terça-feira, 8 de outubro de 2013

TELINHA QUENTE 93


Roberto Rillo Bíscaro

Especialistas amiúde entronam Além da Imaginação (The Twilight Zone) no Olimpo da ficção-científica produzida pra TV. Crítica e público coincidem em aclamar a série, exibida entre 1959-64.
A moral de seu criador, Rod Serling, era tamanha que a NBC prometeu-lhe carta branca pra desenvolver suas ideias na emissora, em 1969. Em novembro daquele ano foi ao ar o telefilme Night Gallery, exibindo 3 histórias sobrenaturais.
Uma delas foi estrelada pela veterana Joan Crowford e dirigida pelo estreante Steven Spielberg. Ocaso duma estrela, nascimento d’outra, onde se percebe que o pai do ET tinha um “plus a mais”. Imagens filmadas através de lustres e recursos da nouvelle vague distinguem o episódio e tornam-no o principal, quase o único, ponto de interesse pra Night Gallery hoje.  
Pra capitalizar na credibilidade do criador, a NBC batizou a série que durou 3 temporadas (1970-3) de Rod Serling’s Night Gallery.
As multi-histórias de cada episódio são introduzidas por Serling, que as apresenta como se estivesse em uma galeria de arte e quadros e esculturas representassem as histórias. Hoje, parece tudo meio pomposo e levado por demais a sério. 
O baixo orçamento pras telinhas na época e o zelo com conteúdo macabro exibido na TV afetaram Night Gallery negativamente. A maioria dos roteiros tenta camuflar isso com diálogos desnecessários, que tornam episódios lentos e tediosos. Sem ser destituída de momentos perturbadores – odeio insetos e aracnídeos, por isso não dei conta de ver Fear of Spiders à noite! – Night Gallery encaixa-se mais na categoria do fantástico, sobrenatural e oculto do que horror. Será que há 40 anos o público ainda tinha medo de monstro de roupa de borracha coberta com pelos? Hoje a gente ri.
Contos da Cripta, produzida 2 décadas depois pra TV paga, é centenas de vezes mais explícita, mas pensem sobre isso: em 2 episódios de Night Gallery o mundo acaba; quem é mais violenta?
Como sempre, meu exercício favorito era localizar atores/atrizes conhecido(a)s, vários já mencionados em resenhas neste blog.
John Colicos, o vilão Boltar de Battlestar Galáctica apareceu num episódio muito criativo envolvendo naufrágios famosos.
Atores com carreira em declive como Ray Millland e Vincent Price aparecem mais de uma vez. Geraldine Page deu o ar de sua augusta graça 3 ou 4 vezes e sua carreira não estava morro abaixo.
Futuros famosos na telona são garantia nessas séries. Night Gallery teve Sally Field e Diane Keaton, essa última péssima, gritando o texto.
Famosos futuros das telinhas como Joan Van Ark, a Valene Ewing de DALLAS e Knot’s Landiing, além da setentista Mulher Biônica Lindsay Wagner exibem o frescor da juventude no mesmo episódio. Bill Bixby, que estouraria como o Dr.David Banner da série Incrível Hulk participou dum episódio com Vincent Price.
Jonathan Harris, o posteriormente cultuado Dr. Smith dePerdidos no Espaço, sequer é creditado como “estrela da noite” no episódio em que aparece.
Vocês não acham que eu deixaria de citar meu adorado LarryHagman, de barba postiça, como cientista/marido louco, né?
A inserção de vinhetas cômico-aterrorizantes não ajuda muito, de modo geral, embora algumas sejam bem boladas.
Quando resenhei Taless From the Crypt recomendei-a aos jovens contemporâneos. Night Gallery eu só recomendaria pra quem curte TV vintage.

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