O desenhista Maurício de Sousa fala sobre a criação de personagens com deficiências
Confira entrevista com o jornalista e cartunista que, além da Turma da Mônica, também criou personagens para homenagear pessoas com deficiência e mostrar por meio das histórias, um pouco do universo desse público, contribuindo para a educação e inclusão.
http://vidamaislivre.com.br/especiais/materia.php?id=5328&/o_desenhista_mauricio_de_sousa_fala_sobre_a_criacao_de_personagens_com_deficiencias
Confira entrevista com o jornalista e cartunista que, além da Turma da Mônica, também criou personagens para homenagear pessoas com deficiência e mostrar por meio das histórias, um pouco do universo desse público, contribuindo para a educação e inclusão.
Daniel Limas, da Reportagem do Vida Mais Livre
Maurício de Sousa é criador de histórias e de personagens que divertem, educam e inspiram a imaginação de adultos e crianças há mais de 50 anos. Em 1959, enquanto era repórter policial no Jornal Folha da Manhã (atual Folha de S.Paulo), criou seu primeiro personagem, o cãozinho Bidu. A partir de uma série de tiras em quadrinhos com Bidu e Franjinha (o dono do cachorro) publicadas semanalmente na Folha da Manhã, Mauricio de Sousa iniciou sua carreira.
Maurício de Sousa é criador de histórias e de personagens que divertem, educam e inspiram a imaginação de adultos e crianças há mais de 50 anos. Em 1959, enquanto era repórter policial no Jornal Folha da Manhã (atual Folha de S.Paulo), criou seu primeiro personagem, o cãozinho Bidu. A partir de uma série de tiras em quadrinhos com Bidu e Franjinha (o dono do cachorro) publicadas semanalmente na Folha da Manhã, Mauricio de Sousa iniciou sua carreira.
Nos anos seguintes, Mauricio criou mais tiras, outros tablóides e diversos personagens — Cebolinha,Piteco, Chico Bento, Penadinho, Horácio,Raposão, Astronauta etc. Até que, em 1970, lançou a revista da Mônica, com tiragem de 200 mil exemplares, pela Editora Abril. Hoje, entre quadrinhos e tiras de jornais, suas criações chegam a cerca de 30 países. Entre as revistas de histórias em quadrinhos mais vendidas do país, dez são de Mauricio de Sousa – atualmente, suas revistas respondem por 86% das vendas do mercado brasileiro.
O que poucos sabem é que além da Mônica, Cebolinha,Magali, Cascão, Bidu e companhia, este jornalista e cartunista também criou alguns personagens para homenagear pessoas com deficiência e mostrar por meio das histórias, um pouco do universo desse público, contribuindo para a educação e inclusão. Luca, um garoto cadeirante, e Dorinha, uma menina comdeficiência visual, inspirada na Dorina Nowill, são os dois exemplos mais marcantes.
A primeira vez que Luca apareceu nos gibis foi em 20 de dezembro de 2004, na edição do Gibi da Mônica nº 222. O personagem ama os esportes, principalmente de basquete, e foi apelidado carinhosamente pelos novos amiguinhos de “Da Roda” e “Paralaminha”, por ser muito fã do cantor Herbert Vianna e da banda Paralamas do Sucesso. Já a Dorinha, foi a pioneira, e chegou às bancas no final de novembro deste mesmo ano.
Para conhecer um pouco melhor sobre seu trabalho, entrevistamos Mauricio de Sousa. Confira!
Vida Mais Livre: Quando e por que surgiu o interesse por personagens com algum tipo de deficiência?
Maurício de Sousa: A Turma da Mônica é um grupo de personagens que vivem e agem como crianças normais, como nossos filhos ou conhecidos. Todos nós temos amigos com algum tipo de deficiência e convivemos harmônica e dinamicamente. Aprendemos as regras da inclusão aí.
Maurício de Sousa: A Turma da Mônica é um grupo de personagens que vivem e agem como crianças normais, como nossos filhos ou conhecidos. Todos nós temos amigos com algum tipo de deficiência e convivemos harmônica e dinamicamente. Aprendemos as regras da inclusão aí.
Consequentemente, não poderíamos deixar de apresentar, no universo dos nossos personagens, amiguinhos da turma que também tivessem algum tipo de deficiência. Até acho que demorei muito para perceber esse vazio nas nossas histórias.
Vida Mais Livre: Você se recorda de uma situação em que teve a ideia de criar o primeiro desses personagens?
Maurício de Sousa: Acho que foi quando criamos uma história onde um novo amiguinho da turma surgia de muletas. Ele participou de uma ou duas histórias, mas depois sumiu. Ficou a necessidade de mantermos esse tipo de convívio. E, posteriormente, fui buscar um cadeirante para preencher o espaço.
Maurício de Sousa: Acho que foi quando criamos uma história onde um novo amiguinho da turma surgia de muletas. Ele participou de uma ou duas histórias, mas depois sumiu. Ficou a necessidade de mantermos esse tipo de convívio. E, posteriormente, fui buscar um cadeirante para preencher o espaço.
Vida Mais Livre: Conte um pouco sobre o processo de criação da personagem Dorinha.
Maurício de Sousa: Quando pensei em criar uma menina cega, busquei uma referência. E me veio a figura de Dorina Nowill, da Fundação do mesmo nome. Dorina, líder, de inteligência brilhante, sem preconceitos (para com os videntes), elegante, preocupada com a causa de mostrar caminhos aos cegos. Tirei daí tudo da Dorinha.
