Tenho traduzido artigos de jornais africanos
sobre os assassinatos de pessoas com albinismo na Tanzânia. Tais publicações,
infelizmente, têm alcance limitado. Por isso, é bom quando a mídia
internacional enfoca o problema, como foi o caso do texto abaixo, que traduzi
da importante publicação International Business Time
No caso dos países de língua
portuguesa, quanto mais informação, melhor. Ainda há muita gente que não sabe
do problema.
Superstição Mortal: Crianças Albinas Enfrentam Discriminação, Amputações
Morte na África Oriental.
Tradução: Roberto Rillo Bíscaro
Na Tanzânia, país da África Oriental, falsas
concepções podem ser tragicamente poderosas.
Um rumor espalhou-se como fogo em algumas áreas do
país – e alcançou outras regiões: crianças nascidas sem pigmentação são dotadas
de poderes mágicos. Dizem que se você serrar seus braços, roubar seu sangue ou
mesmo tirar suas vidas, riqueza e sorte aparecerão em seu caminho.
Essa crença levou ao assassinato de dezenas de pessoas com albinismo ou (PCAs (elas são frequentemente chamadas de albinos, mas grupos de defesa refutam essa denominação como pejorativa). Os que escapam da morte podem perder um membro e passar o resto das vidas com uma deficiência, isso sem contar o estigma.
Com consequência, PCAs da África Oriental e Meridional vivem em perigo constante. O albinismo é uma desordem genética que afeta o tom da pele e a visão – não afeta o desenvolvimento ou as faculdades mentais. Os tanzanianos têm tido problemas para enxergar além das diferenças físicas; eles chamam as PCAs de zeru, que significaa vapor ou fantasma. Os agressores encontram apaziguamento da consciência através da crença disseminada de que suas vítimas não podem morrer fisicamente, posto serem espíritos.
A luta contra esses preconceitos mortais atingiu escala internacional e organizações na Tanzânia e pelo mundo argumentam que conscientização é a chave para prevenir a violência sem sentido contra homens, mulheres e crianças inocentes.
Um Padrão Chocante
Violência contra PCAs vem ocorrendo há anos – talvez séculos – mas só veio ao conhecimento do grande público internacional em 2008, quando uma repórter da BBC Internacional fez matéria investigativa na Tanzânia sobre o assunto.
Suas reportagens chamaram a atenção de Peter Ash, homem de negócios canadense com albinismo, que fundou uma organização chamada Under the Same Sun, para tratar do tema.
“Aquilo me perturbou muito e comecei a pesquisar mais a fundo”, contou Ash. Ele fundou a UTSS em 2009 e desde então se fez ouvir até pela ONU. “Estive na Tanzânia 12 vezes em 4 anos. Temos lá agora um escritório com 20 funcionários, 15 deles trabalhando em período integral. Cerca da metade tem albinismo”.
A ONU trabalhou em conjunto com a UTSS para colher dados para elaborar a nota condenatória da violência contra as PCS, divulgada recentemente.
“Condeno com veemência esses ataques e assassinatos brutais, cometidos em circunstâncias particularmente horrendas, envolvendo o desmembramento de pessoas, inclusive de crianças ainda vivas”, disse Navi Pillay, Comissário-Chefe dos Direitos Humanos da ONU.
O texto da condenação trouxe exemplos de atrocidades cometidas contra PCAs nos últimos 2 meses. Um garoto de 7 anos foi surpreendido por agressores, que cortaram seu braço e o mataram, além de seu avô, que tentava protege-lo (31 de janeiro. Uma mulher teve o braço amputado por um grupo de homens, enquanto dormia ao lado de 2 de seus 4 filhos (5 de fevereiro). Um menino de 10 anos teve seu braço arrancado por 2 agressores, enquanto voltava para casa da escola (15 de fevereiro).
Esses eventos, compilados pelos funcionários de Ash, vez mais trouxeram o assunto para as manchetes internacionais. Grande vitória, uma vez que conscientização é fator chave na contínua luta contra a discriminação das PCAs. Entretanto, divulgar isso na Tanzânia é um desafio, devido á dificuldade de comunicação, especialmente nas áreas rurais, onde o problema é mais crucial.
