Roberto Rillo Bíscaro
A inverossimilhança poderia ter sido contornada se o roteiro nos fizesse amar, odiar, amar odiar ou odiar amar alguém. Novelão de sucesso funciona na base da empatia, algo perto de impossível de suceder em Deception, onde tudo funciona no piloto-automático.
Todos os elementos duma soap estão na trama, mas sua exposição e a urdidura das personagens não deixam que nos importemos com ninguém. Chega a ser quase incrível como um roteirista pode apresentar tantos golpes folhetinescos sem o menor jeito. No primeiro episódio já aprendemos que a adolescente Mia não é irmã, mas filha de Vivian. A cena tem tanta emoção quanto o anunciar do nome de pacientes num posto de saúde.
E olha que temos uma família com potencial icônico de Ewings ou Carringtons. Irmão mais velho com um suposto assassinato manchando seu passado, irmão mais jovem pleiboizinho que poderia sofrer tanto ainda, madrasta com sotaque britânico, encharcada de vinho e com macho-bandido na cadeia, uma adolescente que em uma semana tem mais traumas do que gente décadas mais velhas (ela descobre que Vivian era sua mãe num desses sites tipo TMZ; em um par de dias sabe que seu pai é o malvado senador Haverstock, que a procura porque precisa dum transplante de medula!). E um patriarca chique, galã, que humilha, coage, chantageia e manda matar com um sorriso angelical. Meu favorito, claro! Robert Bowers could rule! Mas daí, sempre tive fraco por papaizões caucasianos diabólicos.
A audiência foi baixa e os 13 episódios planejados pra temporada 1 transformaram-se em 11. Todo mundo prediz o cancelamento de Deception. O veredito sai mês que vem. Se renovarem, assistirei à reencarnação, porque sou soapopeiro. Mas, se Deception permanecer no limbo, não me importarei.
O sucesso de Revenge ressuscitou tramas novelescas
ambientadas em comunidades elegantes. Ringer, infelizmente, não sobreviveu. Nem
por isso as redes deixariam de tentar a sorte. Entre janeiro e março, a NBC
exibiu os 11 capítulos de Deception. Revenge (Vingança) também deflagrou a
minitendência de títulos gritantes e escancaradores, tipo Scandal. Deception
significa trapaça, fraude, enganação. E depois zoam as novelas mexicanas,
gente!
A bilionária (amo, delícia!) família Bowers é dona dum
complexo farmacêutico e no primeiro capítulo é abalada com o assassinato de
Vivian, a filha/irmã junkie vagabunda
ao estilo Laura Palmer, da noventista Twin Peaks. A melhor amiga da moça é
agora policial, por isso o FBI a designa pra se infiltrar no clã e descobrir
informações. Mesmo sem contato com os Bowers há mais de 15 anos, Joanna é
convidada pelo patriarca Robert Bowers a ficar na mansão, assim, sem mais nem
menos. A afrodescendente-protagonista (deu certo em Scandal, tentemos em
Deception!) é filha duma ex-empregada, por isso tanta ex-intimidade com Vivian.
Implausível pros diabos e isso é apenas o desencadeador da ação. A inverossimilhança poderia ter sido contornada se o roteiro nos fizesse amar, odiar, amar odiar ou odiar amar alguém. Novelão de sucesso funciona na base da empatia, algo perto de impossível de suceder em Deception, onde tudo funciona no piloto-automático.
Todos os elementos duma soap estão na trama, mas sua exposição e a urdidura das personagens não deixam que nos importemos com ninguém. Chega a ser quase incrível como um roteirista pode apresentar tantos golpes folhetinescos sem o menor jeito. No primeiro episódio já aprendemos que a adolescente Mia não é irmã, mas filha de Vivian. A cena tem tanta emoção quanto o anunciar do nome de pacientes num posto de saúde.
E olha que temos uma família com potencial icônico de Ewings ou Carringtons. Irmão mais velho com um suposto assassinato manchando seu passado, irmão mais jovem pleiboizinho que poderia sofrer tanto ainda, madrasta com sotaque britânico, encharcada de vinho e com macho-bandido na cadeia, uma adolescente que em uma semana tem mais traumas do que gente décadas mais velhas (ela descobre que Vivian era sua mãe num desses sites tipo TMZ; em um par de dias sabe que seu pai é o malvado senador Haverstock, que a procura porque precisa dum transplante de medula!). E um patriarca chique, galã, que humilha, coage, chantageia e manda matar com um sorriso angelical. Meu favorito, claro! Robert Bowers could rule! Mas daí, sempre tive fraco por papaizões caucasianos diabólicos.
A audiência foi baixa e os 13 episódios planejados pra temporada 1 transformaram-se em 11. Todo mundo prediz o cancelamento de Deception. O veredito sai mês que vem. Se renovarem, assistirei à reencarnação, porque sou soapopeiro. Mas, se Deception permanecer no limbo, não me importarei.
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