Descobri novo documentário sobre o assassinato de
pessoas com albinismo em certas regiões africanas, mormente a Tanzânia. In The Shadow of the Sun foi dirigido por Harry
Freeland. Traduzi a sinopse:
No coração do Lago Vitória, 3 horas no interior da Tanzânia,
fica a ilha de Ukerewe, lar para uma
grande comunidade de pessoas com albinismo – ausência congênita de pigmentação
na pele, olhos e cabelo. Muitos albinos são mortos ao nascerem ou rejeitados
pelas famílias. Os sobreviventes correm o risco de serem mortos devido a partes
de seu corpo, usadas supersticiosamente por se acreditar que possuem poderes
medicinais. Os 62 albinos da ilha formaram um grupo para compartilhar
experiências e se apoiarem mutuamente.
Gravado ao longo de 4 anos – antes, durante e após uma onda de
assassinatos brutais, que sacudiu o país - In The Shadow Of The Sun conta a história emocionante e íntima de 2
membros muito diferentes da comunidade. Conheceremos Vedastus, um
adolescente amoroso que cuida de sua mãe terminalmente enferma e luta para
achar seu lugar no mundo. Josephat, ativista pela causa albina, que luta para
unir seu país e sonha em escalar as alturas do Monte Kilimanjaro. Conforme os
assassinatos aumentam, Vedastus abandona a ilha em busca de segurança, ao passo
que Josephat permanece e enfrenta os assassinos.
Desde o início dos crimes
na Tanzânia, 62 pessoas foram mortas e ninguém foi condenado, apesar da prisão
de 260 pessoas. Finalmente, depois de muita pressão internacional e seguindo as
eleições da Sociedade Tanzaniana de Albinos, o governo sentenciou o
enforcamento de 4 homens; primeira vez em 15 anos que a pena capital foi
aplicada no país. Julgamentos de acusados continuam em diversas regiões.
Consequência da campanha incessante de Josephat e da intervenção governamental,
o futuro dos albinos tanzanianos parece mais promissor.
Mais informações, em inglês, podem ser lidas aqui:
Uma
entrevista com o documentarista:
Assassinato de Albinos na Tanzânia: In The Shadow of
the Sun, de Harry
Freeland
Jim
Treadway
Não
escolhemos a cor da pele ou o local de nascimento. Ma,s para os albinos
tanzanianos, sua aparência os tornou uma subespécie humana, bastante caçada. “Somos
mortos e esquartejados”, diz Josephat Torner, um dos albinos do
documentário In The Shadow of the Sun, de Harry Freeland, que teve pré-exibição no Frontline
Club, dia 26 de novembro.
Desde 2006, feiticeiros
tanzanianos afirmam que partes de corpos albinos, quando usados em certas
poções ou rituais, podem curar ou trazer prosperidade – uma promoção no
trabalho, vitória em eleição, aumento do pescado ou mineração.
“Me chamam de ‘remédio branco’,
conta uma criança albina, acerca dos colegas na escola.
Freeland
explicou:
“Há
3 tipos de responsáveis pelos assassinatos. Aqueles que não estão no filme, os
que ninguém capturou, as pessoas realmente movimentando esse comércio, que
movimenta milhões. Gente com muito dinheiro: oficiais do governo, policiais,
pescadores, mineiros.... Esses rumores obviamente foram iniciados pelos
feiticeiros. E, claro, os pobres da Tanzânia, que matam os albinos.”
No documentário, Freeland e Josephat
entram emuma caverna para consultar um feiticeiro, que admite esconder-se atrás
de árvores, esperando pelo momento certo para atacar um albino. Em outra cena,
um amigo albino conta a Josephat como um homem pulou de uma árvore e tentou
matá-lo, enquanto ele caminhava sozinho fora de sua casa à noite.
“O
medo é uma constante”, disse Josephat.
Josephat passa a vida viajando a lugares onde albinos têm sido mortos, conquistando o
apoio de autoridades locais para dar palestras nas aldeias.
“Se
a sociedade me vê como sub-humano, então, tenho que achar uma solução, um modo
de ser reaceito” ele explica.
“Josephat
é muito solitário”, pondera Freeland. Ninguém mais faz o que ele faz. Ele não
ganha quase nada, mas ele meio que deixa a família de lado e sai pelo país pra
fazer essas coisas. Sempre achei isso maravilhoso”.
Freeland,
Josephaat e muitos outros estão impactando. O Primeiro Ministro tanzaniano
adotou 2 crianças albinas e suspendeu as licenças de todos os curandeiros do
norte do país. Agora, eles têm que requerer uma nova, em um processo muito
rigoroso. A Tanzânia elegeu seu primeiro membro albino do parlamento e em 2012
o número de assassinatos finalmente diminuiu em relação ao ano anterior.
Mesmo
assim, a procura por partes de corpos albinos continua.
“Tanzânia
é definitivamente a pior”, revelou Freeland, “mas isso está se espalhando para
outros países. Tem havido crimes na Nigéria, África do Sul, Mali e Burundi.
Como diria Josephat, ‘está se espalhando como fogo.’”
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