Quando o filme Código da Vinci foi lançado, a personagem Silas gerou
protestos entre pessoas com albinismo. A polêmica chegou até às páginas da
Revista Veja, que, diga-se de passagem, nunca nos dá voz.
Quando traduzia o artigo do jornal inglês The Telegraph sobre as 3 mulheres com albinismo que vão à luta, encontrei em
seus arquivos uma reportagem de 18 de maio de 2006, época da reclamação albina.
Como um dos objetivos do Albino Incoerente é ser central de informações
em português sobre o tema albinismo, decidi traduzi-la também.
“Parem de nos Representar como Desviantes Místicos e Assassinos
Inescrupulosos”, Reclamam as Pessoas com Albinismo
Catherine Elsworth
(Tradução: Roberto Rillo
Bíscaro)
Um grupo de apoio para pessoas com albinismo (PCAs)
engrossou o coro de críticas ao Código da Vinci, acusando os produtores de
propagarem “estereótipos cruéis”, por representarem uma PCA como vilã.
Ativistas reclamam que o filme dá sequência a uma
longa tradição hollywoodiana de representar as PCAs como personagens do mal,
“desviantes místicos e assassinos inescrupulosos".
Silas, um dos coadjuvantes, interpretado pelo ator
britânico Paul Bettany é um monge albino de olhos vermelhos, que comete uma
série de assassinatos na tentativa de manter em segredo documentos cristãos
perdidos, que poderiam provar que Jesus era casado e pai.
Críticos dizem que a personagem de Bettany é mais
um na longa lista de albinos malvados, que inclui os gêmeos de Matrix Reloaded;
o assassino de cabelo branco de Golpe Sujo, estrelado por Chevy Chase e Goldie
Hawn; o matador sádico de Cold Mountain e mesmo o malvado algoz de A Princesa
Prometida.
Michael McGowan, PCA que preside a NOAH (National
Organisation for Albinism and Hypopigmentation), afirmou que o Código da Vinci é
o 68º filme, desde 1960, a apresentar uma PCA do mal.
“O problema é que não tem havido equilíbrio. Não há
personagens albinas realistas, simpáticas ou heroicas em filmes ou na cultura
popular”, lamenta.
A organização pediu que
os produtores não descolorissem o cabelo de Bettany ou tornassem seus olhos
vermelhos, mas as solicitações não foram consideradas.
Mr McGowan explicou
que seu grupo nao pretende boicotar o filme, mas espera usar sua alta
popularidade para aumentar a conscientização sobre as realidades do albinismo.
Bettany justificou
que não enxergou Silas como um albino malvado, mas um homem assimbrado por sua
criação muito dura. “Entendi que esse homem era um psicopata, mas não por ser
albino. Ele é o resultado de tudo o que lhe aconteceu na vida. Acho que não tem
nada a ver com albinos ou monges ou mesmo contra pessoas que usem sandálias”, ponderou o ator.
Nenhum comentário:
Postar um comentário