quinta-feira, 27 de março de 2014

TELONA QUENTE 82



Roberto Rillo Bíscaro

Parte do apelo das histórias policiais é a necessidade humana de explicações. Somos bastante ineptos pra lidar com o desconhecido/incerto. Não é incomum em programas Datenescos escutarmos lamentos quanto à falta dum corpo pra velar/enterrar.
Spoorloos, filme holandês que vi com 26 anos de atraso, é excelente suspense psicológico sobre a necessidade obsessiva de fechamento dum ciclo, o tão usado “closure”, em inglês. No filme, inclusive, ele ocorre literalmente!
Lançado em videocassete na época como O Silêncio do Lago, os norte-americanos o refilmaram nos 90’s pra não precisar ler legendas; com o mesmo diretor. Por aqui, a versão ianque recebeu também o nome de Silêncio do Lago, mas depois de ver a europeia nem quero saber dela.
Um casal de amigos viaja de férias, quando a companheira desaparece em plena luz do dia em um posto de beira de estrada lotado, no auge do verão europeu. O cotidiano da viagem é preenchido por suspense com a preparação que o roteiro dá ao evento. Um dos pontos fortes de Spoorloos (também conhecido como The Vanishing; O Desaparecimento) é inquietar o máximo dando bastante informação e mostrando pessoas e cenas não muito incomuns.    
3 anos depois, o companheiro ainda está obcecado com o sumiço da moça e vive dando entrevistas ou pregando cartazes de “procura-se”. O abdutor contata o homem e estabelece-se uma questão: quão longe alguém está disposto a ir pra atingir o conhecimento. No final, estava me indagando quem era mais doido.
Quieto, dando logo a identidade do aparentemente convencional papai de família sociopata, Spoorloos deve ter sido inovador, porque consegue muita tensão sem pirotecnia.

Quem quiser ver no Youtube, legendado em inglês, está aqui:

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