A fauna do continente australiano apresenta animais ímpares, alguns ocorrendo apenas em partes bem específicas da região, como o diabo da Tasmânia.
Até que demorou pra aparecer animação povoada pelos marsupiais e demais bichos do que um dia foi chamado de Novíssimo Continente. E quando surgiu, o protagonista-herói nada mais é do que um coala albino.
Outback – Uma Galera Animal, coprodução Coreia do Sul/EUA, foi lançado ano passado. Outback é uma região natural da Austrália, que ocupa 2/3 do território do país. Lá vive o desprezado e humilhado Johnny, rejeitado pelos demais ursinhos e ursões devido a seu albinismo.
Ao fugir, é aliciado por um diabo da Tasmânia, metido a relações-públicas, que quer transformá-lo – sem que o coala imagine – em atração de um show de horrores. Os freak shows eram o final de diversas pessoas com albinismo no século XIX e começo do XX; sem oportunidade de sustento, submetiam-se à humilhação de viverem da exploração de sua “aberração”.
A coisa não dá muito certo no circo/show de horrores e, por acidente, Johnny e seus amigos acabam numa linda região, aterrorizada por um crocodilo e seus cães e urubus-asseclas, que controlam o abastecimento d’água. Moderninho, considerando-se que a luta por água será uma das batatas quentes que seguraremos em futuro bem próximo, dizem. Segue-se a usual e esperada história de superação e afirmação positiva da diferença de Johnny.
Pena que o albinismo do coala restrinja-se à alvura da pelagem. Não há referências à deficiência visual, fotofobia ou desconforto pela exposição ao causticante sol australiano. Imagino que deva ter sido mais prático suprimir essas limitações pra construir o heroísmo da personagem. Contudo, isso a empobrece, tornando Johnny apenas um coala branco, que passa a funcionar como o novo negro.
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