Trabalho de Base
A Tanzânia tem alguma capacidade para lidar com esse problema. O país é uma democracia multipartidária, embora uma única coalisão domine o país há décadas. Ainda que o processo eleitoral seja geralmente limpo, a corrupção emperra a funcionalidade do governo. A sociedade civil é assolada pela pobreza generalizada, mas o país abriga diversos grupos não-governamentais de proteção civil, como o Centro de Direitos Humanos e legais e a Sociedade Tanzaniana dos Albinos, ambos com sede na capital, Dar es Salaam.
O governo, liderado pelo presidente Jakaya Kiwete, tem tomado medidas para diminuir a discriminação contra os cidadãos com albinismo. Kiwete já se pronunciou contra a violência. Ele também nomeou uma mulher com albinismo para atuar no parlamento, em 20005. A próxima PCA no parlamento foi eleita por voto popular, em 2010. Além disso, dezenas de curandeiros foram presos por incutirem mitos destrutivos sobre PCAs.
Esses sinais são encorajadores – com mais conscientização, a porção da população tanzaniana conivente com essas atrocidades continuará diminuindo.
Mas, como Pillay reiterou, ainda há longo caminho a seguir: “Além de proteger fisicamente as PCAs, o governo precisa investir muito em educação e conscientização para combater o estigma ligado às PCAs”.
O problema tem raízes profundas, explica Susan Dubois, fundadora da Asante Miriamu, grupo de defesa das PCAs, na Virginia (EUA):
“O governo tem cooperado, mas é muito reticente sobre o assunto, porque gera muita má publicidade e porque os curandeiros são fortemente enraizados na cultura do país. É um assunto com o qual há que se ter extrema cautela”, explica DuBois, que tem 2 filhos albinos.
“Médicos tradicionais ou curandeiros sao muito úteis em suas comunidades, especialmente onde o acesso à saúde é limitado. Alguns pegaram uma curva errada; criaram esse mercado negro. Eles afirmam que a pele, os olhos, os tecidos dos órgãos ou o sangue de PCAs podem ser transformados em poções, que trarão sorte e riqueza. Como resultado, houve cerca de 100 ataques a PCAs nos últimos 5 aanos, resultando em mais de 50 mortes. Suspeitamos que o número seja maior, devido ao tabu em denunciar tais crimes.”
Como Ash, DuBois motivou-se a ajudar depois de saber pela mídia sobre as atrocidades na África Oriental. Um noticiário da ABC exibiu matéria sobre uma mulher com albinismo, em 2009. DuBois assistiu e ficou comovida e chocada com o que viu.
A mulher perdera ambos os braços e o bebê que esperava devido a um ataque que quase lhe custou a vida. DuBois e o marido ajudaram a trazer a mulher para os EUA, onde ela recebeu braços mecânicos. Ela também foi apresentada ao congressista Gerald Connoly, que elaborou projeto, aprovado pelo Congresso em 2010, condenando os abusos contra as PCAs. Mariamu está de volta a Tanzânia, usando seus braços mecânicos para escrever, bordar e ajudar outras PCAs, que lutam contra o isolamento. Essa é uma história que DuBois gostaria de ver repetida mais vezes.
“Nossa organização é tão pequena e a Tanzânia é tão grande e predominantemente rural. Não é bem interligada por internet ou estradas, então, levará muito tempo para que essa situação mude. Não acontecerá da noite para o dia.”
Múltiplas Ameaças
Os desafios enfrentados pelas PCAs vão além da discriminação e da perseguição. Na verdade, a ameaça mais letal não é a violência, mas o câncer, pois a pele não-pigmentada não é apropriada para enfrentar a radiação solar. Por isso, é raro que uma PCA na África ultrapasse os 40 anos.
“O câncer de pele é um problema enorme”, relatou Ash. “Não tenho melanina, substância natural da pele, que protege contra os raios UVA. A exposição ao sol – especialmente durante calor intenso e em áreas onde o trabalho na lavoura é comum – é muito perigoso. Muitos tanzanianos com albinismo não foram educados a respeito da necessidade de usar camisa de manga comprida, além de não terem acesso a bloqueador solar. Mas, o câncer de pele é totalmente evitável.”
Essa suscetibilidade pode resultar em feridas e tumores, que aumentam o risco de ser discriminado pela família ou pela comunidade. Doenças ligadas à condição também podem dificultar a realização de trabalhos braçais, gerando a cruel ideia de que as PCAs são inerentemente incapazes ou preguiçosas. Desse modo, questões ligadas à saúde contribuem para dilatar o círculo vicioso, corroborando atitudes públicas errôneas sobre o albinismo.
