Sugestões de acessibilidade para produtores e distribuidores de cinema, programadores de computador, professores de informática, pais e estudantes com deficiências auditiva e visual.
Introdução
As sugestões deste guia são fruto de uma experiência
profissional em curso no www.filmesquevoam.com.br e das reflexões de
quem vive no cotidiano os desafios relacionados à acessibilidade – pais,
professores, pesquisadores, roteiristas, intérpretes, programadores.
Optamos por uma abordagem mais prática que teórica,
uma síntese técnica atual do que tem se mostrado eficaz. Para discutir a
quantidade de temas que envolvem a fruição de um filme com os cinco
sentidos, desconstruindo uma hierarquia dominada pelos olhos, seria
preciso voltar alguns séculos e estudar várias ciências.
Na teoria fílmica, esta reflexão está ancorada na
ideia de sinestesia – a união de planos sensoriais diferentes –, que não
parece interessar muito às produtoras e distribuidoras de filmes. O
"príncipe dos sentidos", como Santo Agostinho definia o olhar, é quem
manda. Poucos se dão conta de que uma pessoa pode "ver um filme" de
outros modos.
Esta pessoa, parte do público, pode ser um cego, que
vivencia o OUVIR histórias, ou um surdo que vivencia o LER histórias, de
forma similar àquela em que todo indivíduo RECRIA os espetáculos
sensoriais de um filme com a sua imaginação, única e particular.
Quem convive com pessoas com deficiência visual e
auditiva constata que o cérebro tem potencialidades não utilizadas no
cotidiano. Por exemplo, quando vê um cego usando o telefone celular com
destreza ou quando observa um surdo desenvolver, com gestos, ideias
sofisticadas e precisas.
Segundo o Censo Brasileiro de 2010, há cerca de 15
milhões de pessoas com deficiências auditivas e visuais. Esse público
poderia ter acesso a filmes brasileiros, se os produtores,
distribuidores e profissionais de comunicação praticassem a alteridade –
colocar-se no lugar do outro.
Hoje é relativamente fácil comunicar-se com pessoas
com deficiência. Existem tecnologias e formas consolidadas. Basta um
pouco de atitude. Tentar usar os olhos como um surdo e os ouvidos como
um cego. São experiências instrutivas, que estimulam a criatividade e a
inteligência.
Este guia não pretende reinventar a roda. A proposta é
organizar recomendações de forma sintética e disseminá-las para que
possam virar uma rotina possível dentro de cada produtora. Dá para
começar de forma simples e direta, evoluindo aos poucos com pequenas
tarefas nos levarão a produzir e distribuir filmes mais acessíveis.
Torcemos para que pessoas capazes – na justiça, na
medicina e na ciência, pais, professores e, permitam-nos acreditar,
alguns políticos sensíveis – possam se ocupar do assunto com honestidade
e genuíno interesse.
Ainda há muito a ser desvendado pela neurologia, psicologia e outras áreas de conhecimento. Novos métodos e ferramentas surgirão. Por isso, estas indicações precisarão ser atualizadas de tempos em tempos. Mas não no essencial: a convicção de que qualquer pessoa pode se envolver com a arte e a cultura através dos filmes.
Sugestões para produtores
A primeira coisa que o produtor tem de saber é que não é preciso inventar o departamento de acessibilidade na empresa, ou cumprir imediatamente todas as diretrizes e padrões normativos sobre o tema.
Ainda há muito a ser desvendado pela neurologia, psicologia e outras áreas de conhecimento. Novos métodos e ferramentas surgirão. Por isso, estas indicações precisarão ser atualizadas de tempos em tempos. Mas não no essencial: a convicção de que qualquer pessoa pode se envolver com a arte e a cultura através dos filmes.
Sugestões para produtores
A primeira coisa que o produtor tem de saber é que não é preciso inventar o departamento de acessibilidade na empresa, ou cumprir imediatamente todas as diretrizes e padrões normativos sobre o tema.
Claro que seria melhor entrar de cabeça no assunto e
resolvê-lo de uma vez por todas, mas existem dificuldades, como a
necessidade de compreender o assunto, de encontrar de uma cadeia
produtiva equipada, falta de profissionais adequados e, sobretudo,
limitação de orçamento. Por isso, opte pelas atividades mais fáceis para
começar.
Grandes emissoras de TV têm sistemas sofisticados
para a produção de legendas ocultas (closed caption), com profissionais e
softwares que sintetizam e interpretam as falas, para a legendagem em
tempo real. Mas você não precisa deles porque não tem 24 horas de
programas por dia.
Para começar, se os seus filmes não tiverem legendas,
chame o seu assistente de montagem e peça para ele separar todas as
listas de diálogos dos seus filmes, que podem estar no roteiro e na
versão final.
Baixe da internet softwares gratuitos para legendagem
e mãos à obra. Tudo o que o estagiário precisa é de uma versão do filme
em baixa resolução e da lista de diálogos. Você pode salvar e exportar
depois as legendas nos formatos indicados para cada mídia.
Muitas pessoas com deficiência auditiva e
alfabetizadas não vão se importar se as suas legendas omitirem
indicações de sons (o telefone que toca fora de cena ou a descrição da
música), porque para elas o sentido será facilmente capturado. Mas,
certamente, a legendagem será melhor se você pedir ajuda a um
especialista para saber quais ruídos são importantes e como desenvolver
essa legendagem de ruídos.
Depois, instrua o responsável pela distribuição para
que nenhum DVD ou vídeo saia sem a opção de legendas em português. Se o
assistente de montagem disser que não existem as listas, faça. Uma por
vez, um filme por dia. Quando for possível. Festivais de cinema poderiam
elaborar sessões específicas de acessibilidade, como faz a Mostra de
Cinema Infantil de Florianópolis.
Em projetos futuros
Inclua três linhas na última página do seu orçamento (aquela que fala em pós-produção): audiodescrição, Libras (Língua Brasileira de Sinais) e legendagem. Depois, breves telefonemas ou pesquisas na internet vão indicar a existência de profissionais especializados. Inclua a palavra "estimativa" para cada uma das linhas, e um valor na coluna seguinte.
Em projetos futuros
Inclua três linhas na última página do seu orçamento (aquela que fala em pós-produção): audiodescrição, Libras (Língua Brasileira de Sinais) e legendagem. Depois, breves telefonemas ou pesquisas na internet vão indicar a existência de profissionais especializados. Inclua a palavra "estimativa" para cada uma das linhas, e um valor na coluna seguinte.
A estimativa resultante das suas pesquisas vai dar
apenas uma base, porque os preços e o tempo de execução dos serviços
variam de acordo com a região onde você está e com o tamanho do seu
filme. Profissionais realmente capacitados ainda são poucos, mas cada
vez mais escolas e instituições preparam gente que pode fazer o
trabalho.
A legendagem pode ser feita na própria produtora, com
softwares gratuitos baixados da internet. Eles feram vários formatos,
cada um destinado a mídias específicas. O mais comum é o “srt”.
A versão em Libras precisa de um tradutor/intérprete,
da gravação dessa interpretação e posterior edição. A audiodescrição
precisa de roteiristas específicos, narradores e de uma nova edição de
som.
Siga os padrões recomendados para a janela da Libras.
É bom que o tradutor receba o material bem antes, para que possa
ensaiar a interpretação. Para gravar, use como som guia o original. O
intérprete vai repetir para a câmera o que ouve no filme. Depois, na
ilha de edição, vai ser mais fácil depois achar os pontos de entrada e
saída.
Libras e legendas são maneiras diferentes de se
comunicar com deficientes auditivos, ambas válidas. Você pode escolher
uma delas, dependendo do público que busca. Por exemplo, crianças ainda
não alfabetizadas terão facilidade com Libras.
A audiodescrição servirá para que os cegos “vejam” o
seu filme. Ela é uma narrativa objetiva sobre o que se passa na tela.
Nas próximas páginas, vamos apresentar sugestões práticas sobre como
tornar as obras visuais acessíveis a esses públicos.
Cegos e surdos no cinema
A formação do gosto pelo cinema começa na infância. Pais, mães e familiares de crianças surdas, cegas ou com visão subnormal devem oferecer a elas o maior acesso possível às produções audiovisuais.
Cegos e surdos no cinema
A formação do gosto pelo cinema começa na infância. Pais, mães e familiares de crianças surdas, cegas ou com visão subnormal devem oferecer a elas o maior acesso possível às produções audiovisuais.
Poucos cinemas brasileiros contam com recursos
técnicos para audiodescrição, como cabines que transmitem a voz para
aparelhos de rádio com fones de ouvido, ou mesmo os serviços de dublagem
ao vivo e legendagem para surdos.
Tramita no Senado um projeto de lei que torna obrigatória a acessibilidade para filmes nacionais. Você também pode contribuir, seja como espectador, produtor cultural ou gestor de empreendimentos.
Tramita no Senado um projeto de lei que torna obrigatória a acessibilidade para filmes nacionais. Você também pode contribuir, seja como espectador, produtor cultural ou gestor de empreendimentos.
É muito importante o treinamento dos profissionais
que trabalham no cinema. Às vezes, pequenos detalhes fazem a diferença.
Por exemplo, pisos táteis e placas com o nome do filme em Braille.
Dicas para lidar com deficientes visuais
Estas orientações servem tanto para os profissionais
que atuam em salas de cinema, teatro e espetáculos musicais como para
uso em situações cotidianas, como, por exemplo, o atendimento a cegos no
comércio e em serviços públicos.
· Identifique-se e faça a pessoa cega perceber que você está falando com ela.
· Lembre-se de que a pessoa cega dispõe de todas as demais capacidades, portanto, trate-a com naturalidade.
· Ao guiar um deficiente visual, ofereça o seu antebraço para que ele possa segurar e acompanhar o movimento do seu corpo enquanto você se desloca. Não o pegue pelo braço ou pela bengala.
· Evite acariciar o cão-guia, para não distraí-lo em sua função.
· Dê indicações que sejam claras para quem não enxerga. Por exemplo: “Venha para a frente e dobre à sua direita”.
· Ao entregar pipocas a um cego, pegue na mão da pessoa e dê o saco para ela segurar.
· Lembre-se que o cego não pode pegar o refrigerante com a outra mão. Ele precisa segurar a bengala e ainda no braço ou mão de outra pessoa. Ofereça ajuda para transportar o copo.
· Pergunte ao deficiente aonde ele prefere sentar. Pessoas com baixa visão às vezes enxergam em “tubo” e podem achar mais confortável ficar nas poltronas mais afastadas da tela ou do palco.
· Coloque a mão da pessoa no braço ou no encosto da cadeira e deixe que ela se sente por si mesma.
· Quando for embora, avise ao deficiente visual, para que ele não fique falando sozinho.
Cultura e linguagem dos surdos
Antes de tudo, é importante saber que surdez não é uma condição única, ela varia de pessoa para pessoa. A perda auditiva pode ser leve, moderada, severa e profunda. Cada um desses graus tem características específicas que influenciam na acessibilidade.
· Lembre-se de que a pessoa cega dispõe de todas as demais capacidades, portanto, trate-a com naturalidade.
· Ao guiar um deficiente visual, ofereça o seu antebraço para que ele possa segurar e acompanhar o movimento do seu corpo enquanto você se desloca. Não o pegue pelo braço ou pela bengala.
· Evite acariciar o cão-guia, para não distraí-lo em sua função.
· Dê indicações que sejam claras para quem não enxerga. Por exemplo: “Venha para a frente e dobre à sua direita”.
· Ao entregar pipocas a um cego, pegue na mão da pessoa e dê o saco para ela segurar.
· Lembre-se que o cego não pode pegar o refrigerante com a outra mão. Ele precisa segurar a bengala e ainda no braço ou mão de outra pessoa. Ofereça ajuda para transportar o copo.
· Pergunte ao deficiente aonde ele prefere sentar. Pessoas com baixa visão às vezes enxergam em “tubo” e podem achar mais confortável ficar nas poltronas mais afastadas da tela ou do palco.
· Coloque a mão da pessoa no braço ou no encosto da cadeira e deixe que ela se sente por si mesma.
· Quando for embora, avise ao deficiente visual, para que ele não fique falando sozinho.
Cultura e linguagem dos surdos
Antes de tudo, é importante saber que surdez não é uma condição única, ela varia de pessoa para pessoa. A perda auditiva pode ser leve, moderada, severa e profunda. Cada um desses graus tem características específicas que influenciam na acessibilidade.
Quem tem perda auditiva profunda se comunica
principalmente usando linguagem gestual e/ou técnicas de leitura labial.
Há também várias classificações da perda de audição: por bloqueio das
partes móveis do ouvido ou dano ao nervo auditivo, por exemplo.
