terça-feira, 25 de março de 2014

TELINHA QUENTE 113


A História Feito Novela
Júlio César foi tão poderoso que o sétimo mês foi nomeado em sua homenagem pelo Senado romano. Conquistou a Gália, atravessou o Rubicão e foi assassinado por Brutus. Seguiu-se guerra civil na República, entre Marco Antônio e Otávio e, com a vitória do último, iniciou-se o Império Romano. Aprendi na escola e com Lobato.
Essas personagens, juntamente com a rainha egípcia Cleópatra, têm desfrutado de fama perene. De Shakespeare aos Smiths, passando por Elizabeth Taylor, volta e meia são convocados a saírem dos anais históricos.
Entre 2005 e 2007, a norte-americana HBO, a britânica BBC e a italiana RAI consorciaram-se e levaram ao ar 2 temporadas da superprodução Rome, que usa essas e outras personagens reais misturadas a uma galeria ficcional pra contar histórias de intriga e guerra na Roma pré-cristã. Terminei de ver os 22 episódios durante o Carnaval.
O formato de novelão grita, especialmente devido à necessária adição das intrigas femininas em todos os níveis sociais. Numa sociedade onde as fêmeas eram posse dos machos, não lhes restavam muitas opções a não ser tramar por baixo dos panos, não infrequentemente lençóis. Sobram envenenamentos, infidelidades, casamentos por conveniência e muita sedução.
Como seria difícil empatizar com gente tão fria e calculista como os poderosos, os roteiristas pinçaram 2 legionários citados por Júlio César em seus Comentários sobre a Guerra Gálica. Lucios Vorenos e Titus Pullo são o elo do núcleo patrício com a plebe, bem ao estilo de nossas telenovelas. Vorenos é muito chato com sua cabeça-dura de soldado ético e certinho, então minha simpatia recaiu sobre o bonachão Titus. Mas, minha favorita foi a mãe de Otávio. Interesseira, malvada e safada. A família do futuro imperador era do bafão; rolava de tudo. Pequenininha, mas ordinária, amei!
Como os eventos ocorrem em espaços distantes e dilatados temporalmente, às vezes, ficamos desorientados. Numa cena, anuncia-se uma guerra; na seguinte, passaram-se meses, muda-se de Roma pra Grécia, o conflito terminou e demoramos pra perceber. Na segunda temporada, tentaram consertar com legendas, mas não foi consistente e durou pouco. Não estraga a série, mas frustra.
Não pude evitar cogitar quão cortada Roma deve ter resultado quando exibida em TVs abertas. As cenas de nu são bem desinibidas, pra me expressar educadamente e a violência abunda em jorros de sangue e membros decepados. Precisava tanto ou é, no fundo, coisa de contemporâneo imaginando a antiguidade como selvagem?

Nenhum comentário:

Postar um comentário