AS PCAs também têm problemas de visão – muitos, como Ash, são legalmente cegos. “Na América do Norte, há recursos à disposição, mas, na Tanzânia, elaas vão à escola e não enxergam a lousa. Os professores já vem com ideias pré-concebidas, de que essas crianças não são espertas o bastante”, explicou Ash.
Como consequências, as crianças com albinismo não dispõem das ferramentas ou da atenção de que necessitam, criando outro círculo vicioso, pela limitação do acesso à educação.
A UTSS e a Asante Miriamu têm trabalhado para conscientizar sobre os danos à pele e sobre as limitações visuais. Também tentam disseminar ferramentas simples – bloqueador solar e lentes de aumento -, que podem ser usadas para enfrentar esses desafios. Ambas organizações têm levantado dinheiro para bolsas de estudos para crianças com albinismo.
“Vai ficar complicado falarem na Tanzânia: ‘olha só, esses inúteis!’, quando forem membros bem sucedidos da comunidade”, prevê Ash. “Um dia as PCAs assumirão seu lugar de direito na sociedade e os dias de preconceito se tornarão uma lembrança distante”.
Longo Caminho pela Frente
AS PCAs das áreas rurais da Tanzânia são frequentemente deixadas de lado em suas comunidades. Em centros urbanos, elas geralmente têm melhor acesso a grupos de apoio.
A Sociedade Albina da Tanzânia, em Dar es Salaam, é uma prova da determinação das organizações locais em lutar por mudanças, mas a situação é difícil. Embora a Sociedade tenha recebido verbas do governo, elas são pequenas.
Considerando-se que tantas atrocidades contra PCAs ocorram em áreas remotas, os ativistas argumentam que necessitam de mais recursos para alcançar cada uma dessas localidades. Entretanto, a Tanzânia é um dos países mais pobres do mundo e tem outros problemas a enfrentar, como infraestrutura precária, fome, AIDS e malária.
“Dado os desafios que os países da África Oriental já enfrentam, o albinismo é apenas uma pequena parte”, disse DuBois. “Muito mais crianças perdem a vida diariamente devido à malária do que pelo albinismo. Então, reconheço que nosso problema é pequeno, mas nem por isso nosso comprometimento é menor”.
Ela complementa que embora a sua organização e outras tenham estado ativas na Tanzânia há alguns anos, as mudanças acontecem vagarosamente.
“Elas são contínuas e acredito que veremos um momento de virada nos próximos anos, mas temos assistido a ataques recentes, então é tudo muito perturbador. Cada vez mais, creio que precisamos divulgar o problema. Há muto po fazer”, conclui.
Essa crença levou ao assassinato de dezenas de pessoas com albinismo ou (PCAs (elas são frequentemente chamadas de albinos, mas grupos de defesa refutam essa denominação como pejorativa). Os que escapam da morte podem perder um membro e passar o resto das vidas com uma deficiência, isso sem contar o estigma.
Com consequência, PCAs da África Oriental e Meridional vivem em perigo constante. O albinismo é uma desordem genética que afeta o tom da pele e a visão – não afeta o desenvolvimento ou as faculdades mentais. Os tanzanianos têm tido problemas para enxergar além das diferenças físicas; eles chamam as PCAs de zeru, que significaa vapor ou fantasma. Os agressores encontram apaziguamento da consciência através da crença disseminada de que suas vítimas não podem morrer fisicamente, posto serem espíritos.
A luta contra esses preconceitos mortais atingiu escala internacional e organizações na Tanzânia e pelo mundo argumentam que conscientização é a chave para prevenir a violência sem sentido contra homens, mulheres e crianças inocentes.
Um Padrão Chocante
Violência contra PCAs vem ocorrendo há anos – talvez séculos – mas só veio ao conhecimento do grande público internacional em 2008, quando uma repórter da BBC Internacional fez matéria investigativa na Tanzânia sobre o assunto.
Suas reportagens chamaram a atenção de Peter Ash, homem de negócios canadense com albinismo, que fundou uma organização chamada Under the Same Sun, para tratar do tema.
“Aquilo me perturbou muito e comecei a pesquisar mais a fundo”, contou Ash. Ele fundou a UTSS em 2009 e desde então se fez ouvir até pela ONU. “Estive na Tanzânia 12 vezes em 4 anos. Temos lá agora um escritório com 20 funcionários, 15 deles trabalhando em período integral. Cerca da metade tem albinismo”.
