terça-feira, 11 de dezembro de 2012

TELINHA QUENTE 62/TELONA QUENTE 66

Roberto Rillo Bíscaro

Tenho o marcador Anos 80, mas deveria inaugurar um sobre anos 70. Repararam como tenho escrito sobre música e imagem da época? Esta postagem é sobre um documentário a respeito de cine setentista, chamado A Decade Under the Influence (2003).
Produzido pelo canal IFC (Independent Film Channel), o decênio abordado inicia-se mais ou menos à época de meu nascimento, 1967, e vai até aproximadamente 1977.
No primeiro momento, registram-se as baixas bilheterias dos filmes da Hollywood da velha guarda. A ebulição dos anos 60 mudou o gosto do público, que queria filmes e artistas mais realistas. Uma nova geração de diretores e atores – muitos deles com experiência no mercado de filmes independentes da escola Roger Corman de produção barata – trouxe temática e linguajar mais adultos, que fizeram do cine norte-americano um dos mais excitantes do período.

Influenciados por diretores europeus e japoneses, Francis Ford Coppola, Martin Scorcese, Sidney Pollack, Robert Altman, Woody Allen (que não dá entrevista), William Friedkin e Cia são rapidamente absorvidos pelos estúdios. Outra abordagem pro documentário seria a de como o capitalismo tem a capacidade pra transformar crítica em mercadoria.
As estrelas apolíneas do glamour dos estúdios foram substituídas por atores, que muitas vezes se pareciam com o vizinho do espectador. Início do reinado dos De Niro e Hoffman. Seria interessante um documentário sobre como alguns desses caras viraram repetitivas caricaturas de si mesmos filme após filme.
Não passou batido aos produtores de A Decade Under the Influence o falocentrismo dessa nova geração “revolucionária”. Por isso, o necessário e correto louvor ao papel de Jane Fonda nesse contexto.


Em meio a isso e muito mais, cenas e referências a grandes filmes como Sem Destino (1969), O Exorcista (1973), Chinatown (1974), Taxi Driver (1976), O Poderoso Chefão (1972), Operação França (1971) e também muito mais. O “problema” desses programas é que dá uma baita vontade de (re)ver um monte de coisa já meio esquecida, não vista, desconhecida até então ou pra reavaliar. Descobri diversas lacunas em meu repertório. Haja tempo pra (re)assistir a tanta coisa! Por exemplo, jamais me interessei pelo cultuado M.A.S.H (1970), de Robert Altman, mas a cena que vi me deixou com água nos olhos!
A Decade Under the Influence termina em clima meio “fim da rebeldia”, com a ascensão de diretores como Spielberg e George Lucas, que, com seus tubarões e guerras interestelares inauguraram a tirania das produções padronizadas e a crescente dificuldade de se arrumar patrocínio pra filmes mais ousados ou com temática mais adulta ou, simplesmente, mais lentos. Mas, que fique claro: ninguém demoniza esses diretores.
Essencial pra cinéfilos e estudantes de cultura norte-americana contemporânea.
Olha, achei a primeira parte no You Tube. Não garanto que as demais estejam disponíveis, geralmente estão. É só tentar, né? Sem legenda

Um comentário:

  1. coitado do Cinema de Hollywood....ou ficava no bang-bang tomando coca-cola ou.....partir pro Woodstock, digerindo a Revolução de Maio.

    ResponderExcluir