segunda-feira, 15 de outubro de 2012

CAIXA DE MÚSICA 78



O Livro do Genesis XIII

Depois do inspirador êxito de And Then There Were Three, o Genesis deu um tempo. Mike Rutherford e Tony Banks lançaram álbuns-solo. Phil Collins participou de projetos de outros artistas e tentou, sem sucesso, juntar os pedaços de seu casamento. Ele chegou a sair do Genesis pra viver no Canadá, mas, quando viu que a relação com Andrea estava falida, voltou pra Inglaterra e pra banda. A história da traição de sua primeira esposa – sempre contada na versão Collins – tematizou canções por mais 2 décadas. Nunca um chifre rendeu tanto $$$ na música pop!
Entre outubro e dezembro de 1979, os genesianos voavam pra Estocolmo pra gravar no Polar Studios. Em março de 1980, saiu Duke, consolidação da influência popeira de Phil Collins sobre a complicação progressiva de Mike e Tony. Quantitativamente, Duke ainda é dominado por composições de Banks-Rutherford, mas seu resultado comercial implicaria no predomínio de Phil nos anos vindouros.
Duke representa salto vital na gênese do Genesis oitentista, mais pop, agressivo e que deixou as outras bandas prog comendo poeira. Supertramp virou pop também, mas na metade da década já não era nada comercialmente. O Yes praticamente idem. Genesis foi a única banda prog que popeou e permaneceu soberana nas paradas até os anos 90. E sempre foi malhada por isso.

O álbum mistura pop e prog em doses bastante eficazes. A ideia inicial de compor longa suíte ao estilo de Supper’s Ready foi abortada e as partes divididas e espalhadas pelo disco. Percebe-se a ligação entre algumas faixas pelas referências melódicas e pela repetição da letra de Guide Vocal no fim da viagem instrumental de Duke’s Travels, minha predileta.
Pra conhecedores dos estilos de cada um dos 3 integrantes da banda não é difícil perceber que o desespero dedilhado de Alone Tonight é puro Mike Rutherford e que o fatalismo pessimista de Heathaze é de Tony Banks. Quem mais aconselharia o ouvinte a jogar comida aos patos, caso encontrasse alguém pescando num rio seco, mas crente de que há água? É mais fácil isso, do que tentar convencê-lo do contrário. Aquele clima outonal de Banks faz da canção outra de minhas amadas.
Mas, a parcela pop de Duke abriu as portas dum público novo pro Genesis. Misunderstanding – contribuição de Collins, influenciada pelo chifre e pelos Beach Boys – estourou nos EUA. Turn It On Again – vibrante, meio rock de arena, típico produto 80’s – também, e virou clássico nos shows. A canção não é de Phil, mas foi ele quem deu o conselho de Midas enquanto ensaiavam: aumentar a velocidade da batida. O sucesso de vendas certamente elevou a influência do baterista; afinal, quem quereria remar contra a favorável maré das caixas registradoras?

Collins está totalmente à vontade nos vocais, embora eu sempre tenha tido algum problema com a produção de David Hentschel: às vezes, a voz me soa um pouco remota; o que funciona bem pra mim em And Then There WereThree não repete o efeito em Duke.
Dando adeus ao mellotron, aos longos solos de teclado e às filigranas de Selling England By the Pound, Duke levou o Genesis ao topo das paradas britânicas pela primeira vez. O grupo repetiria a façanha até os anos 90, abrangendo um público que muitas vezes desconhecia sua fase progressiva clássica, a não ser pelos resquícios ouvidos/vistos em shows.
No ano seguinte, 1981, o álbum-solo de estreia de Phil Collins estouraria nos 2 lados do Atlântico, tornando-o um dos superstars mais atípicos da história do pop (baixinho, careca, trintão, quase sempre acima do peso e com barriguinha e cara de papai classe-média?). Ele assumiria de vez a liderança do Genesis e a popice seguiria desenfreada. Muitos fãs antigos ficaram pelo caminho, mas a banda abria-se prum novo mundo no início da década dos yuppies.
Você pode ouvir Duke no You Tube.

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