Roberto Rillo Bíscaro
Na primeira metade dos anos 1950, o gibi de terror Tales From the Crypt começou a influenciar gerações de quadrinistas, cineastas, roteiristas, artistas gráficos e leitores. A série foi interrompida em 54, devido aos ataques contra os gibis, considerados nocivos à alfabetização e indutores da delinquência juvenil. A cruzada antiquadrinhos chegou até ao Congresso norte-americano. Já em 1955, Jerry Lewis satirizava mais essa histeria cinquentista em seu Artista e Modelos.
Os Contos da Cripta e publicações contemporâneas de suspense e horror da EC Comics adquiriram estatuto cult e ganharam versão luxuosa da HBO entre 1989 e 1996: 93 curtos episódios divididos em 7 temporadas. A produção ser da paga e mais exclusiva HBO Premium teve 2 efeitos importantes:
E choveram estrelas, por vezes, estraçalhadas! Da telona, lembro-me da superestimada Whoopi Goldberg (essa mulher é assim tão engraçada quanto nos venderam?), Demi Moore, Brad Pitt (se bem que não sei se ele já estourara, precisava ver o ano da aparição), os trágicos Christopher Reeve e Margot Kidder e até a pornô Traci Lords, que atacava em todos os meios, até em Melrose Place apareceu.
Da telinha, desde Adam West, que fez o imbatível Batman televisivo sessentista até Priscila Presley, a Jeena Wade da petrolífera DALLAS, que participou dum episódio como Gina, dando altos truques no mundo do... petróleo.
Que delícia ver o intragável Joe Pesci serrado!
Nossa Sônia Braga também apareceu, num episódio malaguetamente apimentado.
Atores consagrados posaram de diretores, como Tom Hanks, Bob Hoskins e Arnold Schwazenegger. Diretores famosos também entraram na brincadeira, como William Friedkin (d’O Exorcista) e o badalado Robert Zemeckis, que causara com o sucesso de Forrest Gump. Zemeckis atuou também como produtor executivo. Sua presença e supostas profundidade e inovação cinematográficas certamente justificaram a audiência pro público “cabeça”, que despreza o terror como pueril.
Quando via na TV, não tinha muita paciência pra caveira metida à engraçadinha que introduz e conclui cada episódio. A risada me irritava. Vendo em inglês acostumei-me e até me diverti bastante com os trocadilhos; inferno pros tradutores. A introdução é longa demais pros padrões de pouca paciência dos telespectadores deste século. E não é porque ultrapassei a metade de meu quarto decênio que não me encaixe nessa ânsia por rapidez. Ainda bem que a maioria dos episódios baixados veio sem a abertura.
O nível das histórias e interpretações flutua deveras. Algumas histórias tolinhas, outras sem expressão, mas boa parte do material é divertida e boa. A comédia/farsa dá o tom de fração considerável dos Contos da Cripta, atenuando o terror.
Na maior parte das tramas, o malvado se ferra, os relacionamentos intergeracionais são punidos e muito das problemáticas nasce de cobiça, ganância, enfim, do dinheiro, “raiz de todo mal”.
Minhas histórias prediletas são as que têm reviravolta ocasionando finais-surpresa. Conservadorismo a parte e registrado, são as ironias dramáticas que mais me divertem e atraem no gênero horripilante.
Pras gurizada atual, Tales From the Crypt pode soar pré-histórica, mas sou convicto de que os agradará tanto quanto às gerações anteriores.
E não é que o You Tube tá cheio de episódios? Bora conferir, moçada!
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