Em abril, postei sobre uma marca de cerveja canadense, que estava deixando alguns albinos de lá com os cabelos pretos. Leia aqui.
O caso segue, agora nos tribunais.
(Peter Ash, da organização Under the Same Sun
e Ikponwosa Ero)
Tribunal Ouvirá
Queixa contra a Cerveja Earls’ Albino Rhino
Denise Ryan
Tradução: Roberto Rillo Bíscaro
O Tribunal dos Direitos Humanos da província canadense de British
Columbia ouvirá o caso contra o restaurante Earls e sua cerveja Albino Rhino.
Ikponwosa Ero, uma imigrante nigeriana de 31 anos, nasceu com
albinismo, condição genética que a torna incapaz de sintetizar melanina,
pigmento que colore pele e cabelo. A maioria dos albinos é legalmente cego e
suscetível ao câncer de pele. A condição é
classificada como deficiência no Canadá.
Ero é pesquisadora da Under the Same Sun, entidade filantrópica
dedicada a ajudar albinos. Ela relatou que em junho de 2011, o presidente da
organização, Peter Ash, um homem de negócios de Vancouver, contatou o restaurante
para que a marca fosse alterada ou extinta aos poucos. Tudo sem sucesso.
O albinismo ocorre em qualquer grupo étnico. Afeta uma em cada 18.000
pessoas na América do Norte, mas é muito mais comum na África, onde pode
atingir um em cada 1.500 indivíduos em algumas regiões.
“Você venderia um aperitivo
Alzheimer ou um daiquiri síndrome de Down?”, indaga Ero. Em nota, Earls defende
sua cerveja clara, no mercado há 25 anos. Eis um trecho do texto: “a bebida foi
batizada em homenagem ao rinoceronte branco e a rima pretende ser divertida,
bem bolada e dar uma conotação de algo raro e especial à cerveja. Sentimo-nos
orgulhosos de ter um animal tão belo representando nossa marca”.
Ero disse que não há nada de divertido ou bem-bolado a respeito do
albinismo. A falta de entendimento sobre a condição leva à estigmatização,
acrescentou. Além disso, a perseguição aos albinos na África é frequentemente
letal.
Desde 2006, 71 assassinatos de pessoas com albinismo foram
registrados na Tanzânia, além de muitos ataques mais, explicou Ero.
Em algumas regiões africanas, especialmente na Tanzânia, albinos são
mortos e mutilados e tem partes de seus corpos vendidas para uso em poções
mágicas e rituais.
“As pessoas picam os corpos e os comem, para absorverem poderes
mágicos”, ela disse.
“O assassinato de um albino tanzaniano pode parecer algo distante,
mas não é. Numa sociedade globalizada, não se pode afirmar que não se possa
estabelecer alguma relação.”
Ero afirmou que como afro-canadense, ela luta contra o estigma e a
marginalização do albinismo em muitos níveis.
Sua família emigrou para o Canadá especificamente para escapar da
intolerância para com a condição. “Meus pais trouxeram nossa família para cá a
fim de me proporcionar a chance de uma vida melhor.”
Em sua denúncia, Ero observa: “é particularmente ofensivo e
diminuidor para uma pessoa albina que imigrou para a Columbia Britânica a fim
de fugir da perseguição baseada em sua deficiência, ver clientes pedindo e
consumindo ‘albinos.’ ”
O Albino Rhino do Earls’ não é o primeiro mascot a enfrentar
problemas com minorias.
Earls tem 64 restaurantes no Canadá, 24 deles em British Columbia.
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