Falaram tanto de
True Detective (2014), que, como estou mesmo numa fase de detetives, passei os
8 capítulos à frente da fila. Produzida pela HBO, os episódios são mais
extensos do que os 40 e poucos minutos da maioria das séries. Meio demais.
True Detctive
foca em 2 policiais investigando terrível crime de conotações satanistas. Os
capítulos iniciais centram-se nas lembranças de Marty e Rust em relação aos eventos.
Eles se recordavam de minúcias de diálogos, detalhes; muito inverossímil esse
empréstimo formal do romance! No meio, uma reviravolta. Nessa história toda,
True Detective descreve um arco temporal de 17 anos.
O ritmo é
excruciantemente lento e as vidas pessoais dos 2 colegas são esmiuçadas mais do
que a investigação. Em épocas de diálogos-metralhadora como em Scandal, a
sensação de lentidão de True Detective é reforçada pelo arrastado sotaque sulista
do par central, que fala tão devagar que parece estar sob efeito dalgum
antidepressivo.
O programa não
navega nas águas autoconfiantes daquelas séries policiais onde todo mundo é
competente e tem sorriso de comercial de pasta de dente. O universo de True
Detective é habitado por white trash
sulista, com seu fanatismo religioso, casas detonadas, jequice e aspecto
relaxado. A ênfase de cenas em campos ou nas cidades pequenas e sem prédios, amplifica
o sentimento de desolação, perda e desespero depressivo. Tive dificuldades de
lidar com tamanho baixo astral e lentidão.
Os 2 detetives
são brilhantemente atuados por Woody Harrelson e Mathew McConaughey. Custou-me aceitar
tanta filosofice de Rust; pareceu-me barra por demais forçada.
O criador de
True Detective deve ser fã de David Lynch. Desde a música incidental, passando
pelas cenas de natureza ou a ambientação do confronto final entre policiais e o
assassino em série, muito lembra o diretor de Twin Peaks.
Entendo a coqueluche que se tornou o show. É bom e destoante do cardápio das séries policiais estadunidenses,
mas, quando a segunda temporada vier, checarei antes pra ver se o clima e ritmo
são tão deprês. Se forem e minha cabeça estiver como agora, não verei.
Nenhum comentário:
Postar um comentário