E não é que o veterano Barry Levinson decidiu modernizar a carreira e levar ao grande público um subgênero dos filmes de terror já consagrado entre os fãs? O oscarizado 70tão dirigiu filmes como Bom Dia, Vietnã e resolveu tentar a sorte numa daquelas histórias compostas por material supostamente resgatado após evento catastrófico.
O recém-lançado The Bay pode não ser obra-prima, mas
cumpre eficientemente seu papel de tensor, além de demonstrar que Levinson sabe
manejar a linguagem rápida e organizar a cacofonia de imagens e sons de
“cinegrafistas amadores”.
Nos anos 70, esteve em voga uma espécie de onda de
ecoterror, onde animais endoideciam devido a algum desarranjo ambiental. Nos
anos 50, a energia atômica os agigantava; a partir dos 70, passaram a devorar
humanos como consequência de nosso desrespeito pela natureza.
The Bay combina isso com o mundo pós-Wikileaks e nossa
ilusão de termos acesso a tudo. Uma baía no estado de Maryland atinge tal grau
de poluição, que micro-organismos deixam de ser minúsculos e começam a devorar
todo mundo, de dentro pra fora. No 4 de julho de 2009, centenas de habitantes
são dizimados. Abafado pelo governo, o caso vaza 3 anos depois graças à
internet. Se temos acesso a tudo, por que e como a carnificina foi tão bem
encoberta?
The Bay combina diferentes tipos e qualidades de imagem
e som: ligações pro 911, câmeras digitais, de celulares, de estabelecimentos
comerciais e traz acessos ao Google e ao You Tube. Gritos e pedidos de socorro
sem imagem, transcrições de conversas telefônicas do serviço de emergência,
câmeras que param de funcionar só na hora que seu proprietário se ferra.
A tensão é sempre crescente, porque nunca sabemos que
tipo ou qualidade de imagem e som virá em seguida ou qual cena chocante – ou
não- de nojeira (sub)cutânea aparecerá em nossa fuça.
The Bay é do bem e me deu uma baita vontade de voltar a
Baltimore (em Maryland) pra comer os deliciosos crabcakes feitos por lá, talvez pescados na baía do filme.
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