A ONU trabalhou em conjunto com a UTSS para colher dados para elaborar a nota condenatória da violência contra as PCS, divulgada recentemente.
“Condeno com veemência esses ataques e assassinatos brutais, cometidos em circunstâncias particularmente horrendas, envolvendo o desmembramento de pessoas, inclusive de crianças ainda vivas”, disse Navi Pillay, Comissário-Chefe dos Direitos Humanos da ONU.
O texto da condenação trouxe exemplos de atrocidades cometidas contra PCAs nos últimos 2 meses. Um garoto de 7 anos foi surpreendido por agressores, que cortaram seu braço e o mataram, além de seu avô, que tentava protege-lo (31 de janeiro. Uma mulher teve o braço amputado por um grupo de homens, enquanto dormia ao lado de 2 de seus 4 filhos (5 de fevereiro). Um menino de 10 anos teve seu braço arrancado por 2 agressores, enquanto voltava para casa da escola (15 de fevereiro).
Esses eventos, compilados pelos funcionários de Ash, vez mais trouxeram o assunto para as manchetes internacionais. Grande vitória, uma vez que conscientização é fator chave na contínua luta contra a discriminação das PCAs. Entretanto, divulgar isso na Tanzânia é um desafio, devido á dificuldade de comunicação, especialmente nas áreas rurais, onde o problema é mais crucial.
Trabalho de Base
A Tanzânia tem alguma capacidade para lidar com esse problema. O país é uma democracia multipartidária, embora uma única coalisão domine o país há décadas. Ainda que o processo eleitoral seja geralmente limpo, a corrupção emperra a funcionalidade do governo. A sociedade civil é assolada pela pobreza generalizada, mas o país abriga diversos grupos não-governamentais de proteção civil, como o Centro de Direitos Humanos e legais e a Sociedade Tanzaniana dos Albinos, ambos com sede na capital, Dar es Salaam.
O governo, liderado pelo presidente Jakaya Kiwete, tem tomado medidas para diminuir a discriminação contra os cidadãos com albinismo. Kiwete já se pronunciou contra a violência. Ele também nomeou uma mulher com albinismo para atuar no parlamento, em 20005. A próxima PCA no parlamento foi eleita por voto popular, em 2010. Além disso, dezenas de curandeiros foram presos por incutirem mitos destrutivos sobre PCAs.
Esses sinais são encorajadores – com mais conscientização, a porção da população tanzaniana conivente com essas atrocidades continuará diminuindo.
Mas, como Pillay reiterou, ainda há longo caminho a seguir: “Além de proteger fisicamente as PCAs, o governo precisa investir muito em educação e conscientização para combater o estigma ligado às PCAs”.
O problema tem raízes profundas, explica Susan Dubois, fundadora da Asante Miriamu, grupo de defesa das PCAs, na Virginia (EUA):
“O governo tem cooperado, mas é muito reticente sobre o assunto, porque gera muita má publicidade e porque os curandeiros são fortemente enraizados na cultura do país. É um assunto com o qual há que se ter extrema cautela”, explica DuBois, que tem 2 filhos albinos.
“Médicos tradicionais ou curandeiros sao muito úteis em suas comunidades, especialmente onde o acesso à saúde é limitado. Alguns pegaram uma curva errada; criaram esse mercado negro. Eles afirmam que a pele, os olhos, os tecidos dos órgãos ou o sangue de PCAs podem ser transformados em poções, que trarão sorte e riqueza. Como resultado, houve cerca de 100 ataques a PCAs nos últimos 5 aanos, resultando em mais de 50 mortes. Suspeitamos que o número seja maior, devido ao tabu em denunciar tais crimes.”
Como Ash, DuBois motivou-se a ajudar depois de saber pela mídia sobre as atrocidades na África Oriental. Um noticiário da ABC exibiu matéria sobre uma mulher com albinismo, em 2009. DuBois assistiu e ficou comovida e chocada com o que viu.
A mulher perdera ambos os braços e o bebê que esperava devido a um ataque que quase lhe custou a vida. DuBois e o marido ajudaram a trazer a mulher para os EUA, onde ela recebeu braços mecânicos. Ela também foi apresentada ao congressista Gerald Connoly, que elaborou projeto, aprovado pelo Congresso em 2010, condenando os abusos contra as PCAs. Mariamu está de volta a Tanzânia, usando seus braços mecânicos para escrever, bordar e ajudar outras PCAs, que lutam contra o isolamento. Essa é uma história que DuBois gostaria de ver repetida mais vezes.
