sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

PAPIRO VIRTUAL 67



Roberto Rillo Bíscaro



Em 1678, John Bunyan lançou o religioso Pilgrim’s Progress, alegoria moralizante que narra a jornada de Christian, desde sua natal Cidade da Destruição (nosso mondo cane) até a Cidade Eterna (o Paraíso, onde mais?). Uma das estações dessa peregrinação é a eterna Feira das Vaidades, onde pessoas apenas se apegam aos bens materiais.
Critica-se o tal apreço e isso tem que ser levado em conta ao se avaliar Vanity Fair, a novel without a hero, serializada entre 1847-8, crítica ao individualismo e à leviandade social, perpetrada pelo inglês William Makepiece Thackery.  Correto que as situações servem como lingerie customizada no mundo Kardashian das Mulheres Ricas (Pobres pros p(o)adrões da superada Paris), mas o tom geral não é o do cinismo indiferente e amoral fuck-óffico da pós-modernidade. Os cambalachos e subterfúgios das personagens guardam o travo da admoestação de exemplo a não ser seguido, que de nada adiantou: uma das revistas mais famosas  na arte de dar a impressão de que leitores “comuns” participam do grand monde chama-se Vanity Fair.
O romance não tem herói porque mesmo Amelia, sua personagem mais doce e sofredora (um saco de jovem e de mulher, que faz a gente sadisticamente torcer pra que sofra mesmo de tão chata!) não tem nada de especial ou elevatório à condição de heroína de romance; o próprio narrador admite.
1848 foi o ano em que parte da Europa viveu perigosamente: muita gente pegou em armas pra cobrar a parte do bolo prometida, mas sempre devorada, pela burguesia vencedora na luta contra a nobreza. Thackeray não poupou ninguém em sua denúncia das máscaras e mesquinharia abundantes no convívio social. Nobres, burgueses, criados, todos lutam pra passar outrem pra trás e tirar vantagem, fazendo de Gerson parco amador.
Vanity Fair conta as a/desventuras dum grupo de pessoas ao longo de décadas. Folhetinescamente, temos o núcleo de Becky Sharp (pobre) e o de Amelia Sedley (rico), que se mistura, multiplica, cambia de posição, vai e vem.
Becky Sharp (atente pra esse sobrenome!) é atípica no romance do século XIX: luta sozinha num mundo onde a ascensão social pras mulheres quase só é possível através do casamento. Na apresentação da personagem, o narrador – que trai diversas vezes sua antipatia por essa mulher tão “perigosa” – meio que a masculiniza atribuindo-lhe características do então chamado “sexo forte” pra explicar e justificar o caráter agressivo em comparação ao contraponto de Amelia Sedley.
Amelia podia se dar ao luxo de ser sexo frágil porque tinha as armas da ascensão social nas mãos. Só que não. As armas estavam nas mãos do homem, do papai. Só que também não. A História volta e meia dá seus tapas na cara das confundidas personagens pra relembrá-los doloridamente que muito do que se imagina individual é na verdade determinado historicamente.
O enredo começa no início do século XIX, quando a Inglaterra era assombrada com a possibilidade da invasão francesa via Napoleão. A ascendência francesa de Becky não seria meio de tornar a personagem antipática ou vilanesca? Afinal, os franceses eram rivais históricos dos anglos. Becky invadir a sociedade equivalia a uma nova invasão normanda?
O colonialismo britânico já trazia mulatos e negros pra povoar a ficção escrita no país. Até uma herdeira mulata desponta como personagem importante, ainda que devemos notar que se trata duma sátira. Será que os romances “sérios” radiografavam a presença não caucasiana?
Em 1847, a palavra tapioca já era conhecida dos britânicos, através do Tapioca Coffee House e também que Bonaparte era chamado de Boney. Por isso que folhetim é legal!
Vanity Fair é um calhamaço; tenho a versão em papel, mas o diminuto da fonte sempre me espantava. O advento do ebook, que permite aumentar a letra propiciou a agradável leitura desse clássico, que embora não tão coeso no sentido da forma romance, mantém o interesse por quase toda a leitura. Funciona ainda no século XXI, acreditem. 