Na perda auditiva de som alto, as vozes femininas são
mais difíceis de compreender; e na perda de som baixo, fica mais
difícil entender as vozes masculinas.
Mais que uma condição fisiológica, surdez é um modo
de vida. Pessoas com deficiência auditiva têm um forte grau de
pertencimento a uma comunidade, fortalecido pelo vínculo linguístico.
Compreender essa cultura ajuda na comunicação e na acessibilidade.
A linguagem gestual é uma das principais formas de
comunicação dos surdos. Elas são línguas próprias, não equivalentes aos
idiomas falados. Há várias versões – por exemplo, a American Sign
Language (ASL), nos Estados Unidos e a Australian Sign Language
(Auslan), na Austrália. No Brasil, a Língua Brasileira de Sinais
(Libras) é reconhecida como meio oficial de comunicação entre as pessoas
surdas. Em Portugal, usa-se a Língua Gestual Portuguesa (LGP). Há
também variações regionais.
Outra forma de comunicação é a leitura labial, em que
os surdos oralizados são treinados a “ler os lábios” dos
interlocutores. Seus defensores argumentam que ela encoraja as pessoas
surdas a fazer parte do conjunto da sociedade. A desvantagem é a
inexatidão – leitores de lábios compreendem de 40% a 60% do que as
pessoas dizem.
Tenha em mente que:
· Nem todas as pessoas surdas falam a língua de sinais.
· Nem todo mundo fala a mesma linguagem gestual.
Para se comunicar em Libras, é preciso combinar
configurações de mão, movimentos e pontos de articulação – locais no
espaço ou no corpo onde os sinais são feitos. Existem profissionais
especializados em traduzir produtos audiovisuais para a língua dos
surdos. Procure os cursos universitários de Letras-Libras ou associações
de surdos.
Dicas para lidar com deficientes auditivos
Algumas destas dicas para lidar com deficientes auditivos se aplicam a situações sociais em geral e também ao ambiente dos cinemas e outros espaços de espetáculos públicos:
Dicas para lidar com deficientes auditivos
Algumas destas dicas para lidar com deficientes auditivos se aplicam a situações sociais em geral e também ao ambiente dos cinemas e outros espaços de espetáculos públicos:
· Fale diretamente com a pessoa, e não de lado ou atrás dela.
· Pronuncie suas frases devagar, mas com naturalidade.
· O volume de voz depende da perda de audição da pessoa. Comece falando com o tom de voz habitual e, se a pessoa solicitar, fale mais alto ou mais baixo.
· Faça com que a sua boca esteja bem visível, para permitir a leitura labial.
· Não fale mastigando, pois isso torna os lábios ilegíveis.
· Para chamar um surdo, faça algum sinal visual ou tátil, como acenar, acender e apagar uma luz ou até tocar o ombro da pessoa de leve.
· Quando falar com uma pessoa surda, tente ficar num lugar iluminado. Evite ficar contra a luz, pois isso dificulta ver o seu rosto. Se estiver na penumbra da sala de cinema, use lanterna ou a luz da tela do celular.
· As expressões faciais, os gestos e o movimento do seu corpo serão excelentes indicações do que você quer dizer.
· Enquanto estiver conversando, mantenha sempre contato visual. Se você desviar o olhar, a pessoa surda pode achar que a conversa terminou.
· Se for necessário, comunique-se com a pessoa surda através de bilhetes. O importante é se comunicar.
· Quando a pessoa surda estiver acompanhada de um intérprete, dirija-se à pessoa surda, não ao intérprete.
· Se você se sentir inseguro, pergunte. Não tenha vergonha de pedir para a pessoa repetir.
Normas técnicas de acessibilidade na TV
Um documento de referência indispensável para produtores audiovisuais, educadores, gestores de espaços de cultura e o público em geral é a NBR 15290, Acessibilidade em Comunicação na televisão, publicada em 2005 pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
A Norma estabelece preceitos para viabilizar ao maior número possível de pessoas o acesso à programação televisiva. Resumimos as principais orientações sobre legendas e janela de Libras (veja onde baixar a íntegra em Fontes de Referência, ao final deste Guia):
Diretrizes para legenda oculta em texto
· Alinhamentos. Para produção de legenda oculta nos sistemas closed caption (CC, textos que aparecem opcionalmente na tela do televisor, a partir do acionamento de dispositivo decodificador), no sistema ao vivo, as legendas devem ser alinhadas à esquerda; no sistema pré-gravado, o alinhamento deve ser o que melhor informar o espectador, dependendo da posição do falante.
· Pronuncie suas frases devagar, mas com naturalidade.
· O volume de voz depende da perda de audição da pessoa. Comece falando com o tom de voz habitual e, se a pessoa solicitar, fale mais alto ou mais baixo.
· Faça com que a sua boca esteja bem visível, para permitir a leitura labial.
· Não fale mastigando, pois isso torna os lábios ilegíveis.
· Para chamar um surdo, faça algum sinal visual ou tátil, como acenar, acender e apagar uma luz ou até tocar o ombro da pessoa de leve.
· Quando falar com uma pessoa surda, tente ficar num lugar iluminado. Evite ficar contra a luz, pois isso dificulta ver o seu rosto. Se estiver na penumbra da sala de cinema, use lanterna ou a luz da tela do celular.
· As expressões faciais, os gestos e o movimento do seu corpo serão excelentes indicações do que você quer dizer.
· Enquanto estiver conversando, mantenha sempre contato visual. Se você desviar o olhar, a pessoa surda pode achar que a conversa terminou.
· Se for necessário, comunique-se com a pessoa surda através de bilhetes. O importante é se comunicar.
· Quando a pessoa surda estiver acompanhada de um intérprete, dirija-se à pessoa surda, não ao intérprete.
· Se você se sentir inseguro, pergunte. Não tenha vergonha de pedir para a pessoa repetir.
Normas técnicas de acessibilidade na TV
Um documento de referência indispensável para produtores audiovisuais, educadores, gestores de espaços de cultura e o público em geral é a NBR 15290, Acessibilidade em Comunicação na televisão, publicada em 2005 pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
A Norma estabelece preceitos para viabilizar ao maior número possível de pessoas o acesso à programação televisiva. Resumimos as principais orientações sobre legendas e janela de Libras (veja onde baixar a íntegra em Fontes de Referência, ao final deste Guia):
Diretrizes para legenda oculta em texto
· Alinhamentos. Para produção de legenda oculta nos sistemas closed caption (CC, textos que aparecem opcionalmente na tela do televisor, a partir do acionamento de dispositivo decodificador), no sistema ao vivo, as legendas devem ser alinhadas à esquerda; no sistema pré-gravado, o alinhamento deve ser o que melhor informar o espectador, dependendo da posição do falante.
· Caracteres. Devem ser de cor branca, para permitir
maior eficácia na leitura, e estar centralizados em relação à tarja, de
modo a permitir a acentuação, a cedilha e a inscrição das letras G, J,
P, Q e Y sem alterar o tamanho e o alinhamento horizontal. Cada linha
deve apresentar no máximo 32 caracteres.
· Fundo/tarja. Nos sistemas CC ao vivo ou
pré-gravado, deve ser de cor preta para proporcionar ótimo contraste e
facilitar a leitura.
· Número de linhas. No sistema CC ao vivo, o ideal e utilizar até três das linhas disponíveis no display da legenda. No CC pré-gravado, pode ser utilizado o número de linhas que melhor informar ao espectador, dependendo de fatores como quantidade de caracteres, o número e posição de falantes em cena, etc.
· Número de linhas. No sistema CC ao vivo, o ideal e utilizar até três das linhas disponíveis no display da legenda. No CC pré-gravado, pode ser utilizado o número de linhas que melhor informar ao espectador, dependendo de fatores como quantidade de caracteres, o número e posição de falantes em cena, etc.
· Posicionamento. No sistema CC ao vivo, a legenda
deve estar preferencialmente na parte inferior da tela. Quando houver
necessidade de inserção de outros textos na parte inferior, a legenda
deve ir para o alto da tela. No sistema CC pré-gravado, pode-se
posicionar a legenda em diferentes níveis, de acordo com situações
cênicas específicas. A legenda deve estar próxima à pessoa que está
falando.
· Sinais e símbolos.
o Aspas ( “ ) – devem ser usadas para citações, títulos de livros, filmes, peças de teatro, palavras ditas de forma errada, etc.
o Início ( >> ) – no sistema CC ao vivo, deve ser usado para informar a troca da pessoa que está falando.
o Hífens ( -- ) – devem ser usados para indicar interrupção da fala;
o Nota musical – esse símbolo deve ser inserido no começo de uma música, fundo musical, voz cantada etc., e ficar por algum tempo, retomando tantas vezes quanto necessário, até entrar o texto.
o Nota musical – esse símbolo deve ser inserido no começo de uma música, fundo musical, voz cantada etc., e ficar por algum tempo, retomando tantas vezes quanto necessário, até entrar o texto.
· Sincronia. Ao vivo, o operador ouve antes e depois
envia o texto, com atraso máximo tolerado de quatro segundos. Em sistema
CC pré-gravado, a legenda deve acompanhar o tempo exato do quadro ou da
cena (frame).
10
10
· Efeitos sonoros. Todos os sons não literais,
importantes para a compreensão do texto, devem ser transcritos e
indicados entre colchetes. Por exemplo: [Latidos], [Criança chorando],
[Trovoadas], [Porta rangendo].
· Falas e ruídos. Quando houver informações
simultâneas de fala e sons não literais, a fala deve estar posicionada
próxima ao falante e o som não literal, entre colchetes.
· Identificação dos falantes. Quando a situação
cênica não permite a identificação de quem está falando, ou o personagem
está fora de cena (em off), o nome do personagem ou alguma informação
que o identifique deve aparecer entre colchetes. Ex.: [João]; [Menino];
[Policial].
· Itálico. Deve ser usado para identificar falas fora de cena, narração, enfatizar entonação e para palavras em outra língua.
· Música.
o A informação sobre a música (se é fundo musical, rock, trilha de suspense etc.) deve vir entre notas musicais.
o No caso de transcrição da letra, duas notas musicais seguidas, ao final da transcrição, devem indicar o seu término.
o Sempre que possível, a letra da música deve ser transcrita.
o Sempre que possível, a letra da música deve ser transcrita.
· Onomatopeias. O uso de informação literal do som
deve ter preferência. Por exemplo, [latidos], e não [au-au]. Em
programas infantis e cômicos, pode-se dar preferência às onomatopeias.
· Tempo de exposição. Depende de vários fatores, como
velocidade da fala, quantidade de palavras e de cortes de cena.
Recomenda-se a seguinte exposição:
o Legendas de uma linha completa: 2 a 3 segundos.
o Legendas de duas linhas: 3 segundos.
o Legendas de três linhas: 4,5 a 5 segundos.
o Legendas para público infantil: 3 a 4 segundos por linha – usar frase simples e concisas.
Diretrizes para a janela de Libras
· Estúdio. O local onde será gravada a imagem do intérprete em Libras deve ter:
o Legendas de duas linhas: 3 segundos.
o Legendas de três linhas: 4,5 a 5 segundos.
o Legendas para público infantil: 3 a 4 segundos por linha – usar frase simples e concisas.
Diretrizes para a janela de Libras
· Estúdio. O local onde será gravada a imagem do intérprete em Libras deve ter:
o Espaço suficiente para que o intérprete não fique colado ao fundo, evitando assim o aparecimento de sombras.
o Iluminação suficiente e adequada para que a câmera possa captar, com qualidade, o intérprete e o fundo.
o Câmera de vídeo apoiada sobre tripé fixo.
o Marcação no solo para delimitar o espaço de movimentação do intérprete.
o Iluminação suficiente e adequada para que a câmera possa captar, com qualidade, o intérprete e o fundo.
o Câmera de vídeo apoiada sobre tripé fixo.
o Marcação no solo para delimitar o espaço de movimentação do intérprete.
· Janela.
o Os contrastes devem ser nítidos, quer em cores, quer em preto e branco.
o Deve haver contraste entre o pano de fundo e os elementos do intérprete.
o O foco deve abranger toda a movimentação e gesticulação do intérprete.
o A iluminação adequada deve evitar o aparecimento de sombras nos olhos e/ou o seu ofuscamento.
o Deve haver contraste entre o pano de fundo e os elementos do intérprete.
o O foco deve abranger toda a movimentação e gesticulação do intérprete.
o A iluminação adequada deve evitar o aparecimento de sombras nos olhos e/ou o seu ofuscamento.
· Recorte ou wipe. Quando a imagem do intérprete de Libras estiver no recorte:
o a altura da janela deve ser, no mínimo, metade da tela do televisor;
o a largura da janela deve ocupar no mínimo a quarta parte da largura da tela do televisor;
o sempre que possível, o recorte deve estar localizado de modo a não ser encoberto pela tarja preta da legenda oculta;
o quando houver necessidade de deslocamento do recorte na tela do televisor, deve haver continuidade na imagem da janela.
o a largura da janela deve ocupar no mínimo a quarta parte da largura da tela do televisor;
o sempre que possível, o recorte deve estar localizado de modo a não ser encoberto pela tarja preta da legenda oculta;
o quando houver necessidade de deslocamento do recorte na tela do televisor, deve haver continuidade na imagem da janela.
· Requisitos para a interpretação e visualização da
Libras. Para boa visualização da interpretação, devem ser atendidas as
seguintes condições:
o a vestimenta, a pele e o cabelo do intérprete devem
ser contrastantes entre si e entre o fundo. Evitar fundo e vestimenta
em tons próximos ao tom da pele do intérprete;
o no recorte não devem ser incluídas ou sobrepostas quaisquer outras imagens.
Produção de DVD
Ao produzir um DVD, deve-se incluir os seguintes recursos:
o no recorte não devem ser incluídas ou sobrepostas quaisquer outras imagens.
Produção de DVD
Ao produzir um DVD, deve-se incluir os seguintes recursos:
· idioma original;
· dublagem de língua estrangeira para o português;
· CC no idioma original;
· CC em língua portuguesa;
· descrição em áudio de imagens e sons, na língua portuguesa, preservando as características dos efeitos estéreo e estéreo digital, bem como a qualidade do áudio;
· janela com intérprete de Libras;
· suporte de voz para permitir navegação pelos menus.
Dicas de um intérprete
O intérprete de Libras Tom Min Alves dá algumas sugestões e dicas práticas sobre acessibilidade para surdos em produções audiovisuais e em locais de exibição:
· dublagem de língua estrangeira para o português;
· CC no idioma original;
· CC em língua portuguesa;
· descrição em áudio de imagens e sons, na língua portuguesa, preservando as características dos efeitos estéreo e estéreo digital, bem como a qualidade do áudio;
· janela com intérprete de Libras;
· suporte de voz para permitir navegação pelos menus.
Dicas de um intérprete
O intérprete de Libras Tom Min Alves dá algumas sugestões e dicas práticas sobre acessibilidade para surdos em produções audiovisuais e em locais de exibição:
· A cor da roupa do intérprete pode variar, para
tornar a produção mais dinâmica: por exemplo, um figurino adaptado a um
filme infantil de piratas.
· Assim como os ouvintes aprendem uma segunda língua ao ver um filme estrangeiro com legenda, o surdo poderia desenvolver o seu português se pudesse visualizar ao mesmo tempo a janela de Libras e a legenda.
· Em salas de cinema, pelo menos um dos profissionais que atendem o público deveria ser razoavelmente fluente em Libras. Também seria interessante a contratação de alguém com proficiência na Língua de Sinais. Essa pessoa poderia dar treinamento às equipes de lojas no shopping center, por exemplo.
· O cinema que contar com estrutura de acessibilidade aos deficientes pode afixar cartaz com o símbolo nacional de surdez.
Dicas de um espectador surdo
Algumas sugestões práticas de Germano Dutra, estudante de cinema na UFSC, para a produção de legendas em produtos audiovisuais:
· Dê preferência a descrições objetivas e evite redundância com o que está sendo visto.
· Use linguagem sintética, mas seja fiel ao conteúdo.
· Descreva os sons relevantes para a compreensão da história. Por exemplo, em um filme romântico, quando o casal se encontra, coloque o símbolo de música e acrescente [Música romântica]
· Em comédias, não é preciso dizer quando é hora de rir, exceto quando há claque de risadas.
· Use closed caption em comerciais. Surdo também faz compras.
· Evite legendas com corpo muito pequeno. Isso costuma ocorrer em propagandas políticas.
· Quando a voz estiver em off, coloque as letras em itálico.
· Indique quando a voz for sussurrada, se isso tiver importância na narrativa.
Audiodescrição
Audiodescrição é um recurso de acessibilidade que permite acesso de pessoas com deficiência visual, entre outras, ao cinema, teatro, programas de TV, exposições, espetáculos de dança, passeios turísticos, eventos acadêmicos etc. Ela é fundamental para a inclusão de milhões de pessoas ao lazer, à cultura e ao conhecimento.
· Assim como os ouvintes aprendem uma segunda língua ao ver um filme estrangeiro com legenda, o surdo poderia desenvolver o seu português se pudesse visualizar ao mesmo tempo a janela de Libras e a legenda.
· Em salas de cinema, pelo menos um dos profissionais que atendem o público deveria ser razoavelmente fluente em Libras. Também seria interessante a contratação de alguém com proficiência na Língua de Sinais. Essa pessoa poderia dar treinamento às equipes de lojas no shopping center, por exemplo.
· O cinema que contar com estrutura de acessibilidade aos deficientes pode afixar cartaz com o símbolo nacional de surdez.
Dicas de um espectador surdo
Algumas sugestões práticas de Germano Dutra, estudante de cinema na UFSC, para a produção de legendas em produtos audiovisuais:
· Dê preferência a descrições objetivas e evite redundância com o que está sendo visto.
· Use linguagem sintética, mas seja fiel ao conteúdo.
· Descreva os sons relevantes para a compreensão da história. Por exemplo, em um filme romântico, quando o casal se encontra, coloque o símbolo de música e acrescente [Música romântica]
· Em comédias, não é preciso dizer quando é hora de rir, exceto quando há claque de risadas.
· Use closed caption em comerciais. Surdo também faz compras.
· Evite legendas com corpo muito pequeno. Isso costuma ocorrer em propagandas políticas.
· Quando a voz estiver em off, coloque as letras em itálico.
· Indique quando a voz for sussurrada, se isso tiver importância na narrativa.
Audiodescrição
Audiodescrição é um recurso de acessibilidade que permite acesso de pessoas com deficiência visual, entre outras, ao cinema, teatro, programas de TV, exposições, espetáculos de dança, passeios turísticos, eventos acadêmicos etc. Ela é fundamental para a inclusão de milhões de pessoas ao lazer, à cultura e ao conhecimento.
Desde 1º. de julho de 2011, as emissoras de TV no
Brasil são obrigadas a exibir pelo menos duas horas semanais de
produções adaptadas para o público com alguma deficiência visual ou
intelectual. Até 2020, as geradoras e retransmissoras devem exibir 20
horas semanais de programação adaptada.
