Na primeira metade do século XX, um tipo de literatura
com tons sociais, mas tingida por elementos sobrenaturais floresceu no sul dos
EUA: o Gótico Sulista (Southern Gothic). William Faulkner é grande exemplo da
corrente; esses dias reli seu excelente conto A Rose for Emily prum curso
online que faço.
Atualmente na TV, a série-xodó True Blood popeou o gótico sulista pra encanto de
multidões. Tentei me alistar na legião de admiradores, vendo a primeira
temporada, mas achei chato demais. Sookie sucks!
Entre 95 e 96, a CBS exibira American Gothic, produzida
por Sam Raimi (d’A Morte do Demônio, clássico!), outra incursão no horror
sulista. Dei uma chance ao desconhecido e não me arrependi.
A trama se passa na ficcional cidade de Trinity, onde
um xerife demoníaco domina tudo e todos. É aquela coisa, o Tinhoso tem tanto
poder só que ao invés de comandar a Casa Branca, escolhe um buraco no meio do
nada. Então, tá!
Lucas Buck (não por acaso, gíria pra dólar) é o xerife
que quer cooptar/conquistar a confiança de seu filho Caleb. O guri é fruto dum
estupro e no capítulo de abertura, o resto de sua família morre. Uma prima
chega pra tomar conta dele e descobrir como seus pais morreram queimados. Um médico
nortista (sempre a Guerra de Secessão...) também se encanta por Caleb e tenta
protegê-lo contra os poderes malignamente sobrenaturais de Lucas.
Nos primeiros capítulos, tudo indica que a história
girará em torno de Lucas tentando trazer o filho pra sua órbita de influência e
os 2 protetores – que inexplicavelmente parecem poder com o poder do xerife – resguardando-o.
Mas, isso logo se altera.
E nisso está um dos problemas de American Gothic: produção
titubeante. Talvez pra emplacar na audiência a série nunca chega a um tom
permanente. Alguns capítulos seguem a história principal, outros apresentam
histórias semi-independentes, personagens ganhem/perdem importância do nada,
momentos de horror intercalam-se com clima de novela gótica.
Isso, entretanto, não tira a diversão duma série que
tem fantasmas, besouros devorando gente, gravidez satânica e muito mais. O sul
dos EUA - mesmo que Trinity pareça desconectada do resto do país – também é
personagem e apresenta alguns tipos característicos, como a bela sulista, no
caso a professora-piranha da cidade. Muita gaita e blues na trilha sonora.
Mesmo
inconclusa American Gothic poderá agradar a fãs de gótico sulista, de séries
com climão deprê, de personagens sobrenaturais toda-poderosas.
O livro/filme "O Advogado do Diabo" beberia na mesma fonte, não?! Só que Manhattan tem mais apelo...
ResponderExcluirNão conhecia essa linhagem Southern Gothic. Valeu!
Abração
Marcio