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

TELONA QUENTE 79

Um dos maiores ícones oitentistas foi uma personagem silente duma série de filmes de horror de baixo orcamento. Sexta-Feira 13 deu ao mundo Jason Voorhees, cuja máscara de hockey ainda hoje pode ser comprada em lojas do mundo todo. Vocês conseguem adivinhar quem é o Jason albino da foto?
Jason afogou-se aos 8,9 anos em um acampamento de verão chamado Crystal Lake. Os jovens supervisores estavam ocupados transando; não prestaram atencao ao submergente filho da cozinheira.
Em, 1980, na onda slasher iniciada por Halloween (1978), Sexta Feira 13 debutou nos cines ianques. Jason não era o matador no filme de estreia e só usaria a característica máscara de hockey no terceiro filme, mas a película originou uma das franquías mais lucrativas de décadas a seguir. Praticamente foi uma Sexta-Feira13 por ano durante os 1980s. Amo muito, por isso vi o documentário His Name Was Jason, disponível no You Tube, em inglês sem legendas.
Atores, produtores, diretores, fãs e jornalistas inflam a importancia da série, como é característico nesses documentários. Nada é dito sobre a influência de Halloween ou sobre o uso de Bay of Blood, de Mario Bava como modelo das mortes da parte 2. É como se SextaFeira 13 tivesse inventado as convenções dos slashers.
Descontados exageros – His Name Was Jason foi realizado como parte da campanha do renascimento da franquia em 2009 – dá pra se divertir bastante com detalhes de produção, anedotas do elenco, curiosidades sobre como algunas mortes foram filmadas e mais.
Claro que Kevin Bacon não participa – não sabia que ele começou em Sexta-Feira 13? – porque ficou “grande e importante” demais pruma série tão barata. Mas, a asuência do decaído Corey Feldman é mais difícil de entender/perdoar. O cara devia dar graças aos céus de alguém ainda se lembrar que ele teve uma carreira!

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

MERCADO UP PROS DOWNS

A entrada no mercado de trabalho é um passo importante para que os jovens possam fazer a transição entre o mundo da infância e o mundo adulto. O excesso de preocupação por parte de familiares e amigos muitas vezes torna essa passagem difícil para as pessoas com síndrome de Down, principalmente pela forma com que elas são tratadas e pelas baixas expectativas em relação à sua função na sociedade.
As pessoas que não estão empregadas tendem a ter mais depressão e menos autoestima. Isso acontece porque o ambiente de trabalho ajuda os indivíduos a ganhar responsabilidades e desenvolver relacionamentos com grupos diversos. Além disso, favorece o desenvolvimento de habilidades cognitivas, mecânicas e de adaptação a diferentes situações, inclusive na vida pessoal.
Reconhecer-se como parte do mundo do trabalho fortalece o sentido de cidadania de jovens e adultos. No caso de pessoas com síndrome de Down, muitas vezes as próprias famílias se surpreendem com mudanças de atitude, uma vez que elas se sentem mais independentes e capazes de realizar seus desejos.
O artigo 27 da convenção da ONU sobre os direitos das pessoas com deficiência estabelece que todos têm direito a oportunidades iguais de trabalho. Muitos países, assim como o Brasil, contam com uma legislação trabalhista que favorece a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, seja através de cotas ou de subsídios para as empresas contratantes.
É importante ressaltar que o trabalho não envolve apenas a pessoa e a empresa. Família, escola e sociedade precisam caminhar juntas na defesa da inclusão efetiva para que a entrada no mercado de trabalho de pessoas com síndrome de Down possa se tornar uma realidade para todos.
Na seção “Trabalho” do Movimento Down, você encontra informações sobre como contratar uma pessoa com síndrome de Down, experiências inclusivas no mercado de trabalho e um banco de dados com vagas disponíveis para pessoas com a trissomia em todo o Brasil. Se você representa uma instituição interessada em oferecer oportunidades a este público, não deixe de se cadastrar. Profissionais com síndrome de Down que desejam se candidatar a uma vaga de emprego também podem se cadastrar no banco de dados de prestadores de serviços.