“Nossa organização é tão pequena e a Tanzânia é tão grande e predominantemente rural. Não é bem interligada por internet ou estradas, então, levará muito tempo para que essa situação mude. Não acontecerá da noite para o dia.”
Múltiplas Ameaças
Os desafios enfrentados pelas PCAs vão além da discriminação e da perseguição. Na verdade, a ameaça mais letal não é a violência, mas o câncer, pois a pele não-pigmentada não é apropriada para enfrentar a radiação solar. Por isso, é raro que uma PCA na África ultrapasse os 40 anos.
“O câncer de pele é um problema enorme”, relatou Ash. “Não tenho melanina, substância natural da pele, que protege contra os raios UVA. A exposição ao sol – especialmente durante calor intenso e em áreas onde o trabalho na lavoura é comum – é muito perigoso. Muitos tanzanianos com albinismo não foram educados a respeito da necessidade de usar camisa de manga comprida, além de não terem acesso a bloqueador solar. Mas, o câncer de pele é totalmente evitável.”
Essa suscetibilidade pode resultar em feridas e tumores, que aumentam o risco de ser discriminado pela família ou pela comunidade. Doenças ligadas à condição também podem dificultar a realização de trabalhos braçais, gerando a cruel ideia de que as PCAs são inerentemente incapazes ou preguiçosas. Desse modo, questões ligadas à saúde contribuem para dilatar o círculo vicioso, corroborando atitudes públicas errôneas sobre o albinismo.
AS PCAs também têm problemas de visão – muitos, como Ash, são legalmente cegos. “Na América do Norte, há recursos à disposição, mas, na Tanzânia, elaas vão à escola e não enxergam a lousa. Os professores já vem com ideias pré-concebidas, de que essas crianças não são espertas o bastante”, explicou Ash.
Como consequências, as crianças com albinismo não dispõem das ferramentas ou da atenção de que necessitam, criando outro círculo vicioso, pela limitação do acesso à educação.
A UTSS e a Asante Miriamu têm trabalhado para conscientizar sobre os danos à pele e sobre as limitações visuais. Também tentam disseminar ferramentas simples – bloqueador solar e lentes de aumento -, que podem ser usadas para enfrentar esses desafios. Ambas organizações têm levantado dinheiro para bolsas de estudos para crianças com albinismo.
“Vai ficar complicado falarem na Tanzânia: ‘olha só, esses inúteis!’, quando forem membros bem sucedidos da comunidade”, prevê Ash. “Um dia as PCAs assumirão seu lugar de direito na sociedade e os dias de preconceito se tornarão uma lembrança distante”.
Longo Caminho pela Frente
AS PCAs das áreas rurais da Tanzânia são frequentemente deixadas de lado em suas comunidades. Em centros urbanos, elas geralmente têm melhor acesso a grupos de apoio.
A Sociedade Albina da Tanzânia, em Dar es Salaam, é uma prova da determinação das organizações locais em lutar por mudanças, mas a situação é difícil. Embora a Sociedade tenha recebido verbas do governo, elas são pequenas.
Considerando-se que tantas atrocidades contra PCAs ocorram em áreas remotas, os ativistas argumentam que necessitam de mais recursos para alcançar cada uma dessas localidades. Entretanto, a Tanzânia é um dos países mais pobres do mundo e tem outros problemas a enfrentar, como infraestrutura precária, fome, AIDS e malária.
“Dado os desafios que os países da África Oriental já enfrentam, o albinismo é apenas uma pequena parte”, disse DuBois. “Muito mais crianças perdem a vida diariamente devido à malária do que pelo albinismo. Então, reconheço que nosso problema é pequeno, mas nem por isso nosso comprometimento é menor”.
Ela complementa que embora a sua organização e outras tenham estado ativas na Tanzânia há alguns anos, as mudanças acontecem vagarosamente.
“Elas são contínuas e acredito que veremos um momento de virada nos próximos anos, mas temos assistido a ataques recentes, então é tudo muito perturbador. Cada vez mais, creio que precisamos divulgar o problema. Há muto po fazer”, conclui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário