Roberto Rillo Bíscaro
Não tive
curiosidade de ver nenhuma das filmagens das Crônicas de Nárnia. Nem conhecia
direito o teor do clássico infanto-juvenil do inglês C. S. Lewis. Decidi ler
os 7 livros que compõem as crônicas, porque há 20 anos vi e amei Terra das
Sombras, com Anthony Hopkins e Debra Winger.
O filme
conta sobre o casamento do escritor com uma norte-americana, que contrai
câncer. Real e triste, a narrativa enfoca o efeito de tanto sofrimento no
pensamento religioso do autor, embora contenha referências a sua obra pra
crianças.
Optei por
ler a coleção desobedecendo à cronologia das publicações. Ao invés, procurei
num site de fãs a ordem mais lógica pro desenvolvimento da série. Por isso,
comecei pelo sexto livro na ordem de publicação: The Magician’s Nephew (1955).
O sobrinho
em questão é Digory, que, sem querer, descobre que seu esquisito tio Andrew é
um mágico mesquinho e do mal, ainda que muito sem poder. Mesmo assim, Tio
Andrew encontrara o material pra fundir 2 anéis que permitiam viagens através
de quaisquer dimensões do universo. Lewis e o autor do Senhor dos Anéis eram
muito amigos e tinham um clubinho informal pra discutir histórias em processo
de escrita. Esse pessoal reunia-se num pub
e autodenominavam-se Inklings (veja Terra das Sombras).
Junto à
vizinha Poly, Digory começa a ir de lá pra cá em reinos mágicos, até que
acidentalmente traz perversa e poderosa bruxa à Terra. Pra se livrar dela,
chega à Nárnia, bem no momento de sua criação pelo leão Aslan.
O livro
funciona como o Gênesis da mitologia infanto-cristã requentada por Lewis. Não
faltam maçãs e tentações da bruxa pra que Digory traia o criador Aslan. É justamente a visão da Terra criada como
domínio do Homem que explica o fato dum leão criar um mundo apenas pra dá-lo a
reis humanos pra que o governem. No mundo pseudo-harmonioso do humanista
inglês, igualdade não está em alta, posto Aslan – personagem meio chatinha e
sentenciosa – conceder o poder da fala e do pensamento a apenas um casal de
cada espécie criada por ele. Bem, não há menção a abelhas e insetos pensantes e
falantes, reduzindo ainda mais a “democracia” animal do escritor. E, claro que
os humanos não são criados pelo Leão – isso seria heresia demais! -, antes, vêm
importados de nosso mundo.
A escrita de Lewis é bastante coloquial e muito
frequentemente reproduz a oralidade de alguém contando uma história, bem
“britanicamente”.
Parabéns pela matéria e pela música !!!
ResponderExcluirAbraços amigo Roberto
Stella Maris