Dicas para contratar pessoas com síndrome de Down
Empregar pessoas com síndrome de Down e outras deficiências intelectuais traz benefícios não apenas para os indivíduos, mas para as organizações. Para que a experiência seja positiva para todos, é fundamental enxergar as oportunidades de acordo com as potencialidades de cada um. Confira abaixo dicas importantes que podem facilitar este processo:
Além da deficiência
Compreender que o (a) profissional com síndrome de Down ou outras deficiências intelectuais é um ser humano com particularidades e potencialidades é um passo importante na hora de pensar nas oportunidades que serão oferecidas. Assim, embora seja importante compreender quais são as limitações e questões relacionadas à deficiência, é fundamental conversar com o (a) novo (a) empregado (a) para definir de que maneiras ele (a) poderá contribuir para a empresa de acordo com suas características pessoais.
Prazer, mundo do trabalho
Em virtude da falta de expectativas em relação ao futuro profissional no ambiente familiar e escolar, muitos jovens e adultos com síndrome de Down não foram apresentados ao mundo do trabalho. Assim, questões como o comportamento adequado, responsabilidade e hierarquia podem ser novidades para o (a) empregado (a) que acaba de chegar. Porém, isso não significa que essas pessoas não sejam capazes de se adaptar à rotina da empresa, muito pelo contrário. Trata-se apenas de ter disposição para facilitar sua entrada neste novo universo e explicar, sempre que necessário, quais são os direitos e os deveres relacionados ao vínculo com a organização.
Segundo a Fundação Síndrome de Down, é importante trabalhar com o exemplo dos colegas de trabalho para mostrar ao jovem que determinados comportamentos são inadequados, como por exemplo:
 Atrasos e faltas sem justificativas
 Higiene inadequada
 Confundir papel do chefe ou da equipe de trabalho
 Se negar a realizar determinadas tarefas sem motivo aparente
É importante ressaltar que uma adaptação adequada e o acompanhamento do desenvolvimento do (a) funcionário (a) dentro da empresa são fundamentais para que situações semelhantes às citadas acima sejam encaradas com tranquilidade e resolvidas com uma conversa franca entre as partes. Em alguns casos, pode ser benéfico entrar em contato com a família ou com o (a) profissional responsável pelo acompanhamento terapêutico do (a) empregado (a), se houver.
Referência é fundamental
É muito importante que cada pessoa com síndrome de Down empregada na organização saiba de forma clara que existe uma referência dentro da empresa. Um outro funcionário – não necessariamente o seu chefe – a quem ele (a) pode recorrer em caso de dúvidas e que também acompanhe de perto a sua adaptação ao trabalho para discutir questões relacionadas com a área de relações humanas da empresa caso seja necessário. Esse apoio traz segurança para o (a) profissional com síndrome de Down, que muitas vezes se torna ansioso (a) diante da incerteza sobre diversos assuntos ligados a um ambiente desconhecido.
O tempo de cada um
A síndrome de Down está relacionada a dificuldades de aprendizado, o que significa que os funcionários com a trissomia provavelmente vão demorar um pouco mais de tempo para realizar determinadas tarefas. Isso não quer dizer que elas não serão feitas, ou que serão feitas de forma inadequada. Assim, é importante acompanhar sempre o processo de adaptação da pessoa ao trabalho para determinar, de preferência junto com o (a) funcionário (a) em questão, quais serão as suas responsabilidades e tarefas a cumprir.
A relação com os pais
Para empresas como a Light e a Oi, que empregam pessoas com síndrome de Down, a parceria com os pais é fundamental no processo de adaptação ao mundo do trabalho. Muitas vezes, os pais podem se sentir inseguros em relação à convivência de seu filho ou filha em um ambiente desconhecido, pois eles também precisam se adaptar à ideia de que a pessoa com síndrome de Down ou outras deficiências intelectuais pode trabalhar. No entanto, com o passar do tempo, percebem que a experiência pode trazer benefícios inclusive no ambiente familiar. Na fase inicial, pode ser benéfico entrar em contato com eles no sentido de tranquiliza-los ou com o profissional responsável pelo acompanhamento psicológico do (a) empregado (a), se houver.
Orientações aos colegas de trabalho
A falta de acesso a ambientes inclusivos pode fazer com que algumas pessoas apresentem diversas dúvidas relacionadas à síndrome de Down. A falta de conhecimento pode gerar distanciamento e até mal-entendidos entre funcionários, prejudicando a cultura de inclusão e o ambiente de trabalho da empresa. Por isso, é importante que um profissional especializado converse com a equipe que receberá o (a) novo (a) empregado (a) sobre o assunto para criar um ambiente adequado e propício para a adaptação da pessoa com deficiência.

DIVULGAÇÃO ARGENTINA

Minha viagem de verão à Argentina resultou em mais uma inserção de meu trabalho e da causa albina no país hermano.
O amigo Luis Eduardo Martinez, da revista El Cisne, colocou-me em contato com a jornalista Verónica Cher, da revista Atrapasueños, publicação bimestral que traz informação e é um espaço de participação para as pessoas com deficiência.  
Numa quente tarde portenha, Verónica esteve no apartamento do Carlito, onde batemos um papo muito animado sobre albinismo, a causa albina no Brasil e seus resultados e possíveis desdobramentos.
Agradeço ao Luis e à Verónica pela oportunidade.
Quando a reportagem for publicada, divulgarei. Por ora, conheçam e divulguem a revista, acessando:
http://www.atrapasue.com.ar/ 

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

CRUELDADE TEXANA

Caçadores vão atrás de cascavel albina

Robert e Shawn já caçaram muitas cobras valiosas, mas o que querem mesmo é conseguir uma rara cascavel albina.

TECNOVISÃO


Novas tecnologias ajudam cegos a ver


Ligia Aguilhar
SÃO PAULO – A israelense Liat Negrin entra no mercado, aponta o dedo para a prateleira e, com a ajuda de uma pequena câmera presa à armação dos seus óculos, identifica produtos e escuta a descrição de cada um até encontrar uma caixa de leite. Em um vídeo disponível na internet , Liat mostra como usa essa tecnologia para superar as limitações impostas por um coloboma, doença genética que causa perda de visão. Com os óculos, ela pode realizar sozinha tarefas simples como identificar o ônibus correto para ir ao trabalho ou ler um cardápio.
Liat é funcionária da startup israelense OrCam, desenvolvedora da câmera portátil dotada de sensor de reconhecimento de gestos capaz de ler e descrever textos e objetos, transformando qualquer óculos simples em uma espécie de “Google Glass adaptado para cegos”.
O sistema, disponível para os Estados Unidos por US$ 2,5 mil, não é uma iniciativa isolada. No mundo todo, pesquisadores estão explorando o potencial da tecnologia vestível associada a soluções de acessibilidade e visão computacional para ajudar deficientes visuais a ter autonomia, superando os softwares e aplicativos para smartphones hoje disponíveis.
“Nós não podemos recuperar a visão dos deficientes, mas podemos dar a eles fácil acesso a informação que procuram”, diz Yonatan Wexler, vice-presidente de pesquisa e desenvolvimento da OrCam.
A câmera armazena na memória milhares de objetos que fazem parte da rotina do usuário e passa a identificá-los e descrevê-los cada vez que o proprietário aponta o dedo para um item. “A tecnologia localiza a ‘assinatura’ de cada produto, que são características específicas usadas como base para localizar no banco de dados itens com o mesmo padrão”, diz Wexler.
Empresas como a OrCam apostam não só nos 246 milhões de pessoas que sofrem de perda moderada ou severa da visão, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mas também na perspectiva de envelhecimento da população e os problemas que podem limitar a visão na terceira idade.

Realidade aumentada
Pesquisador de neurociência da Universidade de Oxford, Stephen Hicks tem uma proposta um pouco diferente: ajudar deficientes visuais com capacidade de percepção de luz a melhorarem sua orientação espacial. Usando visão computacional e componentes eletrônicos de smartphones como o giroscópio e o acelerômetro, ele criou um óculos que detecta formas tridimensionais e permite enxergar objetos próximos.
Duas câmeras na parte frontal da armação captam as imagens e as exibem em uma tela OLED transparente na parte interna, criando um sistema de realidade aumentada para orientar o deficiente em relação ao que está na sua frente.
Nos testes realizados com um protótipo, Hicks diz que alguns cegos conseguiram ver seus braços, pernas e movimentos a poucos metros de distância. “Os óculos não dizem o que está à frente, mas dão um senso de espaço maior ao usuário, gerando confiança e independência”, diz. A meta é colocar o produto no mercado em até um ano após o término da pesquisa, no próximo semestre.
Já o pesquisador Brandyn White, da Universidade de Maryland, nos EUA, criou o projeto Open Glass, para estimular o desenvolvimento de soluções para deficiente visuais no Google Glass, que deve chegar às lojas em 2014.
White já desenvolveu alguns aplicativos-teste, como o Question-Answers, no qual os usuários postam no Twitter fotos tiradas pelo Google Glass e recebem a descrição feita pelos seus seguidores em tempo real, e o Memento, no qual um usuário com visão normal pode ensinar o Google Glass de um cego a reconhecer alguns objetos.
“Ajudamos desenvolvedores porque é onde vemos a possibilidade de conquistar maior impacto, já que o potencial da tecnologia é grande e vale o esforço de tentar criar soluções”, diz o pesquisador.
O maior desafio de White e sua equipe é o financiamento do projeto, tocado com a ajuda de um grupo de desenvolvedores voluntários. Já Hicks, da Universidade de Oxford, tenta viabilizar uma bateria leve, pequena, mas poderosa o suficiente para manter seus óculos em funcionamento ao longo de um dia inteiro. Enquanto isso, a OrCam trabalha para incorporar outros idiomas ao seu sistema e vender o produto fora dos EUA. “Esse tipo de tecnologia se tornará, felizmente, cada vez mais comum”, diz Wexler.

