Em 2010, nosso colaborador Miguel José Naufel escreveu
artigo onde explicava o albinismo segundo a doutrina espírita.
Agora, chegou a vez das Testemunhas de Jeová darem sua
versão dos fatos. Em julho de 2008, a revista Despertai! publicou tradução de
matéria sobre o tema, originalmente escrita pelo redator da revista em Benin. A reportagem está nas páginas 27-9, da edição brasileira.
Abaixo, a transcrição do texto, além de suas páginas escaneadas:
Como Conviver com o Albinismo
“Toda vez que preencho um formulário e tenho de
assinalar qual é a minha raça, sempre marco ‘negro’”, diz John, “embora eu seja
mais branco do que a maioria dos que marcam ‘branca’ “. John, que é da África
Ocidental e mora perto da fronteira de Benim coma Nigéria, tem albinismo – uma
anomalia genética caracterizada pela ausência total ou parcial da pigmentação
dos olhos, da pele ou do cabelo de uma pessoa (em alguns casos apenas dos
olhos). O albinismo é muito comum? Como ele afeta o cotidiano das pessoas? O
que pode ajudar os albinos a conviver com sua deficiência de pigmentação?
Embora seja mais perceptível em pessoas de pele escura,
há casos de albinismo em qualquer país, raça e povo. Estima-se que uma pessoa
em cada 20 mil seja albina.
Os genes defeituosos que causam o albinismo podem ser
transmitidos de geração para geração sem que nenhum sintoma se manifeste. Foi
isso o que aconteceu no caso de John. Nenhum de seus parentes se lembra de
haver algum caso de albinismo na família.
Muitos atribuem a palavra “albinismo” aos exploradores
portugueses do século 17. Ao navegarem pela costa da África Ocidental, eles
viram pessoas tanto de pele escura como de pele clara. Supondo que fossem
pessoas de duas raças diferentes, eles chamaram os de pele escura de negros e
os brancos de albinos.
Efeito na pele e nos Olhos
Para a maioria das pessoas que tem a pele clara,
qualquer exposição ao sol resulta numa cor bronzeada, pois um pigmento chamado
melanina é produzido para proteger a pele. Como isso afeta a pele de John? Sem
pigmento, a pele do albino se queima facilmente com o sol. Isso em si já é
desagradável e doloroso. Mas, os albinos que não protegem bem a pele, também
correm o risco de desenvolver câncer de pele. Isso acontece especialmente em
regiões tropicais.
Assim sendo, a principal maneira de um albino proteger
a pele é usar roupas adequadas. John, por exemplo, é agricultor. Por isso,
quando trabalha na lavoura, usa chapéu de palha de aba larga e camisa de mangas
compridas. Mesmo com essa proteção, ele diz: “às vezes, sinto que meu corpo
inteiro está queimando por dentro. Quando chego em casa e coço o braço, algumas
vezes a pele descama”.
Outra opção é usar um protetor solar, se disponível. O
melhor é um com fator de proteção de pelo menos 15, que deve ser aplicado em
abundância 30 minutos antes de se expor ao sol e a cada 2 horas depois disso.
O albinismo pode afetar também os olhos de diversas
maneiras. A pigmentação da íris normalmente faz com que a luz solar entre no
olho apenas pela pupila. Mas, a íris do albino é quase transparente, o que
permite que a luz dispersa passe por ela e cause irritação. Para evitar isso,
muitos usam boné, viseira ou óculos escuros com proteção contra radiação
ultravioleta. Outros usam lentes de contato coloridas. John diz que muitas
vezes não precisa de proteção para os olhos durante o dia. Mas, à noite,
ocasionalmente sente desconforto por causa da luz que vem dos faróis dos
carros.
Muitos acham que pessoas com albinismo têm os olhos
avermelhados, mas isso não e verdade. A íris da maioria dos albinos tem leve
coloração cinzenta, marrom ou azul. Então, por que parece que eles têm olhos
vermelhos? A publicação Fatos Sobre Albinismo diz: “Sob certas condições de
luz, uma coloração avermelhada ou violeta é refletida através da íris, que tem
muito pouca pigmentação. O reflexo avermelhado vem da retina.” Esse efeito pode
ser comparado ao que às vezes acontece quando os olhos das pessoas aparecem
vermelhos em fotos tiradas com flash.
Problemas oculares são comuns entre albinos. Um deles é
uma alteração nos nervos que conectam a retina ao cérebro. Em resultado disso,
os olhos não funcionam em sincronia como deveriam, o que afeta a percepção de
profundidade. Esse distúrbio se chama estrabismo. O tratamento pode incluir o
uso de óculos ou cirurgia corretiva.
Em muitos países, o tratamento não está disponível ou é
muito caro. Como John convive com seu estrabismo? “Preciso tomar cuidado”,
comenta. “Quando quero atravessar uma rua, não uso apenas os olhos, mas também
os ouvidos. Quando vejo um carro, sei que não é seguro atravessar se consigo
ouvi-lo se aproximando.”
