Roberto Rillo Bíscaro
Uma das lembranças mais prazerosas de minha juvenília é ficar até de madrugada vendo filmes de horror das produtoras Hammer e Amicus. As imagens foscas, os rostos de Peter Cushing, Christopher Lee e Cia, aquele jeitão inglês, que compôs parte de meu estereótipo do país. O documentário A History of Horror detalha bem essa fase áurea do horror britânico (resenha aqui).
A Hammer está de volta pra embalar pesadelos juvenis e chegou a hora d’eu ver A Mulher de Preto (2012) e perceber que a produtora pode vir a significar algo no gênero novamente!
Arthur é viúvo e prestes a perder seu emprego, quando seu chefe lhe dá a chance final: ir a isolado povoado beira-mar resolver os negócios da finada proprietária duma vasta mansão. Quando chega à aldeota, descobre que a população vive aterrorizada pela mulher de preto, que perdera seu filho e agora levava os daqueles que viam seu espectro. Ele a vê e tenta apaziguar o fantasma, mas, há um complicador: o filho de Arthur encontraria o pai na cidadezinha; escaparia da sina mortal que ceifava a vida das crianças que pisavam no local?
A Mulher de Preto tem todos os elementos dum típico filme da Hammer: charneca, uma Inglaterra invernal onde chove e tudo fica envolvo em bruma, aldeia remota com população tão amistosa quanto um pittbull hidrófobo, história de época. A cinematografia é lúgubre, a plateia toma alguns bons sustos e a atmosfera desempenha papel vital na composição do horror. Isso compensa certa feição simplória do roteiro quanto à resolução.
Daniel Potter, digo Radcliffe, bem que poderia fazer mais filmes da produtora, como seus conterrâneos figurinhas-carimbadas Lee e Cushing. Mas, os tempos são outros e sabemos que isso não ocorrerá.
A conclusão é duma morbidez exemplar, problematizando o conceito “final feliz”.
A Mulher de Preto é obrigatório pra fãs de gótico, casas mal-assombradas, fantasmas, filmes da Hammer/Amicus, retroterror, horror atmosférico e horror inglês.
Hammer, patrimônio cultural da humanidade!
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