quinta-feira, 22 de agosto de 2013

TELONA QUENTE 76

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Roberto Rillo Bíscaro

Parte do chamado cine de ficção-científica não passa de porrada/aventura ambientada no espaço/futuro. Também há as megaproduções fartas em efeitos especiais, com premissas cientificamente estapafúrdias. Quando surge produção destoante, fãs “sérios” do gênero se assanham. Este ano, tal função coube a Europa Report.
Astronautas – interpretados por elenco internacional – partem pra primeira viagem ao espaço profundo. Destino: Europa, uma das luas de Júpiter, onde recentemente cientistas na vida real descobriram água sob o gelo. Arthur C. Clarke já escolhera o satélite pra 2010: Ano em Que Faremos Contato. Se existe água, há chance de vida. De que tipo? Descobrir isso é a missão dos cosmonautas ficcionais.
Após meses, a tripulação perde contato. Quando as imagens da missão chegam a Terra, a humanidade descobre o horrível destino dos aventureiros. Também fica sabendo se existe vida na gélida Europa.
O cine de horror tem usado o recurso das imagens encontradas, a ponto de convertê-lo em subgênero, o found footage film. (Leia um exemplo aqui.) Europa Report usa essa e outras convenções horrorosas, mormente a eliminação gradual de personagens, mas é ficção científica, não se preocupem os que não curtem terror. Não tem sangue ou meleca.
Sci fi com suspense psicológico, o filme pode desagradar os adictos por ação continua, barulheira e pirotecnia. O baixo orçamento é otimizado pra criar atmosfera claustrofóbica e realista duma espaçonave.
Consultores da NASA tentaram garantir consistência científica, mas não dá pra esquecer que a premissa bicha o esforço. Dificilmente Europa seria o destino da primeira viagem tripulada depois das expedições lunares. O Planeta Vermelho é bem mais cotado e próximo. Megalomania que os roteiristas poderiam ter contido facilmente. Bastava alterar 2 linhas e dizer que era a primeira viagem a Europa. Menos às vezes é mais.
Certa assepsia nas elegantes imagens e na abordagem da história confere tom retrô, anos 70. Isso coloca Europa Report meio em sincronia com o superior Moon, dirigido por Duncan Jones. (Resenha aqui.)
A direção do equatoriano Sebastián Cordero talvez seja blasê demais e a surpresa final não surpreende (mas dá margem pra sequências repletas de ação, tiroteio e explosões!). Mas, pra quem curte ficção científica lenta, de tensão crescente e otimista na importância da ciência, Europa Report é oásis espacial.
Quem descobrir a piscadinha a 2001, uma Odisseia Espacial, comente no blog!

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