quinta-feira, 11 de abril de 2013

TELONA QUENTE 71

Roberto Rillo Bíscaro

Não sei se sou cinéfilo, como dizem. Não sigo lançamentos ou diretores, quase nem leio críticas de filmes. Escolho o que ver pelo elenco, enredo ou mesmo procedência. Outro dia, interessei-me por um filme paraguaio, porque jamais vi algo de lá.
Sábado passado, vi 360 (2011). O arquivo estava em meu HD externo há meses, talvez pela presença de Anthony Hopkins, mas só cogitei tal possibilidade quando ele apareceu na telinha, porque se trata dum desses filmes onde o nome dos atores aparece no final (detesto!). A direção do brasileiro Fernando Meireles só foi descoberta depois de finda a película (se bem que isso não teria feito diferença, porque Cidade de Deus é só mais um filme e não essa oitava maravilha como querem alguns)
Se sou cinéfilo, devo pertencer à falange anárquica.
O que me cativou em 360 foi a plurinacionalidade do elenco e da ambientação. Personagens e histórias em diversas cidades em 2 continentes se cruzam, tangenciam, complementam e chocam, embaladas pela noção da globalização (que mostra bem seu lado de falácia numa narrativa onde apenas certas partes do mundo se conectam). Por vezes a situação soa forçada demais e a determinista lei de causa e efeito desmonta a tentativa de parecer moderninho e “caótico”. Formalmente, a tela multidividida de várias cenas ecoa a aparente forma livre do roteiro, que não deixa de encerrar no mesmo ponto em que começara, apontando prum dos limites do aparente rompimento com a forma dramática (o roteirista é o mesmo d’A Rainha...).
Com tantas nacionalidades e culturas no tabuleiro, alguns estereótipos aparecem. Seria refrescante, por exemplo, que num relacionamento entre um muçulmano e uma ocidental, fosse o Ocidente que desse pra trás por receio de quebrar algum tabu.
Isso, porém, não azedou meu prazer de ver atores carregando com tanto carisma e competência o filme, apesar do roteiro! Russos, eslovacos, brasileiros, ingleses, norte-americanos, falando em suas línguas nativas e ainda em francês.
Continuarei a ser algo aleatório pra eleger o que vejo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário