Roberto Rillo Bíscaro
Os anos 1980 não foram bondosos pro o rock progressivo. Bandas-madrinha do movimento desapareceram, tornaram-se culto de poucos ou lançavam álbuns sem sal, caso do Jethro Tull. Outras, como o Genesis e o Yes, viraram pop, a primeira com bons resultados, a segunda, apenas com o álbum de 1983. O sub-sub-gênero Neo Prog deixou muita coisa sem rosto como legado, vide Marillion, Citizen Cain, Pallas.
Os anos 1980 não foram bondosos pro o rock progressivo. Bandas-madrinha do movimento desapareceram, tornaram-se culto de poucos ou lançavam álbuns sem sal, caso do Jethro Tull. Outras, como o Genesis e o Yes, viraram pop, a primeira com bons resultados, a segunda, apenas com o álbum de 1983. O sub-sub-gênero Neo Prog deixou muita coisa sem rosto como legado, vide Marillion, Citizen Cain, Pallas.
Na lista dos grandes álbuns daquela década, o Brasil
entraria com Depois do Fim (1983), do Bacamarte. Genesis, Yes,Pink
Floyd, ELP, enfim, nenhuma banda conceituada lançou disco tão bom quanto o dos
cariocas.
A base do prog do Bacamarte é setentista, porque o
álbum foi gravado em 1977, mas só conseguiram lançá-lo em 83.
Mário Neto é um dos maiores guitarristas e violonistas
do prog rock e grande parte do êxito de Depois do Fim se deve a seu trabalho. Do
violão com inflexões clássicas e flamencas (UFO) à guitarra energética (Smog
Alado) ou plangente (Último Entardecer), o cara prova ser um mestre. Dá vontade
de beijar-lhe as mãos. E o que é aquele clima de Mil e Uma Noite que ele cria
na abertura de Miragem, gente?
Sérgio Vilarim ficava a cargo da tecladaria em geral,
que vão do clima sideral de UFO, passando pelo piano clássico de Último
Entardecer e desaguando na rapidez virtuosa de Controvérsia.
Marcus Moura fornece excelentes diálogos de flauta com
guitarra e/ou teclado em faixas como UFO e seu acordeão dá uma fragrância de
tango à Cano.
Os amantes da MPB gostarão de saber que os vocais são
de Jane Duboc, nas poucas faixas cantadas. Sua voz cristalina dá um tom meio
Renaissance ao álbum ás vezes. As letras são sobre o mundo dizimado por uma
guerra. Não dou muita bola pra letras de prog rock, “místicas” demais pro meu
gosto. Curto mesmo é a simbiose do som da voz com o dos instrumentos.
Depois do Fim não tem momento de tédio ou prolixidade,
o andamento e ritmo mudam sempre, bem ao gosto de fãs de prog sinfônico.
Li no site Progshine que dia 22 de setembro Jane, Mário
e Marcus se reunirão no Rio de janeiro num festival de rock progressivo. Quase
30 anos depois do lançamento do único álbum com aquela formação, os músicos
prometem tocar Depois do Fim na íntegra. Os ingressos se esgotaram, porém.
Resta
ouvir essa obra-prima do rock nacional, no You Tube:
Meu Deus, onde você foi encontrar essa raridade Eu posso dizer que sou um privilegiado, pois eu convivi com esse pessoal, no Colégio Marista, São José onde fiz o segundo grau.
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