família italiana é retratada em ensaio

A imagem típica dos albinos, que a maioria das pessoas têm na mente é: cabelo claro e crespo, olhos que variam do verde ao azul e a pele alva, muitas vezes, combinada com traços típicos dos negros. Porém, isso têm exceções. Exemplo disso vem da italianíssima família Cavalli, cujos três irmãos albinos foram registrados pela lente de Gustavo Lacerda.

A engenheira elétrica e estudante de educação física Andreza Cavalli, 32 anos, diz que gostou da proposta por não haver maquiagem. "Gustavo queria o que realmente é. Soube valorizar a vestimenta e o nosso tom de pele. Ficou muito perto da realidade". Andreza conta que a mãe e o pai dela vieram de famílias com muitos filhos, mas que só a família dela foi "premiada" com descendentes albinos.

Andreza diz que ela tem o raro albinismo do "tipo 1", que não têm melanina alguma na pele. Segundo a engenheira, que mantém o perfil no Facebook "Albinos do meu Brasil e do mundo", nas pessoas com pele branca, a incidência de albinos é de um para cada grupo de 17 mil pessoas. Entre as pessoas de pele negra, a incidência dos "branquinhos" é maior: de um para cada grupo de 4 mil.
 
Na família com quatro filhos, Andreza é a segunda a manifestar a característica. "Minha mãe conta que quando meu irmão, o André, nasceu foi a maior festa. Saíram desfilando com ele pelo hospital. Depois, quando eu nasci, não era mais novidade. Na terceira gravidez, quando o Marcos nasceu, minha mãe perguntou para o médico: 'será albino de novo, doutor'?". O médico, diante da preocupação da mãe, disse que o importante era que o bebê viesse com saúde.

A engenheira diz que em um dia ameno passa protetor solar fator de número 30, mas que em dias quentes chega a usar fatores que podem chegar a 60. "A função da melanina é proteger a pele contra a radiação solar. É como se a pele quando exposta ao sol dissese para as células: 'Joga melanina, lança seus escudos!'", explica bem humorada. A albina diz que cinco minutos de exposição ao sol já são suficientes para queimar a sua pele chegando a "fazer bolhas".
 
Além do sol, os albinos têm algumas limitações com a visão listadas no capítulo "dor e delícia" na vida destas pessoas. "Até para paquerar na rua dificulta", continua a extrovertida Andreza. Ela diz ainda que se for ao cinema e usar óculos para ver imagens em 3D, não consegue perceber o efeito. "Temos que nos adaptar aos ambientes. É como no caso dos canhotos. O mundo foi feito para os canhotos? Eles também têm de se adaptar".
 
Andreza admite que por ser albina, precisou se esforçar um "pouquinho mais" para conseguir realizar seus objetivos. "Se eu não fosse albina, não teria as mesmas ambições". Entre as "delícias" de ostentar sua peculiar característica física ela lista a cor dos seus cabelos, que ela gosta muito. "Além disso, posso mostrar a outros albinos que podemos levar uma vida normal. Temos que nos preocupar com o próximo. É um sentido altruísta. Não temos que ficar só em casa, protegidos em uma bolha".

Além do cobiçado prêmio "Conrado Wessel", as fotos dos albinos ja foram expostas no MASP, em 2010, sendo que três das imagens foram adquiridas pela Coleção Pirelli MASP para o acervo permanente do museu. "Nesta exposição, os albinos foram em peso. Com todo mundo elogiando, alguns fotografados passaram a se achar bonitos. Fiz este ensaio com uma intenção humanista", admite Lacerda.

No início de 2012, algumas fotografias do ensaio também foram expostas no Palais des Beaux Arts, em Bruxelas, durante a Europalia, Bienal Internacional de Arte e Cultura que acontece na Bélgica. E a trajetória dos albinos não para por aí. Recentemente Gustavo Lacerda foi convidado expor este trabalho em Paris.
Associação das Pessoas com Albinismo na Bahia: www.apalba.org.br

http://www.hojeemdia.com.br/pop-hd/albinos-a-cor-da-ternura-em-ensaio-fotogr%C3%A1fico-1.2634

