terça-feira, 11 de março de 2014

TELINHA QUENTE 111


Saga Norén, Länskrim, Malmö”

Roberto Rillo Bíscaro

Amei tanto a temporada de estreia de Bron/Broen, que me interessei por engenharia! Vi o documentário sobre a construção da ponte ligando Copenhague a Malmö. Projeto e execução são aulas de sustentabilidade, perícia tecnológica e cumprimento de prazo/orçamento. Produzido pelo National Geographic, o programa pode ser visto em inglês sem legendas, no You Tube:

Esta postagem, todavia, não é pra resenhar o documentário. É pra contar que emendei os 10 capítulos da segunda temporada d’A Ponte à dezena comentada semana passada (aqui). Bron II Broen foi exibida na Escandinávia entre setembro e novembro do ano passado e consegue ser melhor do que a praticamente perfeita temporada de estreia.
A ação começa pouco mais de ano após os eventos da temporada inaugural. Um barco à deriva choca-se contra uma pilastra da ponte sueco-danesa. À bordo, jovens dos 2 países, desacordados. No hospital sueco, alguns começam a morrer de peste pulmonar. A potencial crise binacional é nova desculpa pra Martin Rohde e Saga Norén voltarem a labutar juntos na investigação dum crime que prova ser o começo de complexa engrenagem envolvendo eco e bio terrorismo. Sem contar relações familiares doentias, homens de programa e até um psicopata ao qual Martin quer fazer “ver a luz”.
A Ponte continua construindo sua história com meticulosidade, sem pressa e com a adição paulatina de personagens. Aparece núcleo novo e cogitamos como diabos essa sub-trama está ligada à principal. Paciência, ela aristotelicamente se conectará. A ambientação continua austera e gélida, com trilha sonora incidental que por vezes é outro-mundista e que mantém a depressão hipnótica da magistral canção-tema. 

A química entre Martin Rohde e Saga Norén parece que aumentou (ou somos nós que os amamos cada vez mais?) e os atores Kim Bodnia e Sofia Helin dão outro banho: o primeiro como o cara legal, com demônio grande pra exorcizar e a atriz sueca, com sua atuação estelar da personagem com Síndrome de Asperger, que nunca é nomeada, mas faz parte da composição de todas as camadas da personagem.
E como a inabilidade pra conotação, ironia e sutilezas (alguns diriam, hipocrisias...) do convívio social é bem utilizada pelo roteirista pra que riamos e também pra integrar parcela do desfecho impressionante dessa temporada. Nordic Noir até na menor migalha de seu cimento dramático, A Ponte tem um dos desfechos mais cinzentos que já vi.
Quando escrevi sobre a primeira temporada, hesitava em dar chance pra releitura anglo-francesa. Decisão veio fácil com a segunda temporada: manterei distância! Como replicar o intoxicantemente sublime? 

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