Pessoas com deficiência: consumidores que não podem ser esquecidos
Boa parte dos estabelecimentos comerciais do País não está preparada para receber tal público
Bruno Caetano
A parcela da população brasileira com alguma deficiência intelectual, motora, visual ou auditiva passou de 14% em 2000 para 24% em 2010, totalizando 45,6 milhões de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Há quem diga que tamanho aumento é fruto de alteração na metodologia da pesquisa. Outros veem uma mudança comportamental do entrevistado que, ao sentir-se mais respeitado em seus direitos, resolveu admitir sua condição.
O fato é que as pessoas com deficiência são um grande mercado consumidor. Porém, boa parte dos estabelecimentos comerciais do País não está preparada para receber tal público. Mas promover a inclusão desse grupo não se limita ao interesse mercadológico; é uma obrigação social e demonstração de respeito pelo próximo.
Quanto aos negócios, o dono da empresa deve estabelecer uma política de atendimento. O ponto de partida é o bom senso. A pessoa com deficiência não quer superproteção ao entrar numa loja ou solicitar um serviço. Não superestime nem subestime suas dificuldades e possibilidades. Ofereça ajuda e aguarde o consentimento antes de agir.
No caso de cadeirante, a locomoção pede cuidados. Daí a importância de rampas, piso sem irregularidades e espaço suficiente para o deslocamento. Lembre-se: cadeira de rodas, muleta e bengala são praticamente extensões do corpo e não devem ser manuseadas sem autorização.
Se o cliente tem problema auditivo, fale naturalmente e com calma. Certifique-se de que ele vê seus lábios e, se precisar, comunique-se com bilhetes ou gestos.
No caso de pessoa com deficiência visual, o primeiro contato pode ser um toque no braço. Em seguida identifique-se e ofereça auxílio. Jamais se afaste sem avisar e se for levá-la junto, dê seu braço ou ombro para segurar, sem nunca puxá-la.
As adaptações do estabelecimento incluem portas mais largas nos banheiros, torneiras e secadores automáticos. Ajuste também a comunicação: placas indicativas, cardápio em braile e site que permite atendimento de internautas com baixa visão e ferramenta de voz para aqueles sem nenhuma visão são bem-vindos.
Adequações assim só trazem benefícios. Mostram tino comercial, responsabilidade social e valorizam a imagem da empresa.
* Bruno Caetano é diretor superintendente do Sebrae-SP
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