quinta-feira, 21 de junho de 2012

DEFICIÊNCIA E SUSTENTABILIDADE

Desenvolvimento sustentável e nós


Izabel de Loureiro Maior
Ao falar sobre desenvolvimento sustentável, não consigo separar o componente humano do ambiental. O planeta poderia viver intocável sem os humanos? Não poderia! Sem nós o planeta estaria incompleto, pois somos parte do ambiente da Terra. Entretanto, há um aspecto que complica a equação da sobrevivência ambiental: o desenvolvimento irresponsável, desumano, desigual, injusto e predatório. São as corporações transnacionais que exigem o crescimento econômico desenfreado sem o desenvolvimento humano, resultante da inclusão social e a preservação ambiental. Surge uma pergunta inquietante: será que cada pessoa entende seu papel individual e importante no desenvolvimento sustentável? Podemos responder preocupados – não parece que saibam. A partir dessa dúvida, vamos nos ater ao segmento das pessoas com deficiência.
O mundo tem sete bilhões de moradores e poucos realmente conhecem o risco da associação ao incorreto conceito que o habitat é infinito. A grande parte ainda pensa que não é problema urgente conviver com o nosso hospedeiro, sem vivermos como parasitas sem juízo.
Uma parcela de 15% das pessoas que reside na Terra apresenta alguma limitação funcional, mas isso não precisa reduzir sua participação na vida do planeta. De acordo com as estatísticas de cerca de 80 países, um bilhão é o quantitativo de pessoas com deficiência (OMS/ONU, 2011). A maioria sobrevive na pobreza, com dupla vulnerabilidade, refém de discriminação, exclusão e da falta de oportunidades. São humanos empurrados para fora do desenvolvimento sustentável. As pesquisas específicas sobre sustentabilidade nada esclarecem sobre as condições de vida e as demandas das pessoas com deficiência. Por sua vez, os pensadores sobre inclusão social desse segmento pouquíssimas vezes estabelecem a relação entre as pessoas com deficiência e o desenvolvimento sustentável dos humanos e das formas diversas da natureza.
A Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, deveria observar o que o preâmbulo da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, de 2006, diz: “g) Ressaltando a importância de trazer questões relativas à deficiência ao centro das preocupações da sociedade como parte integrante das estratégias relevantes de desenvolvimento sustentável.”
Os países provavelmente discutiram de forma insuficiente a inclusão das pessoas com deficiência para o alcance do desenvolvimento sustentável. Mesmo ao considerar inclusão social como pilar da sustentabilidade, os documentos não mencionaram ou apenas enumeraram pessoas com deficiência, mas sem compromisso.  A promoção social, a educação e a saúde para essas pessoas não foi tratada. O trabalho, a capacidade de pesquisa e de proposição de novas tecnologias sustentáveis por parte das pessoas com deficiência ficou de fora da agenda da conferência. Nem beneficiários e tampouco agentes para o desenvolvimento inclusivo – um bilhão de pessoas não farão parte das metas que vierem a ser definidas pela Rio+20. Até quando esse contingente populacional permanecerá segregado do futuro que nós queremos para todas as pessoas? Ainda nos resta acreditar que o documento final da Rio+20 trará a responsabilidade e a iniciativa de cada país quanto às pessoas com deficiência.

Profa. da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro e consultora de políticas públicas, inclusão social e acessibilidade.
Fonte: Inclusive – Inclusão e Cidadania

terça-feira, 19 de junho de 2012

MAURÍCIO DE SOUZA INCLUSIVO

O desenhista Maurício de Sousa fala sobre a criação de personagens com deficiências



Confira entrevista com o jornalista e cartunista que, além da Turma da Mônica, também criou personagens para homenagear pessoas com deficiência e mostrar por meio das histórias, um pouco do universo desse público, contribuindo para a educação e inclusão.
Mauricio de Sousa está ao lado de um desenho do personagem Bidu
Daniel Limas, da Reportagem do Vida Mais Livre

