Em São Paulo, mais de 50 deles se preparam para trabalhar no interior do país, em rincões
onde o atendimento básico é luxo.
Poucos quilômetros separam o quartel na zona sul de São Paulo da Escola Municipal da Saúde, onde há uma semana o grupo de destemidos profissionais tem aulas sobre o sistema de saúde brasileiro e noções de português.
"Acordamos cedo porque temos de enfrentar o trânsito", conta Thiago da Silva, 32 anos. Paulistano, há mais de uma década foi para a Argentina. Há poucas semanas voltou ao país, carregando um diploma de médico, um leve sotaque portenho e a expectativa de fazer diferença no SUS (Sistema Único de Saúde).
"Quero contribuir para o sistema de saúde do meu país. As expectativas são as melhores. Quero ajudar. Por isso resolvi vir", diz Silva.
Ele é um dos 1.778 inscritos na primeira fase do programa, que pagará R$ 10 mil aos profissionais que permanecerem pelo menos três anos em locais onde há carência de médicos. Ao todo, são cerca de 15 mil vagas.
Silva irá atuar em Francisco Morato, na periferia da Grande São Paulo. Até o momento, 282 estrangeiros (brasileiros com formação no exterior entram nessa conta) se inscreveram no programa, fora o contigente de 4 mil médicos cubanos que atuarão no país por meio de um convênio entre Brasília e Havana.
A vizinhança rica e os prédios envidraçados da Vila Olímpia, onde a escola se situa, destoam bastante da próxima parada destes profissionais.
Ignácio Ferreyra frequenta as aulas com uma jaqueta azul bordada com um "puma", animal símbolo da seleção argentina de rugbi.
Há três anos ele trocou Córdoba por Ilha Bela, no litoral de São Paulo. Nesse tempo, tentou revalidar o diploma, sem sucesso. No meio tempo, passou a dar aulas de rugbi, esporte anglo-saxão pouco conhecido aqui mas que faz sucesso no lado argentino da fronteira.
"Eu vi no Mais Médicos a grande oportunidade para fazer o que eu sei, que é ser médico. Todo mundo agora tem a expecativa de conhecer logo o posto de saúde onde vai trabalhar", diz. Questionado sobre a possível falta de infraestrutura, ele desconversa.
"Até agora, tudo o que nos prometeram tem acontecido", diz, elogiando a infraestrutura do curso.
Ferreyra vai para uma comunidade de Bertioga e não nega que seja um "sortudo" por trabalhar na praia.
"Eu também já estou acostumado com os caiçaras. Tenho certeza de que poderei fazer muita coisa", diz, em bom português.
Mas esta não é a primeira experiência internacional desta portuguesa nascida no antigo Congo Belga e que já clinicou em vários países, como Inglaterra e Holanda.
"Eu sempre quis viver no Brasil", conta, dizendo que era chamada de brasileira nos tempos da faculdade.
Kátia seguirá para Indaiatuba (SP) e diz que não nutre grandes expectativas. Sabe que a jornada será puxada e diz que está preparada.
"Pode ser que as tecnologias não sejam as mesmas, os protocolos não sejam os mesmos, mas gente doente e precisando de prevenção há por todo lado, é igual", diz.
Kátia se diz entusiasmada com a "oportunidade" e até o momento é só elogios ao programa, embora faça piada com o fato de ter lições de "português", parte integrande do curso preparatório aos estrangeiros.
A única grande crítica de Kátia e dos demais médicos é em relação ao episódio em que médicos brasileiros hostilizaram colegas cubanos durante treinamento em Fortaleza.
O projeto causou a ira das associações médicas em virtude da "importação" de profissionais e o episódio causou rebuliço nas redes sociais.
"Acho abominável", diz Kátia. "É uma grande falta de respeito". Mas a crítica logo se dissipa com mais elogios tecidos aos brasileiros.
Poucos quilômetros separam o quartel na zona sul de São Paulo da Escola Municipal da Saúde, onde há uma semana o grupo de destemidos profissionais tem aulas sobre o sistema de saúde brasileiro e noções de português.