TELINHA QUENTE 105

O descaso governamental pra com as populações das periferias das cidades grandes é notório na América Latina. Desnorteada num ambiente pelado de políticas públicas, mas vestido com corrupção e violência, a população recorre a líderes locais, que resolvem seus problemas mais urgentes. Sejam positivas, sejam negativas (no caso de traficantes), tais lideranças acabam por gravitar nos sistemas solares do poder público, mais ou menos perto do sol, quase sempre tentando abocanhar ou mordiscar o seu e o dos seus.    
A minissérie argentina El Puntero (2011) tem como protagonista um desses líderes políticos da periferia. O programa soará como novidade pros acostumados às representações classe-média/alta platinas, centradas na Capital Federal. Nos 39 capítulos, nenhuma vez foi mostrado o Obelisco ou qualquer ponto de Buenos Aires. No lugar, ruas sem pavimentação, casas com tijolos à vista, barracos.
Nesse ambiente, habita Pablo Aldo Perotti, El Gitano (Cigano), líder político comunitário e seus parceiros Levante e Lombardo (loco, repiola, loco!). Às voltas com a intendência da Villa 27 de Abril, esses homens agem ao mesmo tempo como reivindicadores de melhorias pro bairro, mas também como reprodutores do sistema que acreditam combater. Não são necessários muitos capítulos pra perceber que sua simpatia em nada os distingue do corrupto intendente Inigues e do mal caráter Leme – irmão de Levante – que também apresentam os sorrisos de gente boa, quando lhes convém, ao mesmo tempo que apunhalam pelas costas. 


Muito parecido com certo contexto brasileiro, El Puntero apresenta o “jeitinho argentino” e o repertório de mazelas familiares a nós, latino-americanos. Propinas, subornos, assassinatos. Se alguém ainda glamuriza a Argentina, a minissérie é boa pedida pra dar uma passeada pelo seu lado selvagem, mas temperado com nossa característica “cordialidade” cone-sulista.
Tomando o conceito de minissérie como obra mais concisa e fechada que uma telenovela, geralmente com desenvolvimento e fim definidos quando do início das gravações, El Puntero fica comprometido porque algumas situações são mal desenvolvidas ou deixadas de lado. De modo geral, todavia, o resultado é positivo e o interesse é mantido durante toda a obra.
Se pra estrangeiros, o tango constitui modelo idealizado de trilha sonora de produções argentinas, a escolha duma periferia contemporânea impôs aos produtores mergulho na moderna música pop em castelhano. El Puntero oferece rico cardápio de cumbia, cumbia villera, rap e pop/rock, a começar do tema de abertura, bombasticamente interpretado pelos colombianos do Bomba Estéreo, com sua psycho-cumbia Fuego.
Minha motivação pra baixar El Puntero foi Júlio Chavez, interpretando El Gitano. Esse ator é um achado e novamente arrasa indo da simpatia à ira e loucura em segundos. Mas, Rodrigo de la Serna, rouba boa parte da minissérie! Seu Lombardo é truculento e mau-caráter, mas tão simpático com suas gírias (repiola, loco!) e boca suja (quantos palavrões falam na TV argentina, che!), que se torna um daqueles prazeres culposos.
Al fin y al cabo, El Puntero és repiola, loco!