Profissional e informal
Usualmente, a audiodescrição é realizada por atores
treinados, a partir de um roteiro que segue padrões e técnicas
específicas. Ela pode ser gravada, ao vivo ensaiada, ao vivo simultânea e
em filmes estrangeiros não dublados. Certas modalidades requerem apoio
técnico e ferramentas como roteiro, cópia do filme com time code para
sincronização de áudio e vídeo, cabines de tradução simultânea e
equipamento para edição do áudio.
Muitos deficientes visuais veem filmes com
audiodescrição informal, feita por familiares e amigos. Em geral, ela é
improvisada e emotiva, mas nem por isso, menos importante. O
conhecimento das preferências das pessoas deficientes pode ajudar a
descrever o que é mais interessante e necessário para elas. Várias
orientações que apresentamos para a audiodescrição profissional podem
ser aplicar também nesses casos.
Definições
Algumas definições e comentários de especialistas ajudam a compreender melhor as principais características da audiodescrição:
Definições
Algumas definições e comentários de especialistas ajudam a compreender melhor as principais características da audiodescrição:
“...é uma atividade de mediação linguística, uma
modalidade de tradução intersemiótica que transforma o visual em
verbal,...contribuindo para a inclusão cultural, social e escolar. Além
das pessoas com deficiência visual, ela amplia também o entendimento de
pessoas com deficiência intelectual, idosos e disléxicos”. (Lívia Motta –
vercompalavras.com.br)
“...consiste na descrição clara e objetiva de todas
as informações que compreendemos visualmente e que não estão contidas
nos diálogos, como, por exemplo, expressões faciais e corporais que
comuniquem algo, informações sobre o ambiente figurinos, efeitos
especiais, mudanças de tempo e espaço, além da leitura de créditos,
títulos e qualquer informação escrita na tela”. (Graciela Pozzobon e
Lara Pozzobon – audiodescricao.com.br)
“...é uma forma de leitura reveladora que evoca em
seu público uma multiplicidade de sensações e sentimentos capazes de
gerar uma revolução sensitiva muito necessária para a formação do gosto
cinematográfico”. (Bell Machado – Ponto de Cultura)
Diretrizes para audiodescrição
Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) publicou um estudo com sugestões para o desenvolvimento da audiodescrição no Brasil.1 Sintetizamos algumas delas, acrescidas de um conjunto de diretrizes do American Council of the Blind (Conselho Americano dos Cegos)2. As sugestões abordam questões como a linguagem cinematográfica, o grau de detalhamento e as preferências individuais.
Diretrizes para audiodescrição
Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) publicou um estudo com sugestões para o desenvolvimento da audiodescrição no Brasil.1 Sintetizamos algumas delas, acrescidas de um conjunto de diretrizes do American Council of the Blind (Conselho Americano dos Cegos)2. As sugestões abordam questões como a linguagem cinematográfica, o grau de detalhamento e as preferências individuais.
Uma diretriz importante é que a audiodescrição não
deve interferir no diálogo existente. Isso significa que há um tempo
limitado no do qual a descrição deverá ser feita. Logo, nem tudo o que
poderia ser descrito, o será. Estudos acadêmicos sugerem os seguintes
procedimentos para uma boa audiodescrição:
· Siga do geral para o particular, criando primeiro um contexto (espaço, tempo, situação) para passar em seguida aos detalhes.
· Responda as quatro perguntas básicas: Quando? Onde? Quem? e O quê? As duas primeiras situam o espectador no tempo e no espaço como dia ou noite, nublado ou ensolarado. A terceira descreve quem aparece na cena: características físicas e relacionais do(s) personagem(s), vestuário, se é pai, mãe, namorado, etc. A última, “o quê”, descreve movimentos e gestos expressivos.
· Faça uma descrição objetiva, com linguagem acurada e apropriada.
· Escreva com simplicidade, clareza e concisão.
· Descreva no tempo presente.
· Evite termos técnicos, a menos que seja absolutamente necessário.
· Evite a descrição excessiva, que às vezes antecipa a narrativa e desfaz as ambiguidades propositais do filme, retirando parte de seu encanto.
· Leve em consideração a paleta sonora com todas as possibilidades que ela oferece na construção do sentido. O silêncio, em certas situações, pode ter o seu valor.
· Não use termos ofensivos ou racistas (mas descreva a etnia quando relevante).
· Experimente e invente um pouco, para tentar da conta da singularidade de cada filme.
· Envolva os deficientes visuais no processo.
· Responda as quatro perguntas básicas: Quando? Onde? Quem? e O quê? As duas primeiras situam o espectador no tempo e no espaço como dia ou noite, nublado ou ensolarado. A terceira descreve quem aparece na cena: características físicas e relacionais do(s) personagem(s), vestuário, se é pai, mãe, namorado, etc. A última, “o quê”, descreve movimentos e gestos expressivos.
· Faça uma descrição objetiva, com linguagem acurada e apropriada.
· Escreva com simplicidade, clareza e concisão.
· Descreva no tempo presente.
· Evite termos técnicos, a menos que seja absolutamente necessário.
· Evite a descrição excessiva, que às vezes antecipa a narrativa e desfaz as ambiguidades propositais do filme, retirando parte de seu encanto.
· Leve em consideração a paleta sonora com todas as possibilidades que ela oferece na construção do sentido. O silêncio, em certas situações, pode ter o seu valor.
· Não use termos ofensivos ou racistas (mas descreva a etnia quando relevante).
· Experimente e invente um pouco, para tentar da conta da singularidade de cada filme.
· Envolva os deficientes visuais no processo.
1 DAVID, Jéssica; HAUTEQUESTT, Felipe, e KASTRUP,
Virginia. Audiodescrição de filmes: experiência, objetividade e
acessibilidade cultural. Fractal : Revista de Psicologia. Vol.24, N.1,
Rio de Janeiro Janeiro/abril 2012.
2 AMERICAN COUNCIL OF BLIND. Guidelines for Audio Description. 2003. Disponível em http://www.acb.org/adp/guidelines.html.
O que é descrição objetiva?
A descrição “objetiva” tem sido entendida como aquela que não demonstra envolvimento afetivo ou emocional com o filme. Mas, muitas vezes, a pretensa neutralidade pode produzir efeitos indesejáveis, com descrições monocórdias e robóticas. A descrição deve ser integrada à paisagem do filme, sem interpretar nem atribuir juízos de valor, mas com ritmo e adequação ao contexto.
O que é descrição objetiva?
A descrição “objetiva” tem sido entendida como aquela que não demonstra envolvimento afetivo ou emocional com o filme. Mas, muitas vezes, a pretensa neutralidade pode produzir efeitos indesejáveis, com descrições monocórdias e robóticas. A descrição deve ser integrada à paisagem do filme, sem interpretar nem atribuir juízos de valor, mas com ritmo e adequação ao contexto.
Dicas de uma roteirista
A roteirista Mônica Magnani faz audiodescrições de
filmes e outros produtos audiovisuais para emissoras de televisão. Ela
compartilha algumas dicas práticas:
- Ouça quem entende. É fundamental para o roteirista
ter um consultor cego ou de baixa visão. Caso não seja possível, já que o
prazo de entrega é sempre muito curto, conta-se com o diretor de
gravação para fazer os ajustes necessários. Também ajuda participar de
listas de discussão.
- Assista ao filme todo. Este é o primeiro passo do
trabalho, para detectar as “clareiras” de silêncio e as características
da obra. Em seguida, passa-se ao roteiro.
- Considere o público-alvo. Se o filme é para crianças, por exemplo, é importante evitar o vocabulário complexo ou rebuscado.
- Redija com qualidade e rapidez. Roteirizar é um
trabalho artesanal meticuloso que requer correções e ajustes. Também
deve ser feito com qualidade e rapidez, pois, em geral, o roteirista
dispõe de poucos dias de prazo.
- Descreva o que vê, sem interpretar nem antecipar
situações. Este é um dos maiores desafios para o roteirista. Alguns
cegos classificam, com bom humor, de “audiodestruição” a audiodescrição
que vai além da sua função básica.
Exemplos:
- Como NÃO descrever uma cena. “Dois rapazes se cumprimentam com um abraço efusivo, como se fossem amigos de infância”.
- Como descrever a mesma cena. “Dois rapazes se cumprimentam com um abraço e sorriem”.
- Atenção ao citar cores. Descreva as cores para
ajudar as pessoas com baixa visão a localizarem o que está sendo
descrito e para compartilhar o significado emocional da cor na produção.
Exemplos: mulher de vestido vermelho berrante em um velório; cor branca
como símbolo de “paz”.
- Adote uma narração “branca”. Não apenas o
roteirista deve evitar uma carga interpretativa muito forte, como também
o narrador. Mas deve-se buscar um meio termo, evitando uma linguagem
“robótica”.
- Use vozes distintas. Vozes idênticas ou muito
parecidas produzem confusão para o espectador cego. A voz do
audiodescritor não deve ser a mesma da dos personagens.
- Nomeie no momento adequado. O ideal é falar o nome
do personagem quando o mesmo for nomeado no filme, o que nem sempre
ocorre no início. Depois, não é preciso
voltar a fazê-lo, exceto quando há muita gente falando ao mesmo tempo. Use o bom senso.
voltar a fazê-lo, exceto quando há muita gente falando ao mesmo tempo. Use o bom senso.
- Economize adjetivos. A adjetivação torna o texto
interpretativo e não é apreciada. Deve-se também evitar o pronome
possessivo em excesso (“seu”, “sua”), que pode provocar ambiguidade. -
Evite a “linguagem vazia” – palavras que não dizem o que se está vendo. -
Como NÃO descrever uma cena: “Amanhece. Vista aérea da cidade, com os
prédios ao fundo”. - Como descrever a mesma cena: “Amanhece. Céu em tons
de azul e laranja. Algumas nuvens. Cidade coberta por uma tênue névoa”.
- Inclua um resumo dos créditos. Os cegos gostam de
saber quem fez o filme. A sugestão é citar diretor, roteirista, produtor
executivo e atores principais.
Acessibilidade na web
Sintetizamos algumas orientações para quem programa, produz e publica na internet tornar o resultado do seu trabalho acessível a um amplo grupo de pessoas com deficiência – cegueira e baixa visão, surdez e baixa audição, dificuldades de aprendizagem, limitações cognitivas e outras.
Acessibilidade na web
Sintetizamos algumas orientações para quem programa, produz e publica na internet tornar o resultado do seu trabalho acessível a um amplo grupo de pessoas com deficiência – cegueira e baixa visão, surdez e baixa audição, dificuldades de aprendizagem, limitações cognitivas e outras.
Estas recomendações são introdutórias e se baseiam no
trabalho do W3C (Word Wide Web Consortium), comunidade internacional
que cria padrões abertos para assegurar o crescimento de longo prazo da
Web. Sugerimos a leitura do documento WCAG 2.0 (Diretrizes de
Acessibilidade ao Conteúdo Web) – veja o link ao final deste Guia.
Princípio 1: Conteúdo perceptível
A informação e os componentes da interface devem apresentados aos usuários em formas que eles possam perceber.
Princípio 1: Conteúdo perceptível
A informação e os componentes da interface devem apresentados aos usuários em formas que eles possam perceber.
· Forneça equivalentes textuais para qualquer
conteúdo não textual, de forma a permitir impressão em caracteres
ampliados, Braille, fala (sintetizadores de voz), símbolos etc. Os
elementos não textuais mais comuns são imagens de figuras, fotografias,
botões, animações, mapas, filmes e sons.
o Em código HTML, o atributo “ALT” (alternativo) é
útil para fornecer descrições simples, como legendas de fotos e
instruções de botões.
o Para explicações muito longas ou complexas – por exemplo, de um gráfico –, utilize o ALT para um resumo e também o atributo “LONGDESC” (descrição longa) ou um “D” link, que permitem aos usuários acessar um texto em janela separada.
o Evite usar o “ALT” para bombardear o usuário com informações inúteis ou meramente decorativas, como “um espaçador” ou “uma linha azul”. Nesses casos, use o valor vazio para o atributo: ALT (alt=“ “). Deixe um espaço em branco entre as aspas, para que o ALT seja ignorado por leitores de tela.
o Ao dar link para um site externo, acrescente a informação (alt=“site externo”)
o Para explicações muito longas ou complexas – por exemplo, de um gráfico –, utilize o ALT para um resumo e também o atributo “LONGDESC” (descrição longa) ou um “D” link, que permitem aos usuários acessar um texto em janela separada.
o Evite usar o “ALT” para bombardear o usuário com informações inúteis ou meramente decorativas, como “um espaçador” ou “uma linha azul”. Nesses casos, use o valor vazio para o atributo: ALT (alt=“ “). Deixe um espaço em branco entre as aspas, para que o ALT seja ignorado por leitores de tela.
o Ao dar link para um site externo, acrescente a informação (alt=“site externo”)
· Áudio e vídeo devem ser acompanhados de legendas, audiodescrição ou tradução em língua de sinais.
