sexta-feira, 14 de junho de 2013

PAPIRO VIRTUAL 58

Juliana Vieira Costa tem 26 anos e mora em Penápolis/SP. É advogada há dois anos e escreve desde sempre, mas apenas há um ano começou a divulgar suas obras. Possui um blog onde publica poesias (www.retalhosdetinta.blogspot.com.br) e lançou um livro de poemas intitulado “Retalhos de Tinta”, no início deste ano. Ele pode ser encontrado no site www.clubedeautores.com.br. Comentários podem ser enviados para o e-mail juvieiracosta@gmail.com.

 

Sei que você consegue ver a chuva

E senti-la tal como eu sinto

Sei que as mesmas gotas que te molham

Caem sobre meu rosto e encharcam meus cabelos

 

Às vezes parece que as águas nos cercam

E o medo de afogar aperta nossos corações

Mas então você segura minha mão

E me sinto poder andar sobre essas águas

 

Deixei de temer enchentes

Pois onde piso seus pés me acompanham

Construindo pontes, secando a terra

Como o sol que me desperta todas as manhãs

 

Hoje a água se derrama sobre nós

e faz florescer em nossas almas

Olhe para o céu, veja como as nuvens sorriem para nós

Por toda parte elas chovem o nosso amor.


 

O que tem nos seus olhos?

Que toda vez que fitam os meus

Impedem que eu veja ou faça

Qualquer outra coisa que não tenha você

Que não tenha teu reflexo

Que não tenha tua luz.

 

O que tem nos seus lábios?

Que quando tocam os meus

Quando encostam na minha pele

Provocam uma febre incurável

Sem remédio para amenizar

Que não sejam os beijos teus.

 

O que tem nas tuas mãos?

Que quando acariciam meu rosto

Quando apertam meu corpo

Fazem com que o mundo em volta desapareça

E a vida perca todo o sentido

Se não estiver impregnada do cheiro teu.

 

O que tem em você?

O que tem na sua alma?

O que tem no seu corpo?

O que tem nas suas palavras?

 

O que tem em você?

Muito de mim.

E em mim muito de você.

 

O que tem em você?

O que falta em mim.

O que falta no mundo.

O que sobra em nós.


 

Mil anos esperaria

Mil anos já esperei

Para cruzar o azul dos meus olhos

ao verde dos teus

Encontro de águas diferentes

mar revolto e lagoa cristalina

Como a primeira vez que te vi

Eu fugindo da própria consciência

e você apenas uma menina

 

Quantas vezes te tive em meus braços

Para te alegrar, para me acalmar

E quantas vezes nossas respirações

se perderam

Sem saber qual iria desistir primeiro

Apenas soube, sempre soube

que se um dia aquele sangue

fosse o nosso

contra tudo e todos

não acabaria ali.

 

E quando você estava pronta

Eu estava também

Você para chegar

Eu para partir

E eu te pedi pra me deixar ir

Porque você sabia que eu jamais me afastaria

E olhando o mar, te beijei pela última vez

Enfim o encontro selado

A lagoa se agitou

O mar se acalmou.

 

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