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

CRUELDADE JAPONESA

Havia um golfinho albino raro
Mais de 250 golfinhos foram aprisionados em uma enseada na cidade de Taiji, no Japão, onde permanecem à espera de uma “seleção”. Segundo a Sea Shepherd, organização que denuncia o caso, alguns animais serão levados a parques marinhos para exposição e shows. Outros serão mortos. Apesar de conter substâncias tóxicas ao ser humano, a carne de golfinho é vendida por pescadores da região.
Os animais não selecionados serão libertados, mas voltarão ao mar aberto com a saúde bastante debilitada e, provavelmente, sem a família. Os membros da Sea Shepherd identifcaram no grupo um golfinho albino, bastante raro. O animal, ainda filhote, estava agarrado à mãe e parecia em pânico. De acordo com informações do tabloide britânico Daily Mail, golfinhos albinos podem valer milhões de reais.
A seleção deve acontecer nesta sexta-feira ou sábado, mas a Sea Shepherd promete transmitir tudo ao vivo, na tentativa de alertar o mundo e impedir a matança. Ainda de acordo com a organização, três golfinhos já foram retirados da água por treinadores, rumo a parques.
A morte de golfinhos em Taiji se tornou conhecida após o documentário "The Cove" (A enseada), ganhador de um Oscar em 2010. De acordo com o filme, todos os anos são mortos cerca de 20 mil golfinhos na região. Os animais recebem golpes de faca e de lança, método considerado bastante cruel. Outros milhares são vendidos aos parques.

Havia um golfinho albino

http://extra.globo.com/noticias/animais/mais-de-250-golfinhos-incluindo-um-albino-sao-presos-no-japao-para-selecao-de-pescadores-11333099.html

OLHOS DANÇANTES

Britânica relata drama de filho com desordem rara de ‘olhos dançantes’


Nicola Oates não desconfiava que o jeito desastrado de seu filho, Thomas, quando bebê, fosse sinal de um problema em seus olhos.
À medida que o pequeno ia crescendo, a situação ficou mais problemática. Ele tropeçava em qualquer objeto que estivesse no chão e começou a ficar atrasado em relação às outras crianças na escola.
Thomas também desenvolveu o hábito de virar a cabeça para a direita, apontando o queixo para baixo, quando tentava olhar para algo.
"Aquilo era muito estranho", afirmou Nicola, que mora com o filho na região de Midlands, área central da Inglaterra.
"Quando ele estava andando, acabava trombando com paredes, cadeiras, pessoas... tudo", acrescentou.
Nicola explica que virar a cabeça e outros comportamentos estranhos eram as formas que Thomas encontrou de "parar a oscilação dos olhos", um sintoma de uma desordem incurável que causa o movimento dos olhos chamada nistagmo.
Chamada de doença dos "olhos dançantes" devido aos movimentos incontroláveis nos olhos, o nistagmo também é responsável pelo surgimento de muitos problemas de visão com o passar do tempo.

Visão estroboscópica

Jay Self, pediatra oftalmológico no Hospital Geral de Southampton e palestrante em oftalmologia genética na Universidade de Southampton, afirma que é muito importante descobrir mais sobre a doença, que afeta uma em cada mil pessoas na Grã-Bretanha.
"Pode afetar a vida toda de uma pessoa, que pode ser de 80 a 90 anos, a vida no trabalho, família e gerações futuras", disse.
O médico descreve o nistagmo como uma visão estroboscópica, o que faz com que as crianças tenham dificuldade em ver objetos em movimento e sejam lentas no reconhecimento de rostos.
Segundo John Sanders, do grupo de apoio britânico especializado neste problema, o Nystagmus Network UK, poucos adultos com a desordem podem dirigir e a maioria tem dificuldades na vida cotidiana, educação e também para conseguir emprego.
As pessoas afetadas pelo nistagmo também têm problemas em situações normais da vida social, pois elas não conseguem ver os sinais que podem ser percebidos nos rostos de outras pessoas.
No entanto, estas dificuldades nem sempre são detectadas em exames de olhos tradicionais e a verdadeira extensão dos problemas de visão nunca é totalmente investigada.
O caso de Thomas é um destes exemplos: ele não é classificado como portador de deficiência visual pois ele consegue ler a tabela para exames oftalmológicos.
Apesar disso, o menino que agora tem oito anos, precisa de ajuda de luzes especiais e lentes para ajudá-lo na leitura, e ele também precisa de um corrimão para conseguir se movimentar dentro de casa.
Quando Thomas está em casa ele usa óculos com lentes azuis para proteger os olhos e por volta das sete da noite, já está exausto devido ao esforço que fez durante todo o dia para conseguir enxergar direito.
"É muito difícil para ele. Ele não consegue avaliar a distancia das coisas. Mesmo quando me abraça, ele precisa ficar nos meus pés para descobrir onde estou", afirmou Nicola.

