Não comungo da ideia de que qualquer coisa que se leia
vale a pena. Incinerar pestana com porcaria? Por isso parei aos 72% - chique o
Kindle indicar a porcentagem, gente! – do primeiro volume de Game of Thrones
(1996), do provavelmente trilhardário George R. R. Martin. Várias continuações
e a famosa série da HBO – sem contar outros produtos mil – devem ter estourado
os bolsos do estadunidense.
Pra mim não deu. A história da disputa pelo poder entre
famílias poderosas numa Idade Média fabricada num planeta inventado é contada
decentemente, mas sem maestria literária. Parece um roteiro, onde os conflitos
vão se empilhando previsivelmente, as personagens são profundas como pires e o
texto é esterilizado por jargões, clichês e metáforas-catacrese. Se é só isso, prefiro
ver a adaptação da HBO, que tá bombando e em algum HD externo na fila. Tomará
menos tempo que os livros.
Cheguei até porcentagem tão
alta por teimosia, porque me pegava desejando ler Walter Scott ao invés. Pelo
menos o medievalismo do escocês tinha uma função simbólica importante nas
convulsões sociais do século XIX. A medievalidade anacrônica de Martin também tem
sua função além-de-escapista nessa pós-modernidade de nosso néo-medievo, mas prefiro
viver sem isso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário