segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

PAPA-MEL"ALBINO"

Estudo revela albinismo raro em papa-mel na Amazônia

Quando iniciou, em 2006, estudo sobre mamíferos da Amazônia, grupo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) ouviu de moradores da floresta relatos sobre papa-méis de pelagem branca. Inicialmente, os zoólogos pensaram se tratar de uma nova espécie. É que são marrons esses mamíferos de membros curtos e cauda longa que costumam pilhar mel em colmeias de abelhas nativas. Agora, um artigo a ser publicado numa revista científica internacional elucida o mistério: os bichos, na verdade, apresentam caso raro de albinismo conhecido entre biólogos como leucismo. O flagrante dos papa-méis brancos ocorreu em maio do ano seguinte. Munido de uma câmera, o estudante de doutorado em Biologia Animal da UFPE Antonio Paulo da Silva Júnior (foto acima, à direita) gravou imagens de três papa-méis, mais conhecidos no Norte do País como iraras. "Entre eles havia um leucístico.". Inicialmente sozinho, o papa-mel branco vocalizou na direção de Antônio, que pensou se tratar de um felino. "Parecia um gato selvagem em situação de defesa", recorda. Logo em seguida, recebeu o "reforço" de outros dois e todos gritavam, assustados. "Era uma vocalização de defesa, pois estavam com medo", relata. Diferente dos albinos, os leucísticos não são completamente desprovidos de melanina, o pigmento que confere cor à pele e ao pelo dos animais. "As iraras-brancas da Amazônia têm o focinho e as pontas dos membros negros", detalha o professor do Departamento de Zoologia da UFPE Antônio Rossano Mendes Pontes (foto acima, à esquerda), orientador do trabalho de doutorado. Além do primeiro registro de pseudoalbinismo em iraras na Amazônia, o trabalho da UFPE verificou que esses exímios nadadores também vivem em grupos, ao contrário do que geralmente descreve a literatura científica. "Pode se tratar de um grupo familiar, com subadultos que ainda não se desgarraram, mas a verdade é que as iraras não apresentam apenas hábitos solitários", sugere. O estudo dele, em fase de conclusão, foca a diversidade e abundância de mamíferos na Bacia do Rio Negro, entre Roraima e o Norte do Amazonas. O levantamento é feito na abrangência de três áreas protegidas: o Parque Nacional Viruá (Roraima), a Reserva Biológica do Uatunã (Amazonas) e a Estação Ecológica de Maracá (Roraima). A irara-branca foi encontrada no assentamento rural de Novo Paraíso, no Sul de Roraima, uma área fora dos limites das unidades de conservação. A equipe da UFPE sugere estudos mais acurados da ocorrência, considerada rara. A segunda etapa do trabalho será coletar exemplares da espécie para estudos genéticos. "Sabemos que o albinismo é uma mutação em um alelo. No caso do leucismo das iraras, é preciso uma avaliação genética para explicar melhor a ocorrência", diz Antônio Rossano. O pesquisador analisou filmagens, fotos e consultou uma das maiores autoridades no assunto do mundo, Don Wilson, do Smithsonian (EUA). Ele define como maravilhosa a descoberta. "É um evento comum na região, mas até então sem explicação científica. Os estudos genéticos futuros vão poder revelar por que ocorre lá, com uma frequência relativamente alta."
http://jc3.uol.com.br/blogs/blogcma/canais/noticias/2013/02/04/estudo_revela_albinismo_raro_em_papamel_na_amazonia_145509.php

Um comentário:

  1. Excelente trabalho! Pernambuco tem um potencial incrível em relação à pesquisa! Claro, que os pesquisadores estão de Parabéns!

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