Maurício de Sousa: Quando pensei em criar uma menina cega, busquei uma referência. E me veio a figura de Dorina Nowill, da Fundação do mesmo nome. Dorina, líder, de inteligência brilhante, sem preconceitos (para com os videntes), elegante, preocupada com a causa de mostrar caminhos aos cegos. Tirei daí tudo da Dorinha.
Vida Mais Livre: Há uma frequência para ela entrar nas histórias?
Maurício de Sousa: Não. As histórias fluem. E quando um tema permite, ela entra.
Maurício de Sousa: Não. As histórias fluem. E quando um tema permite, ela entra.
Vida Mais Livre: Qual foi a repercussão entre as crianças?
Maurício de Sousa: Das melhores. Principalmente, quando a Dorinha, como personagem vivo, no antigo Parque da Mônica, aparecia. Daí era um auê. Todas as crianças se aproximavam dela para perguntar sobre seus hábitos, como fazia isso, como resolvia aquilo. E nossa artista que dava vida à Dorinha estava sempre muito bem preparada para falar como uma deficiente bem resolvida.
Maurício de Sousa: Das melhores. Principalmente, quando a Dorinha, como personagem vivo, no antigo Parque da Mônica, aparecia. Daí era um auê. Todas as crianças se aproximavam dela para perguntar sobre seus hábitos, como fazia isso, como resolvia aquilo. E nossa artista que dava vida à Dorinha estava sempre muito bem preparada para falar como uma deficiente bem resolvida.
Vida Mais Livre: Você também criou o Luca, que é cadeirante. Como ele foi criado? Foi inspirado em alguém, assim como a Dorinha?
Maurício de Sousa: Para criar o Luca, conversei com os atletas paraolímpicos O que foi, para mim, uma descoberta e uma alegria. Eles são muito bem resolvidos, também. Entusiasmados, alegres, espertos, inteligentes. Com o moral lá em cima. Foi fácil transpor esse clima para o personagem, que continua acontecendo muito fortemente nas nossas histórias. A ponto de a Mônica, nos quadrinhos, estar meio de asinha caída para o Luca.
Maurício de Sousa: Para criar o Luca, conversei com os atletas paraolímpicos O que foi, para mim, uma descoberta e uma alegria. Eles são muito bem resolvidos, também. Entusiasmados, alegres, espertos, inteligentes. Com o moral lá em cima. Foi fácil transpor esse clima para o personagem, que continua acontecendo muito fortemente nas nossas histórias. A ponto de a Mônica, nos quadrinhos, estar meio de asinha caída para o Luca.
Vida Mais Livre: E novamente, qual a reação das crianças?
Maurício de Sousa: Mais uma vez, a curiosidade da criançada, mais sua ousadia, fizeram do Luca um repositório de informações sobre o que é e como é fazer tudo a bordo de uma cadeira de rodas.
Maurício de Sousa: Mais uma vez, a curiosidade da criançada, mais sua ousadia, fizeram do Luca um repositório de informações sobre o que é e como é fazer tudo a bordo de uma cadeira de rodas.
Vida Mais Livre: Além da Dorinha e do Luca, há também o André, com autismo, e uma com Síndrome de Down, correto? Conte um pouco mais sobre estes personagens?
Maurício de Sousa: O André nasceu de um estudo que fizemos para uma campanha. Saiu uma revistinha muito gostosa, que serviu e serve para muita gente entender um pouco melhor o autismo e suas diversas manifestações. Já, a menina com down, é mais recente e ainda não suficientemente utilizada nas histórias e pouco conhecida, está ainda em fase de estudos. Devido à variação de graduações que o down apresenta. Ainda estou buscando em que nivel está a menina.
Maurício de Sousa: O André nasceu de um estudo que fizemos para uma campanha. Saiu uma revistinha muito gostosa, que serviu e serve para muita gente entender um pouco melhor o autismo e suas diversas manifestações. Já, a menina com down, é mais recente e ainda não suficientemente utilizada nas histórias e pouco conhecida, está ainda em fase de estudos. Devido à variação de graduações que o down apresenta. Ainda estou buscando em que nivel está a menina.
Vida Mais Livre: Além dos gibis, esses personagens com deficiência farão parte de DVDs, vídeos educativos, de algum projeto especial, etc.?
Maurício de Sousa: Todo o material educacional que produzimos e que estamos planejando terá a participação desses personagens. Sempre com mostras de como vivem numa comunidade onde se instalou a inclusão.
Maurício de Sousa: Todo o material educacional que produzimos e que estamos planejando terá a participação desses personagens. Sempre com mostras de como vivem numa comunidade onde se instalou a inclusão.
Vida Mais Livre: Há casos de pessoas com deficiência em sua família ou amigos próximos?
Maurício de Sousa: Sempre há em todas as famílias. Desde criança, até os idosos, no final de suas energias. Todos tivemos contato com deficientes. Faltava é a conscientização que agora se percebe.
Maurício de Sousa: Sempre há em todas as famílias. Desde criança, até os idosos, no final de suas energias. Todos tivemos contato com deficientes. Faltava é a conscientização que agora se percebe.
Vida Mais Livre: E na sua empresa, há muitos empregados com deficiência? Como vocês lidam com a inclusão?
Maurício de Sousa: Há alguns, sim. Numa convivência onde a gente até se esquece que um ou outro tem alguma limitação. Porque, como sempre, eles rompem os limites. E nos integramos.
Maurício de Sousa: Há alguns, sim. Numa convivência onde a gente até se esquece que um ou outro tem alguma limitação. Porque, como sempre, eles rompem os limites. E nos integramos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário