Em 1901, o nobelizado Thomas Mann estreou no mundo do romance com Buddenbrooks, obra meio autobiográfica que relata o apogeu e a decadência duma família de mercadores no norte alemão do século XIX.
Vi a adaptação pra cine, com jeitão de minissérie, rodada em 2008. Fazia tempo que não via filme europeu, com ar meio distanciado e solene.
Os Buddenbroooks, na década de 1830, tornam-se os equivalentes mercantis da velha nobreza. Decisões, especialmente os casamentos, são tomadas em nome das responsabilidades e tradição familiares. Mas, os germes de sua queda já estão no patriarca da vez, que na velhice se declara inapto pra tomar decisões comerciais corretas e passa o cetro pro filho mais velho – como tem de ser numa dinastia. Segue-se a decadência familiar, atribuída muito em função de iinclinações artísticas e certo ennui congênito (influência schopenhauriana?)
Se a endogenia do filme falha em mostrar claramente as razões econômicas por trás da ciranda sucessória de famílias poderosas, não deixa de ser muito eficaz em escancarar a brutal reificação imposta pelo capital. Toni – a “princesinha” Buddenbrook – destrói qualquer chance de felicidade ao tomar decisões matrimoniais pensando no bem dos negócios.
Armin Mueller-Stahl – já incensado no blog (leia aqui) – garante a parte mais empática de Buddenbrooks; quando sai de cena, a narrativa fica mais gélida.
Com cenários e figurino caprichados, a sobriedade e dramaticidade dessa triste história servem como belo painel duma fase já ultrapassada do capitalismo.
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