Maurício de Sousa é criador de histórias e de personagens que divertem, educam e inspiram a imaginação de adultos e crianças há mais de 50 anos. Em 1959, enquanto era repórter policial no Jornal Folha da Manhã (atual Folha de S.Paulo), criou seu primeiro personagem, o cãozinho Bidu. A partir de uma série de tiras em quadrinhos com Bidu e Franjinha (o dono do cachorro) publicadas semanalmente na Folha da Manhã, Mauricio de Sousa iniciou sua carreira.
Nos anos seguintes, Mauricio criou mais tiras, outros tablóides e diversos personagens — Cebolinha,PitecoChico BentoPenadinhoHorácio,RaposãoAstronauta etc. Até que, em 1970, lançou a revista da Mônica, com tiragem de 200 mil exemplares, pela Editora Abril. Hoje, entre quadrinhos e tiras de jornais, suas criações chegam a cerca de 30 países. Entre as revistas de histórias em quadrinhos mais vendidas do país, dez são de Mauricio de Sousa – atualmente, suas revistas respondem por 86% das vendas do mercado brasileiro.
O que poucos sabem é que além da Mônica, Cebolinha,MagaliCascão, Bidu e companhia, este jornalista e cartunista também criou alguns personagens para homenagear pessoas com deficiência e mostrar por meio das histórias, um pouco do universo desse público, contribuindo para a educação e inclusão. Luca, um garoto cadeirante, e Dorinha, uma menina comdeficiência visual, inspirada na Dorina NowillSite externo., são os dois exemplos mais marcantes.
A primeira vez que Luca apareceu nos gibis foi em 20 de dezembro de 2004, na edição do Gibi da Mônica nº 222. O personagem ama os esportes, principalmente de basquete, e foi apelidado carinhosamente pelos novos amiguinhos de “Da Roda” e “Paralaminha”, por ser muito fã do cantor Herbert Vianna e da banda Paralamas do Sucesso. Já a Dorinha, foi a pioneira, e chegou às bancas no final de novembro deste mesmo ano.
Para conhecer um pouco melhor sobre seu trabalho, entrevistamos Mauricio de Sousa. Confira!
Vida Mais Livre: Quando e por que surgiu o interesse por personagens com algum tipo de deficiência?
Maurício de Sousa: A Turma da Mônica é um grupo de personagens que vivem e agem como crianças normais, como nossos filhos ou conhecidos. Todos nós temos amigos com algum tipo de deficiência e convivemos harmônica e dinamicamente. Aprendemos as regras da inclusão aí.
Consequentemente, não poderíamos deixar de apresentar, no universo dos nossos personagens, amiguinhos da turma que também tivessem algum tipo de deficiência. Até acho que demorei muito para perceber esse vazio nas nossas histórias.
Vida Mais Livre: Você se recorda de uma situação em que teve a ideia de criar o primeiro desses personagens?
Maurício de Sousa: Acho que foi quando criamos uma história onde um novo amiguinho da turma surgia de muletas. Ele participou de uma ou duas histórias, mas depois sumiu. Ficou a necessidade de mantermos esse tipo de convívio. E, posteriormente, fui buscar um cadeirante para preencher o espaço.
ImagemVida Mais Livre: Conte um pouco sobre o processo de criação da personagem Dorinha.
Maurício de Sousa: Quando pensei em criar uma menina cega, busquei uma referência. E me veio a figura de Dorina Nowill, da Fundação do mesmo nome. Dorina, líder, de inteligência brilhante, sem preconceitos (para com os videntes), elegante, preocupada com a causa de mostrar caminhos aos cegos. Tirei daí tudo da Dorinha.
Vida Mais Livre: Há uma frequência para ela entrar nas histórias?
Maurício de Sousa: Não. As histórias fluem. E quando um tema permite, ela entra.
Vida Mais Livre: Qual foi a repercussão entre as crianças?
Maurício de Sousa: Das melhores. Principalmente, quando a Dorinha, como personagem vivo, no antigo Parque da Mônica, aparecia. Daí era um auê. Todas as crianças se aproximavam dela para perguntar sobre seus hábitos, como fazia isso, como resolvia aquilo. E nossa artista que dava vida à Dorinha estava sempre muito bem preparada para falar como uma deficiente bem resolvida.
Vida Mais Livre: Você também criou o Luca, que é cadeirante. Como ele foi criado? Foi inspirado em alguém, assim como a Dorinha?
Maurício de Sousa: Para criar o Luca, conversei com os atletas paraolímpicos O que foi, para mim, uma descoberta e uma alegria. Eles são muito bem resolvidos, também. Entusiasmados, alegres, espertos, inteligentes. Com o moral lá em cima. Foi fácil transpor esse clima para o personagem, que continua acontecendo muito fortemente nas nossas histórias. A ponto de a Mônica, nos quadrinhos, estar meio de asinha caída para o Luca.
Vida Mais Livre: E novamente, qual a reação das crianças?
Maurício de Sousa: Mais uma vez, a curiosidade da criançada, mais sua ousadia, fizeram do Luca um repositório de informações sobre o que é e como é fazer tudo a bordo de uma cadeira de rodas.
Vida Mais Livre: Além da Dorinha e do Luca, há também o André, com autismo, e uma com Síndrome de Down, correto? Conte um pouco mais sobre estes personagens?
Maurício de Sousa: O André nasceu de um estudo que fizemos para uma campanha. Saiu uma revistinha muito gostosa, que serviu e serve para muita gente entender um pouco melhor o autismo e suas diversas manifestações. Já, a menina com down, é mais recente e ainda não suficientemente utilizada nas histórias e pouco conhecida, está ainda em fase de estudos. Devido à variação de graduações que o down apresenta. Ainda estou buscando em que nivel está a menina.
Vida Mais Livre: Além dos gibis, esses personagens com deficiência farão parte de DVDs, vídeos educativos, de algum projeto especial, etc.?
Maurício de Sousa: Todo o material educacional que produzimos e que estamos planejando terá a participação desses personagens. Sempre com mostras de como vivem numa comunidade onde se instalou a inclusão.


