quarta-feira, 9 de abril de 2014

EVENTO EM ESPANHA


Los escollos de ser albino en el siglo XXI
Traduzi do espanhol o texto dum jornal valenciano sobre um encontro de pesquisadores, entidades e pessoas com albinismo. Acho importante nos informarmos sobre a luta das pessoas com albinismo no mundo inteiro, para melhor calibrarmos a nossa aqui no Brasil e quem sabe inciarmos contatos com o mundo além-fronteiras.  



Os Inconvenientes de Ser Albino no Século XXI
(Tradução: Roberto Rillo Bíscaro)

Imortais, fantasmas, não-humanos, bruxos, portadores de má sorte, maldição dos deuses. Numerosos são os mitos que historicamente têm cercado às pessoas com albinismo, alguns dos quais se conservam hoje em dia em sociedades pouco desenvolvidas, e, sobretudo, em alguns lugares na África.
Ainda que na Europa tais fantasias tenham praticamente se extinto, o tratamento que lhes é dado no cinema e na literatura sempre destaca a “estranheza” dessas pessoas (por exemplo, na caracterização de vilões), das quais se acredita enxergarem melhor a noite ou que são psicologicamente esquisitos.   
Deixando os clichês de lado, são muitos os problemas enfrentados por quem tem essa condição genética. Tais desafios serão analisados na Segunda Jornada Europeia sobre Albinismo, realizada na sede da ONCE em Valencia. O encontro é organizado pela Associação de Ajuda a Pessoas com Albinismo (ALBA) e reúne estudiosos, entidades e famílias de países como França, Espanha e Itália.
Três eventos estão incluídos: um congresso científico que reunirá os pesquisadores mais importantes do mundo nessa área (tanto no âmbito genético quanto no oftalmológico e dermatológico); uma reunião de associações, da qual participarão representantes do Reino Unido, França, Dinamarca, Noruega, Alemanha, Itália, Turquia, Colômbia e  Espanha; uma reunião de jovens com albinismo das associações europeias, que discutirão sobre dificuldades e soluções nos âmbitos da educação e trabalho.
Para o vice-presidente da ALBA, Josep Solves, as crianças e adolescentes com albinismo enfrentam diversos obstáculos no quesito educação. Em primeiro lugar, devido a deficiência visual e suas consequências, como acesso a materiais (livros ou desenhos, no caso dos mais jovens). Em segundo lugar, no relacionamento com os colegas. “Isso começa a ser problemático a partir dos 7, 8 anos, quando começam as distinções e a zombaria. Ao utilizar o físico nas relações, o albinismo passa a fazer parte da lista de coisas a usar contra as crianças, fato que se agudiza na adolescência e pode converter-se em elemento de exclusão social”, explica.
No âmbito trabalhista, Solves destaca dois componentes: por um lado, como na educação, a dificuldade visual, que os inclui no grupos das pessoas com deficiência. “Para as empresas segue sendo um problema contratar gente assim, apesar dos benefícios fiscais e da cota de 2% que têm de cumprir com respeito à empregabilidade destes indivíduos. Ainda se teme que não sejamos rentáveis, eficazes e produtivos”. Por outro lado, a discriminação também se manifesta no trabalho, sobretudo, assinala Solves, nas empresas que oferecem serviços ao público.
Por isso, associações como a ALBA se esforçam para conseguir uma visão integradora, demostrando normalidade sem destacar a perspectiva estética, algo que consideram “complicado”, devido à cultura. Entre as reivindicações, segundo Solves, estão uma maior participação dos professores no âmbito educativo e uma maior responsabilidade no institucional. “O Estado tem que se conscientizar de que não pode restringir a pesquisa genética, oftalmológica e dermatológica e nem o apoio às pessoas com deficiência”.
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