Pesquisa e tratamento

No novo centro de pesquisa para crianças com problemas de visão, Jay Self já começou a analisar centenas de genes para descobrir sobre as causas do nistagmo.
O problema aparece logo depois do nascimento.
O cientista quer desenvolver um teste genético simples para crianças com o problema, que permitirá um diagnóstico rápido e preciso.
Self também quer usar medidas visuais do mundo real ao invés dos testes e tabelas tradicionais para avaliar os problemas de visão causados pela doença.
E tudo isto vai significar que as crianças com nistagmo poderão receber tratamentos específicos e sob medida.
Mas, mesmo ainda sem os tratamentos específicos, Self afirma que há algumas medidas simples que podem ajudar estudantes com nistagmo.
Entre elas está conseguir o apoio de um professor que tenha conhecimentos sobre problemas de visão e colocar a criança sentada no lado da sala que mais favoreça seu campo de visão.
No caso de Thomas, a falta destes tratamentos e formas específicas de diagnóstico, atrasaram os procedimentos.
Os movimentos nos olhos do menino foram notados por um familiar quando ele tinha cerca de oito meses. Mas ele só foi encaminhado para um centro de tratamento especializado quando completou cinco anos de idade.
Thomas passou por uma operação para melhorar a visão e provavelmente passará por outra em 2014.
Nicola notou melhora, mas o filho ainda vira a cabeça para ver onde está andando.
"Não sei o quanto a visão dele está ruim, pois para ele é normal, nasceu com isso e não sabe a diferença", disse.
Mas ela decidiu levantar mais questões a respeito da doença e defender o filho.
"Por que ele precisa passar por dificuldades? Ele merece mais..."

CAIXA DE MÚSICA 115



Roberto Rillo Bíscaro

Uma das acepções de barulho é qualquer som indesejável. Tal definição contrasta com a de música, atividade humana que nasce da vontade de produzir sons com ritmo, melodia etc. Entretanto, existe um gênero chamado noise; a elevação do barulho à categoria de música.
Controverso e inacessível pra maioria, consigo curtir noise quando domesticadamente inserido em canções. Bjork, A Place to Bury Strangers, Peter Gabriel, Cocteau Twins, Crystal Castles e outros amados têm bocadinhos noise em trechos de canções. Quando/Se passa disso, me dá no saco. Se quisesse barulho, trabalharia numa metalúrgica.
Curioso, vi People Who Do Noise (2008), achando que aprenderia sobre a história do gênero, afinal, o pessoal do Krautrock e bandas 80’s como Test Department e Einsturzende Neubaten flertavam com o estilo. Não que sejam grupos queridos, mas valeria a pena conhecer.  
Nesse quesito decepcionei-me. O documentário foca a surpreendentemente vasta cena noise de Portland, no semi-importante estado norte-americano do Oregon. Uma multidão de artistas fala de suas inspirações e modos de produzir e encarar o noise.


A liberação punk da necessidade de saber tocar um instrumento muito bem é apontada por todos como um dos nascedouros do noise. Não que as experimentos com ruídos tenham surgido depois do levante de 1977, mas se o punk reduziu a perícia pra apenas 3 acordes, o noise dispensa totalmente a necessidade de saber tocar. Pode-se fazer barulho com qualquer coisa, desde material caseiro até geringonças eletrônicas.
Sem narrador, a galera de Portland fica à vontade pra racionalizar sobre o significado, importância e validade artística do controvertido estilo. Os argumentos vão desde o noise ser a “verdadeira música cósmica”, passando pelo fato de ser acessível a qualquer um, portanto democrático e verdadeiramente punk, até culminar na crença dum inescapável apocalipse, cuja única trilha sonora capaz de representar seria o noise.
Interessante pra saber o que se passa na cachola dessa moçada barulhenta, People Who Do Noise traz bastantes amostras de seus trabalhos. Não mudou meu conceito. Mesmo que pudesse me bronzear, noise não seria minha praia.

domingo, 26 de janeiro de 2014

PATRIMÔNIO

Perto de Buenos Aires - uma hora de buquebus - fica Colõnia del Sacramento, cidade uruguaia tombada pela UNESCO como patrimônio da humanidade. Fundada no fim do século XVII por portugueses, Colónia é ótima opção pra voltar no tempo.
Pena que fomos num dia quente demais, então, mesmo com proteção solar, a gente se irritava com a quentura. 
Não use salto alto, porque imagine ruas pedregosas, heim! 












Vocês nem imaginam o quanto Carlito e eu amamos ter descoberto esse pier no Rio Uruguai, com sombra e possibilidade de molhar os pezinhos!




BEYONCÉ SEGURA A COBRA

Beyoncé está toda corajosa em novas fotos postadas em seu site oficial na quarta-feira (15). A cantora visitou alguns animais e fez questão de posar com todos, inclusive uma cobra piton albina.

SUPERAÇÃO BÉLICA

Sem duas pernas e parte do braço, soldado dos EUA se recupera e ganha bolsa
Iniciada há 12 anos, a Guerra do Afeganistão já deixou mais de 20 mil militares americanos feridos.

Alguns deles sobreviveram a graves ferimentos de combate, como o capitão Larkin O’Hern.

Quando servia na província de Candahar (sul do Afeganistão), dois anos atrás, uma bomba caseira explodiu perto dele.

Após uma longa reabilitação, que o fez passar por todo tido de provação, O’Hern está reconstruindo pouco a pouco sua vida com a ajuda de sua esposa, Rachel.

O objetivo agora é ser o mais independente possível. Recentemente, ele ganhou uma bolsa de estudos no Congresso americano e se prepara para trabalhar no local como um dos representantes das Forças Armadas.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/videos_e_fotos/2013/12/131226_soldado_amputado_superacao_vale_este_lgb.shtml

sábado, 25 de janeiro de 2014

COMPENSA INEXISTIR

O americano Rick Dyer divulgou uma foto na qual afirma ter finalmente matado e capturado um "pé-grande". A imagem mostra uma criatura com cabelos e barba grandes, além de uma pele com aparência albina. De acordo com o jornal “NewsMax,”, Dyer teria matado o pé-grande em setembro de 2012 em San Antonio, no Texas, mas só liberou a imagem recentemente.
“Qualquer teste que você pode imaginar pode ser feito no corpo, desde testes de DNA até escaneamento ótico ou corporal. Ele é real, está aqui, e agora vou provar ao mundo”, afirmou Rick à emissora "KSAT".
Depois da divulgação da foto, Rick planeja fazer uma turnê com o corpo da criatura pela América do Norte, cobrando uma taxa dos visitantes que desejam ver o Pé-grande de perto.
Resumo da ópera: compensa não existir, caso contrário algum humano idiota te mata Pé Grande!

VENTO NO LITORAL II

Uma vendedora me disse que há bastante turista brasileiro em Mar del Plata no inverno. Não entendi direito o motivo, porque deve fazer frio cortante por causa do vento e a cidade não tem atração a não ser o comércio que, no verão, fica aberto até a uma da manhã. É o maior agito, a cidade ferve!
Devem ser turistas que já estão no país e aproveitam pra conhecer Mardel, só pode ser. Sair do Brasil pra ir especificamente pra lá não recomendo, afinal, comércio e agito há em outros lugares. Mas, se você estiver por perto não deixe de visitar. 










ALBINO GOURMET 122

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

VENTO NO LITORAL I

Minhas férias foram argentinas vez mais. Que forno estava Buenos Aires neste verão. De terror!
Delícia ter ido pra fresca Mar del Plata, distante umas 4 horas de ônibus da Capital Federal.
Em termos de praias não indico; venta muito e a areia é escura, meio negra, enfim, praia aqui no Brasil tem de sobra, não carece ir pra Argentina, né?
Mas, amei a frescura noturna, que  pede agasalho em pleno verão e também o agito urbano.
Vejam algumas fotos

Beijando Astor Piazzola 




Leão-marinho é o animal-símbolo de Mardel.





Turismo com proteção antirradiação UVA/UVB, sempre!


DESFILANDO CONTRA O PRECONCEITO

Desfilar contra os preconceitos é o objetivo de Thando Hopa. Esta jovem advogada sul-africana albina transformou-se em manequim para lutar contra o preconceito em torno do albinismo. O albinismo é uma deficiência na produção de melanina, que impede a pigmentação da pele. Mas os negros albinos são vistos, na África do Sul, como o resultado de uma maldição divina!
http://pt.euronews.com/2014/01/01/advogada-albina-sul-africana-desfila-contra-os-preconceitos/