ImagemVida Mais Livre: Há casos de pessoas com deficiência em sua família ou amigos próximos?
Maurício de Sousa
: Sempre há em todas as famílias. Desde criança, até os idosos, no final de suas energias. Todos tivemos contato com deficientes. Faltava é a conscientização que agora se percebe.
Vida Mais Livre: E na sua empresa, há muitos empregados com deficiência? Como vocês lidam com a inclusão?
Maurício de Sousa: Há alguns, sim. Numa convivência onde a gente até se esquece que um ou outro tem alguma limitação. Porque, como sempre, eles rompem os limites. E nos integramos. 
http://vidamaislivre.com.br/especiais/materia.php?id=5328&/o_desenhista_mauricio_de_sousa_fala_sobre_a_criacao_de_personagens_com_deficiencias

segunda-feira, 18 de junho de 2012

TANOREXIA

Médicos alertam para vício em bronzeamento

Foto: Getty Images
Exposição ao bronzeamento estimula produção de substância ligada a sensação de bem-estar
Aos 13 anos, a americana Cynthia Bailey não perdia uma oportunidade de se bronzear. Pelo menos uma vez por semana, assim que o inverno terminava, vestia um biquíni e ia para o sol, mesmo que o clima no norte da Califórnia, onde morava, ainda estivesse um tanto frio.
Com olhos e cabelos claros, Cynthia passava grande parte do ano com a pele vermelha e descascando. Ela tinha cerca de 15 anos quando um pequeno nódulo em sua perna chamou a atenção de um médico.
A mancha marrom-avermelhada foi logo identificada como um melanoma, tipo agressivo de câncer de pele que pode levar à morte caso não seja tratado a tempo. O médico chegou a recomendar a amputação de parte de sua perna para evitar que a doença se espalhasse.
"Eu estava provavelmente viciada em bronzeamento", lembra Cynthia, que hoje é dermatologista e dirige uma clínica na cidade de Sebastopol, na Califórnia.
Novos exames, no entanto, mostraram que a mancha era inofensiva e afastaram o diagnóstico de câncer. Apesar do susto, Cynthia voltou a tomar sol, em sessões cada vez mais intensas. Ela conta que só conseguiu deixar de se bronzear em excesso após se deparar com diversos pacientes com câncer de pele na Faculdade de Medicina.
Assim como Cynthia, homens e mulheres de várias idades se expõem em excesso e sem proteção a raios de sol e câmaras de bronzeamento artificial, embora estes hábitos sejam, segundo especialistas, os principais causadores do câncer de pele, doença que atinge anualmente cerca de 2 milhões de pessoas só nos Estados Unidos.
Para alguns médicos, há algo além da simples vaidade por trás desse hábito. Segundo pesquisas, o bronzeamento pode viciar, assim como substâncias como álcool, tabaco e outras drogas.
O vício em bronzeamento é chamado muitas vezes de tanorexia, termo usado cada vez com mais frequência pela imprensa quando o assunto é bronzeamento excessivo - como no caso da americana acusada de ter causado uma queimadura na filha de cinco anos depois de levar a criança para fazer bronzeamento artificial.

