Porto Alegre - faixa de Tulipa Ruiz no disco-tributo
Mulheres de Péricles – agradou tanto, que compõe a playlist permanente no notebook
e seleção especial pra viagens e passeios no mp3. Descobri que a cantora
disponibilizou o segundo álbum de graça em seu site. Não podia perder a chance de me entrosar com a nova geração
da música popular brasileira. A gente envelhece e perde a sintonia com a
novidade. Não é bom.
Gostei do segundo trabalho da paulistana, que traz um
novo conceito de MPB pra 40tões acostumados ainda com o indianismo e as facas
amoladas dos anos 70 de Minas. Novo porque agora vem influenciada e misturada
com psicodelia, britpop e letras nas quais o inglês está em perturbadora
simbiose com o português. 3 títulos são no idioma de Paris Hilton: Like This,
OK e Script. Sem contar os “fake” e “superplugada” que povoam as canções. Nós,
classe média “isclaricida”, estamos colonizados em excesso?
Urbanas, universitárias e pluri-identitárias, as letras
pertencem ao mundo literário pós Caê, irmãos Campos e Arnaldo Antunes, cantadas
com aquele erre de certa fração da classe média paulistana. Certo crítico destacou
isso como peculiaridade da cantora. Será que ele vive sob uma pedra e
nunca escutou gente da paulicéia? Basta ouvir o coral masculino cantando as
aliterações de Quando Eu Achar.
Tulipa canta bem e não tem pudor em experimentar com a
voz. No blues esganiçado de Víbora, a
gente torce pra ela amadurecer logo e perceber o valor da parcimônia e seus
limites. O clima britpop de Like This
lucraria sem a revoada de maritacas.
Dois Cafés, dueto com Lulu Santos tinha tudo pra ser
grande, com seu clima carnavalesco e sua guitarrinha referindo-se ao estilo
californiano-havaiano do veterano oitentista e letra sobre jovens lutando por
um lugar ao sol. Mas, parece que as vozes jamais duetam; a impressão é de que
cantam juntos, mas separados (superplugado na geração das salas de chat!). E
Lulu soa contrito, nunca decola. Gostosa canção, mas poderia ser bem mais.
Esses senões não comprometem a qualidade de Tudo Tanto.
Destaque pra abertura titânica de É e pra opulência orquestral de Desinibida,
sublime pra ouvir em fone de ouvido e viajar na tapeçaria instrumental e nos vocais
apropriados.
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