Lançar série sempre é um desafio, porque não há fórmula pra garantir audiência. Se houvesse, não haveria fracassos no caro mundo das produções televisivas. Reviver série é mais desafiador, porque, além de conquistar uma nova base de fãs, os produtores têm que tentar não perder a antiga.
O caso recente de DALLAS mostra uma história de êxito no quesito franquias ressuscitadas. O mesmo não pode ser dito sobre a volta de Melrose Place, sucesso escandaloso nos anos 1990. Entre setembro de 2009 e abril de 2010, os 18 episódios produzidos pela rede CW fracassaram miseravelmente, ficando em antepenúltimo no ranking de audiência.
Novos jovens foram colocados pra habitar o conjunto de apartamentos em Melrose. Exceto por um, o resto era tediosamente desinteressante, em comparação com o original, que, em sua fase áurea, golpeava o telespectador com mau-caratismo e doideira inverossímil a granel.
Pra quem conhecia o original, a nova versão já começa errado, com o assassinato da periguete Sidney Andrews, uma das personagens mais ultrajantes dos anos 90. Sidney morrera atropelada na porta da igreja, logo após seu casamento. Mesmo acostumados com as situações ilógicas desse tipo de show, é pedir demais que acreditemos na explicação esfarrapada de que o Dr. Michael Mancini a salvara e concordara em seguir com a farsa de que estava morta. O desdobramento da trama noventista não permitia isso.
Seguem-se capítulos onde o centro é descobrir o assassino, mas a história é manca e se perde entre as vidas sem graça da maioria das personagens. O estratagema deu tão errado que assim que a assassina é descoberta – numa sucessão de eventos insípidos – 2 personagens da nova safra são descartados da trama. Uma delas, inclusive, era filha de Sidney, outra barbaridade!
Algumas personagens do original aparecem, mas, quem consegue gostar dum Michael Mancini despido da comicidade noventista, que fazia com que amássemos odiá-lo? Se bem que eu não odiava, amava mesmo. Adoro os ruins em programas de TV!
Pra tentar alavancar a audiência, os produtores usaram
o mesmo artifício do original: trazer Heather Locklear, afinal, Amanda Woodward
deve ter sido a bitch definitiva da década pós-80. Mas, o prazo de validade
estelar da atriz vencera; quem se importava com ela em 2009? Menos sibilante e
mais plastificada, a personagem retorna envolvida numa trama mal delineada, à
procura duns quadros pintados por Sidney (parecia o lance da collection da temporada derradeira de Dynasty...).
Completando o desastre, Amanda
reaparece como megera. Se havia fã antigo ainda vendo Melrose Place àquela
altura, deve ter odiado. Amanda não era “mafiosa”, ao estilo JR Ewing.
Vi os 18 episódios de forma bem concentrada e não
decorei o nome de alguns moradores! A exceção fica por conta de Ella,
deliciosamente interpretada por Katie Cassidy, a Trish, de Harper’s Island. Patricíssima,
ela rouba todas as cenas com suas tiradas de menina de Beverly Hills. Deu até
vontade de ver a temporada de Gossip Girls da qual a atriz participa, mas,
melhor me conter. Tenho coisa demais pra ver!
O confronto Amanda-Ella da season finale traz ecos fantasmas da velha e boa Melrose Place,
mas, era tarde demais e o show já estava canelado.
Descanse em paz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário