segunda-feira, 6 de maio de 2013

“FUI A NOIVA MAIS LINDA QUE JÁ VI!”

Em janeiro de 2010, a fluminense Mirian Dias foi a primeira mulher com albinismo a enviar sua história pra ser publicada no blog. Ela pode ser lida aqui.
Desde então, o envolvimento de Mirian com a causa albina aumentou a ponto de ela ser uma das líderes da associação de pessoas com albinismo no estado do Rio de Janeiro.
Mirian compartilhou mais um pouco de sua experiência conosco. Dessa vez, escolheu um momento-chave para muitas mulheres: o casamento.


Desde muito nova, nunca gostei da cor branca. Não só da cor, mas a palavra “branca” já me causava arrepio, quando ouvia na rua ou no ônibus, porque quase sempre as pessoas estavam se referindo a mim, com aquele espanto costumeiro, de ver uma criança tão alva... Nem sempre era de mim que estavam falando, mas isso não fazia diferença nenhuma, porque me sentia constrangida, da mesma forma.
Vestir branco? Só a blusa da escola, usei por anos! Minha tortura. Sentia ficar mais branca ainda. Se é que isso é possível.
Os anos passaram e aos 29 anos, de casamento marcado, me deparei com esse dilema: qual a cor do meu vestido de noiva? Pra dizer a verdade, eu não queria me casar na Igreja. Nunca tinha me sentido no direito de me casar, muito menos numa cerimônia religiosa, com toda “pompa e circunstância”.
Mas, para agradar a família, me propus a esse “sacrifício”. Todos os planos que envolviam essa data estavam sendo cumpridos, desde a decoração ao bolo. Mas, e o vestido? Pensava que ia parecer um fantasma, vestida de branco. Que ia ficar mais apagada ainda, que ficaria horrível e serviria de motivo de chacota para a maioria.
Depois que confidenciei meus medos a dois amigos do trabalho, um deles me disse que de vestido de cor champanhe sim, eu ficaria esquisita. Que eu não tinha motivos para escolher o azul e que de branco eu ia parecer uma “bonequinha”. Ri dessa comparação, claro. Eu? Boneca?
Acho que no fundo eu tinha o sonho que a maioria das mulheres tem: casar na Igreja, com um lindo vestido. Acredito que o albinismo me roubou esse sonho, durante muitos anos da minha vida, mas que ele aflorou, porque decidi encarar o desafio: casar de branco!
Um vestido branco, com calda, saia bem rodada detalhes dourados nas duas bainhas, porque tinha um babado. A parte superior do vestido, de crochê, sem manga, trabalhado com pedras douradas e brancas. Diferente, original e surpreendente, assim como eu!
Casei numa tarde de outono, uma cerimônia simples e bonita. Lá estavam minha família e poucos amigos. Eu não parecia a menina espantada, querendo fugir de todos, com vergonha de mim mesma. Eu era o centro das atenções. Fui muito elogiada! Primeira vez que fiz uma maquiagem. E foi a primeira vez que fui popular.
Mas, preciso confessar que não fui tão forte assim: pintei meus cabelos, numa mistura de dois tons de loiro. Como resultado, fiquei com os cabelos loiros, porém mais escuros, o que contrastou muito bem com o vestido e a minha pele branquinha. Foi isso que disseram e concordei. Fui a noiva mais linda que já vi!

4 comentários:

  1. Linda sempre. Linda a possibilidade de se (re)inventar.... Prazer compartilhar tantos aprendizados com vc. Obrigada

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  2. O LOCO MEU,QUE REPULSA A COR BRANCA RSSS, JÁ EU AMO USAR CAMISETAS BRANCAS.MAS GOSTEI DO SEU RELATO NANICA, VOCÊ MOSTROU A REALIDADE DE SUA VIDA, PORQUE TEM MUITA GENTE POR AI QUE DISFARÇA E FALA QUE NUNCA SOFREU ALGUM PRECONCEITO POR SER UMA PESSOAS COM ALBINISMO.

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  3. Não mais me surpreendo com o que Mirian escreve, pois já a considero INTELETUAL NATA, rsrsrsrs... Te imagino como uma princesinha de noiva! PARABÉNS minha linda!!!

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  4. Mirian coloca as fotos no face pra eu ver se ficou linda mesmo

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