· Facilite a visualização. A cor não deve ser o único meio visual para transmitir informações.
· Se o som tocar por mais de três segundos, deve estar presente um mecanismo para pausar, parar e controlar o volume.
· O texto deve ser redimensionável e contrastável com o fundo. O ideal é que as cores do primeiro plano e do plano de fundo possam ser alteradas pelo usuário.
Princípio 2: Conteúdo operável
· Toda a funcionalidade do conteúdo deve ser operável através de teclado. Isso não significa, entretanto, desencorajar a entrada de dados através do mouse ou outros métodos, em conjunto com o teclado.
· O site precisa fornecer tempo suficiente para os usuários lerem e utilizarem o conteúdo.
· Deve-se evitar conteúdo que possa causar ataques epiléticos – com mais de três flashes no período de um segundo.
· Sites acessíveis fornecem meios de ajudar os usuários a navegar, localizar conteúdos e determinar o local onde estão.
Princípio 3: Conteúdo compreensível
· A informação e a operação da interface de usuário devem ter formas de aumentar a legibilidade, tais como mecanismos para identificar palavras incomuns, jargões, abreviaturas e pronúncia.
· É importante fazer com que as páginas Web surjam e funcionem de forma previsível. Isso inclui, por exemplo, uma navegação consistente, com os mesmos mecanismos repetidos na mesma ordem e posição em um conjunto de páginas.
· Facilite a visualização. A cor não deve ser o único meio visual para transmitir informações.
· Se o som tocar por mais de três segundos, deve estar presente um mecanismo para pausar, parar e controlar o volume.
· O texto deve ser redimensionável e contrastável com o fundo. O ideal é que as cores do primeiro plano e do plano de fundo possam ser alteradas pelo usuário.
Princípio 2: Conteúdo operável
· Toda a funcionalidade do conteúdo deve ser operável através de teclado. Isso não significa, entretanto, desencorajar a entrada de dados através do mouse ou outros métodos, em conjunto com o teclado.
· O site precisa fornecer tempo suficiente para os usuários lerem e utilizarem o conteúdo.
· Deve-se evitar conteúdo que possa causar ataques epiléticos – com mais de três flashes no período de um segundo.
· Sites acessíveis fornecem meios de ajudar os usuários a navegar, localizar conteúdos e determinar o local onde estão.
Princípio 3: Conteúdo compreensível
· A informação e a operação da interface de usuário devem ter formas de aumentar a legibilidade, tais como mecanismos para identificar palavras incomuns, jargões, abreviaturas e pronúncia.
· É importante fazer com que as páginas Web surjam e funcionem de forma previsível. Isso inclui, por exemplo, uma navegação consistente, com os mesmos mecanismos repetidos na mesma ordem e posição em um conjunto de páginas.
Princípio 4: Conteúdo robusto
· É recomendável que o conteúdo seja compatível com
os atuais e futuros agentes de usuário, tais como navegadores, leitores
de mídia, plug-ins e tecnologias de assistência que ajudam a interagir
com conteúdos Web.
Exemplos de barreiras ao acessar o conteúdo de uma página
· Falta de clareza e consistência na organização das páginas.
· Imagens que não possuem texto alternativo.
· Imagens complexas. Exemplo: gráfico ou imagem com importante significado que não possui descrição adequada.
· Vídeos que não possuem descrição textual ou sonora.
· Tabelas que não fazem sentido quando lidas célula por célula ou em modo linearizado.
· Frames que não possuem a alternativa "noframe", ou que não possuem nomes significativos.
· Formulários que não podem ser navegados com a tecla “Tab” em uma sequência lógica ou que não estão rotulados.
· Navegadores e ferramentas que não têm suporte de teclado para todos os comandos.
· Documentos formatados sem seguir os padrões web que podem dificultar a interpretação por leitores de tela.
· Fontes com tamanhos absolutos, que não podem ser aumentadas ou reduzidas facilmente.
· Uso de linguagem complexa sem necessidade.
Uma dica de ouro: testar e validar
Ao construir um site que ofereça o máximo de acessibilidade aos visitantes, teste-o com validadores automáticos e com pessoas com deficiência especialistas no assunto. Experimente o uso de diversos navegadores, como o Webvox, Lynx, Firefox, Opera, Internet Explorer e Safari. Revise a linguagem para deixá-la clara e simples. Revise o código para eliminar erros e adequá-lo aos padrões Web. Deixe as páginas ajustadas ao tamanho das letras em todo o site. Imagine-se no lugar dos usuários e tente antecipar suas dificuldades. E esteja sempre pronto(a) a aprender.
Exemplos de barreiras ao acessar o conteúdo de uma página
· Falta de clareza e consistência na organização das páginas.
· Imagens que não possuem texto alternativo.
· Imagens complexas. Exemplo: gráfico ou imagem com importante significado que não possui descrição adequada.
· Vídeos que não possuem descrição textual ou sonora.
· Tabelas que não fazem sentido quando lidas célula por célula ou em modo linearizado.
· Frames que não possuem a alternativa "noframe", ou que não possuem nomes significativos.
· Formulários que não podem ser navegados com a tecla “Tab” em uma sequência lógica ou que não estão rotulados.
· Navegadores e ferramentas que não têm suporte de teclado para todos os comandos.
· Documentos formatados sem seguir os padrões web que podem dificultar a interpretação por leitores de tela.
· Fontes com tamanhos absolutos, que não podem ser aumentadas ou reduzidas facilmente.
· Uso de linguagem complexa sem necessidade.
Uma dica de ouro: testar e validar
Ao construir um site que ofereça o máximo de acessibilidade aos visitantes, teste-o com validadores automáticos e com pessoas com deficiência especialistas no assunto. Experimente o uso de diversos navegadores, como o Webvox, Lynx, Firefox, Opera, Internet Explorer e Safari. Revise a linguagem para deixá-la clara e simples. Revise o código para eliminar erros e adequá-lo aos padrões Web. Deixe as páginas ajustadas ao tamanho das letras em todo o site. Imagine-se no lugar dos usuários e tente antecipar suas dificuldades. E esteja sempre pronto(a) a aprender.
Nenhum comentário:
Postar um comentário