Vício

Cynthia Bayley (Foto: Divulgação)
A dermatologista Cynthia Bayley diz ter sido viciada em bronzeamento, apesar de risco de câncer
"O vício em bronzeamento é provavelmente muito parecido com o vício em drogas e outras substâncias", disse o dermatologista Steven R. Feldman, professor do Wake Forest University Baptist Medical Center, em entrevista à BBC Brasil.
Segundo ele, os sinais de que uma pessoa pode estar ficando viciada em bronzeamento são similares aos que ocorrem com outras substâncias, como a necessidade de "doses maiores", perda de controle, sintomas de abstinência e a utilização de muito tempo e recursos para a manutenção do vício.
A semelhança entre o vício em bronzeamento e o vício em drogas também foi apontada em outras pesquisas.
Utilizando um questionário padrão para detectar dependências, a dermatologista Robin Hornung, da The Everett Clinic, no Estado americano de Washington, observou comportamentos similares em pessoas viciadas em bronzeamento e dependentes de álcool, tabaco e outras drogas.
"Em nosso estudo e em outros nós também observamos que estes comportamentos dependentes muitas vezes 'caminham juntos' em indivíduos, no que descrevemos como tipo de personalidade dependente", disse Hornung à BBC Brasil.
Para Hornung, campanhas de saúde pública deveriam alertar para o fato de que bronzeamento, além de aumentar os risco de câncer de pele, também pode viciar.
"Abordagens de saúde pública são sempre uma boa ideia contra epidemias, como a de câncer de pele. Talvez seja interessante que sejam iniciadas campanhas que discutam não apenas os perigos do excesso da radiação UV, mas também o potencial de dependência."
Assim como acontece com o cigarro, os dermatologistas consultados pela BBC Brasil concordam que não existem níveis saudáveis de bronzeamento, já que os riscos de se desenvolver doenças como o câncer são aumentados pela exposição aos raios UV.
"Bronzeamento é induzido por danos no DNA da pele, então não é possível dizer que seja saudável. É possível ser saudável e ativo e obter a vitamina D do sol, mas não é preciso ficar bronzeado para conseguir estes benefícios", diz Hornung.

Endorfinas

Modismos e o conceito de que a pele queimada pode ser mais atraente ou saudável explicam em grande parte por que milhões de homens e mulheres lotam praias e parques no verão e clínicas de bronzeamento artificial durante todo o ano.
Mas dermatologistas sempre ficaram intrigados com pessoas que continuavam a se bronzear com frequência mesmo se deparando com a possibilidade de terem uma doença grave como câncer ou após ficarem com aparência da pele comprometida pelo excesso de raios de sol.
As primeiras pistas para explicar os motivos desse hábito surgiram em meados da década de 1990, quando pesquisas apontaram que a exposição a raios ultravioleta presentes na luz do sol não apenas faz com que a pele produza melanina (o pigmento que causa o bronzeamento), mas também estimula a produção de endorfina, substância associada à sensação de bem-estar e relaxamento.
Foto: AP
Americana Patricia Krentcil, supostamente 'tanoréxica', foi acusada de submeter filha de 5 anos a sessões de bronzeamento artificial
"(Esta pesquisa) explica por que as pessoas vão à praia, e não para cavernas em suas férias. É a primeira explicação do porquê pessoas que se bronzeiam com frequência continuam a danificar sua pele, mesmo sabendo que isto faz com que ela fique com aparência velha e enrugada", escreveu Feldman em seu livroCompartments, ainda sem tradução para o português.

