Roberto Rillo Bíscaro
Em 1983, 2 locomotivas pop lançaram primeiros álbuns: Madonna e Cyndi Lauper. Visualmente marcantes atendendo à necessidade da infante MTV; artisticamente espertas, sintetizando tendências underground em popice radiofônica; atitudinalmente marcantes, representando a garota independente, sexualmente ativa, enfim, a Modern Girl, já cantada pela escocesa Sheena Easton.
Em 1983, 2 locomotivas pop lançaram primeiros álbuns: Madonna e Cyndi Lauper. Visualmente marcantes atendendo à necessidade da infante MTV; artisticamente espertas, sintetizando tendências underground em popice radiofônica; atitudinalmente marcantes, representando a garota independente, sexualmente ativa, enfim, a Modern Girl, já cantada pela escocesa Sheena Easton.
A imprensa do entretenimento divulga/inventa/insufla feudos, então, as 2 foram identificadas como rivais. Competição houve porque existem egos e milhões estão em jogo, mas jamais ouvi uma falando mal da outra. Madge partiu prum megaestrelato superexposto que duraria anos, ao passo que Lauper já não emplacava no Top Five lá por 88, 89. Mas, seguiu carreira bem sucedida como autora, no teatro e lançando álbuns. E influenciando artistas contemporâneos.
She’s so Unusual tem que constar em qualquer lista prezável de álbuns influentes nos anos 80. Sua maior parte soa datada, mas como esnobar a mulher que deu 2 canções-símbolo pra década? Girls Just Wanna Have Fun (GJWHF) e Time After Time tocam até hoje e terão mais uns 40 anos de vida útil, até que nós oitentistas nos extingamos.
Dia 1 de abril foi lançada a box set She's So Unusual: A 30th Anniversary Celebration (Deluxe Edition), que inclui CD duplo e uma porção de bugigangas como fotos, livreto e adesivos (eles acham que adolescentes comprarão isso ou apostam em 40tões imaturos?). Como de costume, só escutei as canções, nada de perder tempo com o resto, até porque baixei os mp3, né?
O CD 1 tem o álbum completo e 3 remixes: 2 de Time
After Time e um de GJWHF, o menos sem graça da
trinca. Dá até vontade de enfrentar uma passarela, mas, claro que não supera o esfuziante
original, cuja longevidade se explica também por destoar bastante das matrizes New Wave de grande parte do álbum.
Canções como I’ll Kiss You envelheceram bem mais que GJWHF,
por estarem mais coladas à sonoridade de sua época. Ouça GJWHF
com bons fones de ouvido e perceba o rebolado da guitarra e do baixo, tão mais
molejadas do que a batida marcial New Wave.
E o que dizer da inteligente produção de Time After Time (igualmente
distante da robótica new wave), que
coloca voz masculina como contraponto à tendência buzinada da voz de Cindy, bem
no refrão?
O CD 2, composto de demos, lados B e ao vivos demonstra
cristalinamente o fundamental papel do produtor pro sucesso e longevidade d’algumas
faixas de She’s So Unusual. GJWHF era mais uma faixa
de rock new wave; de modo algum se destacaria na multidão. Por que lembramos de
Cindy, mas não de Dale Bozzio? Ponto pro produtor.
Esse CD-bônus tem cara de escavação em depósito de
lixo. Quem precisa dum ensaio com som abafado no estúdio pra All Through the
Night? Ou um work in progress de Time
After Time, no qual a letra nem está pronta? O lado B Right Train, Wrong Track
é gostoso, mas reforça a ideia de que se o produtor não tivesse feito Cyndi escapar
dos maneirismos New Wave em algumas
faixas, She’s So Unusual não teria entrado pra história do pop. E por falta de
um, há 2 demos de GJWHF.
Só pra doentes por Cyndi
Lauper.
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