"Acordamos cedo porque temos de enfrentar o trânsito", conta Thiago da Silva, 32 anos. Paulistano, há mais de uma década foi para a Argentina. Há poucas semanas voltou ao país, carregando um diploma de médico, um leve sotaque portenho e a expectativa de fazer diferença no SUS (Sistema Único de Saúde).
"Quero contribuir para o sistema de saúde do meu país. As expectativas são as melhores. Quero ajudar. Por isso resolvi vir", diz Silva.
Ele é um dos 1.778 inscritos na primeira fase do programa, que pagará R$ 10 mil aos profissionais que permanecerem pelo menos três anos em locais onde há carência de médicos. Ao todo, são cerca de 15 mil vagas.
Silva irá atuar em Francisco Morato, na periferia da Grande São Paulo. Até o momento, 282 estrangeiros (brasileiros com formação no exterior entram nessa conta) se inscreveram no programa, fora o contigente de 4 mil médicos cubanos que atuarão no país por meio de um convênio entre Brasília e Havana.
Oportunidade
As primeiras noções sobre como funciona o SUS e carga mais pesada sobre língua portuguesa são dadas em uma sala da Escola Municipal de Saúde, de São Paulo, uma das oito capitais onde os "estrangeiros" recebem treinamento por três semanas.A vizinhança rica e os prédios envidraçados da Vila Olímpia, onde a escola se situa, destoam bastante da próxima parada destes profissionais.
Ignácio Ferreyra frequenta as aulas com uma jaqueta azul bordada com um "puma", animal símbolo da seleção argentina de rugbi.
Há três anos ele trocou Córdoba por Ilha Bela, no litoral de São Paulo. Nesse tempo, tentou revalidar o diploma, sem sucesso. No meio tempo, passou a dar aulas de rugbi, esporte anglo-saxão pouco conhecido aqui mas que faz sucesso no lado argentino da fronteira.
"Eu vi no Mais Médicos a grande oportunidade para fazer o que eu sei, que é ser médico. Todo mundo agora tem a expecativa de conhecer logo o posto de saúde onde vai trabalhar", diz. Questionado sobre a possível falta de infraestrutura, ele desconversa.
"Até agora, tudo o que nos prometeram tem acontecido", diz, elogiando a infraestrutura do curso.
Ferreyra vai para uma comunidade de Bertioga e não nega que seja um "sortudo" por trabalhar na praia.
"Eu também já estou acostumado com os caiçaras. Tenho certeza de que poderei fazer muita coisa", diz, em bom português.
Experiência
Kátia Abrantes Miranda, 61 anos, tem uma neta com o nome "da grande Elis Regina". Ela diz que isso é mostra de sua estreita relação com o Brasil.Mas esta não é a primeira experiência internacional desta portuguesa nascida no antigo Congo Belga e que já clinicou em vários países, como Inglaterra e Holanda.
"Eu sempre quis viver no Brasil", conta, dizendo que era chamada de brasileira nos tempos da faculdade.
Kátia seguirá para Indaiatuba (SP) e diz que não nutre grandes expectativas. Sabe que a jornada será puxada e diz que está preparada.
"Pode ser que as tecnologias não sejam as mesmas, os protocolos não sejam os mesmos, mas gente doente e precisando de prevenção há por todo lado, é igual", diz.
Kátia se diz entusiasmada com a "oportunidade" e até o momento é só elogios ao programa, embora faça piada com o fato de ter lições de "português", parte integrande do curso preparatório aos estrangeiros.
A única grande crítica de Kátia e dos demais médicos é em relação ao episódio em que médicos brasileiros hostilizaram colegas cubanos durante treinamento em Fortaleza.
O projeto causou a ira das associações médicas em virtude da "importação" de profissionais e o episódio causou rebuliço nas redes sociais.
"Acho abominável", diz Kátia. "É uma grande falta de respeito". Mas a crítica logo se dissipa com mais elogios tecidos aos brasileiros.
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