quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

TELONA QUENTE 78

Roberto Rillo Bíscaro

Dono dalgumas fixações, entendo que Martin Scorsese, Francis Ford Coppola e outros tenham tara por gangsteres e Cosas Nostras. Acho meio sacal esse lance dos códigos e da macheza torpe, mas entendo; é a praia deles, deixa que se bronzeiem. 
Difícil entender como Robert de Niro, Michelle Pfeifer e Tommy Lee Jones embarcaram na canoa furada A Família (2013), produzido por Scorsese e dirigido com mão pesada pelo francês Luc Besson. Acho que o ocaso em várias das carreiras explica.
Uma família de mafiosos do nova-iorquino Brooklyn é transportada pruma pequena cidade francesa, depois de haver dedurado a máfia ianque. Papai De Niro, mamãe Pfeifer e um casal de adolescentes são supervisionados por agentes da CIA e instruídos a se integrarem na comunidade.
Tal tarefa é impossível e a família recorre a táticas mafiosas pra conseguir o que quer. Tudo vai bem – exceto pra cidade que os hospeda – até que os ex-parceiros descobrem o paradeiro da família.
Meio homenagem a Scorsese, A Família já seria fácil de desprezar se apenas as batidas e gordurosas piadas sobre o atraso e a culinária franceses fossem consideradas. Afora isso, a trama se desenvolve num amontoado de clichês e situações pouco exploradas. 
Temporalmente situada nos anos 80, o diretor/roteiro faz serviço de porco na determinação disso: será que a geração nova saca que apenas por pagar em francos ou por Pfeifer ver DALLAS na TV, estamos nos 80’s? A cena entre JR e Sue Ellen é uma das poucas que se salvam em The Family!    
O problema mor advém da indecisão no tom. A história clama por uma inserção no gênero comédia de humor-negro/farsa, mas isso não ocorre; diversas vozes se sobrepõem e o resultado é moralmente salafrário. O roteiro pede que simpatizemos com e torçamos por uma família que responde ao menor deslize de outrem com extrema violência. No final sangrento, a comunidade é barbarizada, resultando na morte de inocentes pra que mafiosos salvem suas peles. Menos mal que o trabalho de construção de empatia também seja mal executado e quem tem senso quer mais é que aquela gente escrota se ferre.Mas, você acha que De Niro e Pfeifer podem se dar mal?

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