Saga Norén, Länskrim, Malmö”
Roberto Rillo Bíscaro
Roberto Rillo Bíscaro
Amei tanto a temporada de estreia de Bron/Broen, que me interessei por engenharia! Vi o documentário sobre a construção da ponte ligando Copenhague a Malmö. Projeto e execução são aulas de sustentabilidade, perícia tecnológica e cumprimento de prazo/orçamento. Produzido pelo National Geographic, o programa pode ser visto em inglês sem legendas, no You Tube:
Esta postagem, todavia, não é pra resenhar o documentário. É
pra contar que emendei os 10 capítulos da segunda temporada d’A Ponte à dezena
comentada semana passada (aqui). Bron II Broen foi exibida na Escandinávia
entre setembro e novembro do ano passado e consegue ser melhor do que a
praticamente perfeita temporada de estreia.
A ação começa pouco mais de ano após os eventos da temporada
inaugural. Um barco à deriva choca-se contra uma pilastra da ponte
sueco-danesa. À bordo, jovens dos 2 países, desacordados. No hospital sueco,
alguns começam a morrer de peste pulmonar. A potencial crise binacional é nova
desculpa pra Martin Rohde e Saga Norén voltarem a labutar juntos na
investigação dum crime que prova ser o começo de complexa engrenagem envolvendo
eco e bio terrorismo. Sem contar relações familiares doentias, homens de
programa e até um psicopata ao qual Martin quer fazer “ver a luz”.
A Ponte continua construindo sua história com
meticulosidade, sem pressa e com a adição paulatina de personagens. Aparece
núcleo novo e cogitamos como diabos essa sub-trama está ligada à principal.
Paciência, ela aristotelicamente se conectará. A ambientação continua austera e
gélida, com trilha sonora incidental que por vezes é outro-mundista e que
mantém a depressão hipnótica da magistral canção-tema.
A química entre Martin Rohde e Saga Norén parece que aumentou
(ou somos nós que os amamos cada vez mais?) e os atores Kim Bodnia e Sofia
Helin dão outro banho: o primeiro como o cara legal, com demônio grande pra
exorcizar e a atriz sueca, com sua atuação estelar da personagem com Síndrome
de Asperger, que nunca é nomeada, mas faz parte da composição de todas as
camadas da personagem.
E como a inabilidade pra conotação, ironia e sutilezas
(alguns diriam, hipocrisias...) do convívio social é bem utilizada pelo
roteirista pra que riamos e também pra integrar parcela do desfecho
impressionante dessa temporada. Nordic Noir até na menor migalha de seu cimento
dramático, A Ponte tem um dos desfechos mais cinzentos que já vi.
Quando
escrevi sobre a primeira temporada, hesitava em dar chance pra releitura
anglo-francesa. Decisão veio fácil com a segunda temporada: manterei distância!
Como replicar o intoxicantemente sublime?
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