Síndrome de abstinência

Para testar a hipótese de que algumas pessoas se bronzeiam não pela aparência, mas pelo modo como a luz ultravioleta faz com que se sintam, Feldman e sua equipe realizaram dois estudos.
No primeiro, pessoas que se bronzeavam frequentemente foram convidadas a fazer testes-cegos em duas cabines de bronzeamento aparentemente iguais, mas que tinham uma pequena diferença: uma era uma mesa convencional, enquanto a outra tinha um filtro invisível que impedia que os raios ultravioleta (UV) atingissem o paciente.
Mesmo sem saber que uma das mesas não emitia raios UV, em quase todas as ocasiões os pacientes preferiam a cabine de bronzeamento convencional, que, segundo Feldman, dava a eles uma maior "sensação de relaxamento".
Em outro estudo, alguns pacientes que se bronzeavam de maneira frequente apresentaram sintomas parecidos com os sofridos por viciados em drogas em síndrome de abstinência ao serem tratados com naltrexona, substância que bloqueia a endorfina e é usada em tratamentos contra narcóticos.
Em uma pesquisa posterior, feita com um grupo maior de pacientes, pessoas que não se bronzeavam com frequência não apresentaram os mesmos sintomas similares a crises de abstinência ao receberem a substância.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/06/120612_bronzeamento_dependencia_cq_ac.shtml?print=1

domingo, 17 de junho de 2012

LIVRO PRA DOWNLOAD GRÁTIS


Livro gratuito reúne vários artigos de educadores e juristas sobre educação inclusiva de alunos com necessidades educacionais especiais, violência nas escolas e bullying


Em todos os povos tem-se registro histórico quanto a pessoas com eficiência. Em determinadas culturas, matar ou abandonar pessoas com deficiência e entregues à própria sorte, era postura socialmente aceita.
A clássica obra de Victor Hugo, O Corcunda de Notre Dame (1831), mesmo sendo ficção literária expressava valores da época medieval quanto aos maus-tratos a pessoas com deficiência.
O avanço civilizatório dos tempos atuais, especialmente nos aspectos morais, éticos e políticos põe na pauta das transformações sociais o inadiável processo de inclusão social de pessoas com deficiência.
Através das obras Utopia (1516) e Cidade do Sol (1623), Thomas More e Tommasio Campanela foram os primeiros autores da literatura clássica a sinalizarem a inclusão social irrestrita para pessoas com deficiência. A exclusão destes segmentos é milenar. A dívida social para com eles parece ultrapassar a de qualquer outro segmento historicamente excluído, especialmente quando se soma a condição deficiência à falta das mínimas condições de vida.
Para fazer o download gratuito do livro, clique aqui.
http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi&parametro=34572

sexta-feira, 15 de junho de 2012

GRANDE, CAMPO GRANDE!

Nova lei prevê fornecimento gratuito de filtro solar em CG
O presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, vereador Paulo Siufi, promulgou na sessão ordinária desta quinta-feira (14) a Lei Municipal nº 5.074/11, de 1º junho de 2012, proposta pela vereadora Thais Helena (PT), que autoriza o Poder Executivo a instituir no município de Campo Grande o fornecimento gratuito de bloqueador solar às pessoas carentes, vítimas de queimaduras, portadoras de lúpus eritematoso, câncer de pele, vitiligo e albinismo.

De acordo com a Lei, somente será fornecido o bloqueador solar para as pessoas com renda mensal de até dois salários mínimos e mediante apresentação de prescrição médica.

Para a autora da Lei, as pessoas que sofreram queimaduras, as portadoras de câncer de pele, de lúpus eritematoso, vitiligo e albinismo necessitam ser especialmente assistidas para que possam desenvolver regularmente suas atividades, sem que a exposição ao sol reduza a capacidade de viver de maneira digna.

“Praticamente, toda a população brasileira esta exposta ao sol durante quase o ano inteiro. Os riscos são enormes, especialmente para aqueles cuja exposição representa uma ameaça constante. Os altos preços praticados na comercialização do protetor solar impedem sua aquisição pela grande maioria dos brasileiros. Tenho a certeza de que essa Lei contribuirá para garantir a qualidade de vida de pessoas vulneráveis à exposição solar intervindo nos fatores que a colocam em risco”, destacou Thais Helena.

http://www.msnoticias.com.br/?p=ler&id=87810