quinta-feira, 25 de outubro de 2012

TELONA QUENTE 62

Broderskab
Roberto Rillo Bíscaro

A Dinamarca vive tirando os primeiros lugares entre as nações com melhor nível de vida e educação. Falou em Escandinávia e muitos já pensam em liberdade e tolerância sexual; tudo muito civilizado e meio monótono, daí uns suicidiozinhos de vez em quando.  
Broderskab (2009) mostra que o lado pesado do país existe e é muito barra. O filme é sobre atração homoerótica entre membros dum partido néo-nazista.
Lars tem sua promoção a sargento negada no exército devido a alegações de cantadas em seus subordinados. Sem rumo, o jovem filia-se a um grupo supremacista branco, ultranacionalista (nazistas que não se tocam que Hitler subjugara a nação que tanto dizem amar). Lars é representado como articulado e inteligente, mas, o roteiro tem preguiça de nos convencer de como alguém que considera os neonazistas “perdedores” numa cena, na outra está socializando com eles. A não ser que o clichê da mãe superprotetora e do pai ausente ainda convença.
Designado pra ajudar Jimmy a reformar a casa de praia,  que serve pra convidados do bando (uau, até ser reaça na Dinamarca é coisa de primeiro mundo!), Lars se envolve com o companheiro, iniciando uma história de amor que só pode terminar mal. O ódio por imigrantes muçulmanos é tão grande quanto aquele por homossexuais. Quando o irmão drogadito de Jimmy descobre a ligação, as consequências são desastrosas.
Em sua maior parte, Broderskab não nos pede pra simpatizar com esses jovens tão nocivos a si mesmos quanto à diversidade. Porém, a trilha sonora meio melosa e a virada melodramática final podem fazer esquecer o perigo em potencial que representam. Não que eu não acredite em mudanças, mas a narrativa não fornece indicadores de que mesmo dando certo como casal eles deixariam de barbarizar refugiados. E um gay escroto não é melhor do que um hétero escroto.
Oportuno, Broderskab faz refletir sobre a falha de certos membros de grupos oprimidos em perceber que se ligar aos opressores contra outros subjugados só fortalece aqueles. Burrice até compreensível, mas compreender não torna essa gente menos perigosa. Certa vez, li sobre a presença de mulatos em grupos neonazi brasileiros. Podem ser estúpidos, mas carregam porretes; não podemos esquecer.

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