O albinismo também pode causar uma oscilação rítmica
dos olhos chamada nistagmo. Isso pode levar a problemas de visão, como alto
grau de miopia ou de hipermetropia. Óculos ou lentes de contato podem ajudar às
vezes, mas não corrigem a causa do problema. Alguns aprenderam a amenizar o
nistagmo ao ler, colocando um dedo ao lado do olho ou inclinando a cabeça.
O maior problema de John, que é Testemunhas de Jeová,
não é o estrabismo nem o nistagmo, mas o alto grau de miopia. “Para ler,
preciso segurar o texto bem perto dos olhos. Mas, depois de encontrar a
distância certa, eu realmente consigo ler bem rápido. Isso é importante para
minha leitura diária da Bíblia”. Ele acrescenta: “Quando faço discursos nas
reuniões da congregação, me preparo bem para não depender muito das minhas
anotações. Estou muito feliz de que a edição de letras grandes de A Sentinela
também está disponível na minha língua, o ioruba.”
Para uma criança com albinismo ocular, frequentar a
escola pode ser uma prova. Os pais que tomam a iniciativa
de conversar antecipadamente com o professor ou com as autoridades escolares
muitas vezes descobrem que existem ajudas práticas. Por exemplo, algumas
escolas colocam à disposição matéria escrita de alto contraste, livros
escolares com letras grandes e fitas de áudio. Quando há boa cooperação entre
pais, professores e diretores de escola, uma criança com albinismo ocularpode
se siar bem na escola.
Dificuldades Sociais
A maioria dos albinos aprende a conviver com suas
limitações físicas. Muitos, porém, acham difícil suportar o estigma social que
acompanha essa disfunção. Isso é especialmente difícil para as crianças.
Em algumas partes da África ocidental, as crianças com
albinismo sofrem zombarias ou são humilhadas com expressões racistas. Em
algumas regiões onde se fala ioruba, elas são chamadas de afin, que significa
‘horrível’. Em geral, os adultos não sofrem tanta zombaria como as
crianças. Embora as pessoas na África
ocidental geralmente passem a maior parte do tempo ao ar livre, alguns albinos
decidem ficar dentro de casa. Isso pode facilmente causar sentimentos de
rejeição e inutilidade. Foi assim que John se sentiu até aprender a verdade da
Palavra de Deus. Depois de ser batizado em 1974, sua maneira de ver a vida
mudou totalmente. Até então, ele se isolava em casa, mas percebeu que tinha a
responsabilidade de sair e pregar a outros sobre a maravilhosa esperança que
tinha aprendido. Ele diz: “A situação espiritual das pessoas que não conhecem a
Jeová é muito mais grave do que minha condição física.” Será que alguém zomba
dele enquanto participa na obra de pregação? “De vez em quando, alguém que se
opõe fortemente à mensagem da Bíblia acaba usando minha aparência como motivo
para zombar de mim. Isso não me afeta, porque sei que a causa não sou eu, mas
sim a mensagem”, explica John.
O Fim do Albinismo
Nos anos recentes, houve muita mudança no tratamento do
albinismo. A medicina está em condições de oferecer mais ajuda do que nunca.
Grupos de apoio se reúnem para trocar experiências e pra entender melhor essa
disfunção.
O albinismo, assim como todos os outros males, é
consequência da imperfeiçãoque todos os humanos herdaram do primeiro homem,
Adão. (Gênesis 3:17-19; Romanos 5:12) Por meio do sacrifício resgatador de
Jesus Cristo, Jeová em breve dará saúde perfeita a todos que demonstrarem fé.
Sim, é Jeová “que cura todas as tuas enfermidades”. (Salmo 103:3) Naquela
época, o albinismo será coisa do passado, pois todos os albinos experimentarão
o cumprimento de Jó 33:25: “Torne-se a sua carne mais fresca do que na
infância;volte ele aos dias do seu vigor juvenil.”
ALGUNS TIPOS DDE ALBINISMO
Os principais tipos de albinismo são:
Albinismo óculo-cutâneo. O pigmento melanina está
ausente na pele, cabelo e olhos. Existem aproximadamente 20 variações desse
tipo de albinismo.
Albinismo ocular. Seus efeitos se limitam aos olhos. Em
geral, a pele e o cabelo parecem normais.
Existem muitos outros tipos de albinismo que são menos
conhecidos. Por exemplo, um tipo está associado com a síndrome de
Hermansky-Pudlak (SHP). Os portadores de SHP têm a tendência de formar
hematomas ou sangrar com facilidade. Há uma alta concentração desse tipo de
albinismo na população de Porto Rico, onde se estima que 1 pessoa em cada 1.800
seja afetada.
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