quinta-feira, 10 de abril de 2014

TELONA QUENTE 84


Roberto Rillo Bíscaro

Varg Veum é um detetive particular norueguês criado pelo escritor Gunnar Staalesen, que lançou mais de dúzia de romances e contos com a personagem.
Diversas obras foram adaptadas pra cine – algumas lançadas diretamente em DVD. Passei as últimas semanas mergulhado nas deslumbrantes paisagens de Bergen, onde as tramas são centradas. O horrendo dos crimes fica mais chocante por contrastarem com pano de fundo tão paradisíaco.
Varg começa no estilo solitário, mas no desenrolar dos filmes, aparece um relacionamento que se torna mais sério. Não vi na ordem cronológica de lançamento, por isso minha lista e na ordem em que assisti.
 A qualidade varia de diretor, mas não espere obras—primas; Varg Veum é pra entreter e tentar descobrir quem é o criminoso.
Mais do que Varg, gostei mesmo é do inspetor-chefe Jakob Hamre (Bjørn Floberg, sempre ótimo), meio às turras, meio amigável com o detetive. Típico de novelas policiais, Hamre existe pra provar que o trabalho individual de Varg é melhor que o do coletivo (policia).

Begravde Hunder (Buried Dogs – 2008)
Uma candidata de partido direitista, anti-imigrante, procura Vam porque se sente perseguida. Filme mais interessante pelo aspecto político das convicções e inclinações que às vezes devem ser deixadas de lado, dependendo do que a pessoa quer atingir. Difícil torcer pela “vítima”. Tenso, mas não sei se entendi como o detetive chegou à conclusão, pareceu-me aleatório.


Faine Engler (Fallen Angels – 2008)
Mulheres são assassinadas e o assassino segue o ritual de vesti-las de branco, fazendo-as parecerem puras, angelicais.  História com plot twist, como gosto. Nesse episódio achei a ação de mais lógica e o próprio detetive tem culpa no  cartório, mas a reviravolta da trama também tem por função minorar seu pecadilho, afinal, o público tem que empatizar com ele, né?


Svarte Får (Black Sheep – 2011)

Filme mediano onde o detetive tenta ajudar a namorada a encontrar a irmã drogada e prostituída, que fugira de casa. Ele espalha uns cartazes pela cidade e logo a acha. Será que a família não tivera ideia tão simples? Programa do Datena neles!


Kvinnen i kjøleskapet (The Woman in the Fridge - 2008)

Veum investiga o caso dum empregado desaparecido duma grande empresa de equipamentos de alta tecnologia pra exploração petrolífera. Na casa do funcionário, descobre o torso duma mulher na geladeira, é atacado e quando desperta não há mais traços do assassinato. A história é interessante, porque se desenrola em trocas de identidade sexual, tramoias corporativas e vingança familiar.


Skriften på Veggen (The Writing on the Wall - 2010)


Embora seja da segunda fornada de adaptações, este filme parece ser a primeira, nem fez muito sentido. Varg Veum está afastado - ou tenta - do crime, agora é professor de crianças e pretende alugar casa, morar no campo e casar com a namorada Karin. Mas o passado o persegue, quando um dinamarquês que se diz injustamente acusado da morte duma adolescente sai da prisão e vem atrás de vingança. Veum trabalhava no comissariado de menores e se envolvera com a menor assassinada. Quando The Knife seduz a irmã também menor da defunta e rapta-a sem que ela se toque, Varg começa a procurar pelo real assassino. Episódio que, apesar de estranho por introduzir o passado do detetive e mesmo como ele conheceu o comissário Hamre já bem adiantado na coleção de filmes, traz momentos legais de perversão sexual lembrando Os Homens que Não Amavam as Mulheres em um par de cenas.


Dødens drabanter (The Consorts of Death - 2011)

Nova incursão no passado do detective: quando ele trabalhava com menores abandonados. Um de seus casos mais problemáticos, agora com 16 anos, é acusado de matar seus guardiões a tiros. Varg tirara o menino dos braços da mãe viciada em heroína, quando ele ainda era bebê. Agora, com a acusação de assassinato e a má reputação do garoto, o detetive se pergunta se fizera a coisa certa. Os corpos vão se somando pra descortinar uma trama envolvendo produção de drogas no lindo interior norueguês. Novamente, parece meio forçado como ele chega à conclusão.


I mørket er alle ulver grå (At Night All Wolves Are Grey - 2011)

Um grande amigo de Varg é acusado de explodir uma indústria de explosivos e o detetive tenta provar sua inocência. História que interliga questões de ordem internacional, como a transferência de indústrias de armas da Noruega pra mais tolerante Hungria, cuja capital serve de lindo cenário pro filme.


De døde har det godt (The Dead Have it Easy -2012)

A namorada de Varg, assistente social, pede que o detetive encontre Sasha, jovem imigrante ilegal fugida, apavorada. A investigação desencadeará a descoberta de que proeminentes cidadãos de Bergen não são tão santos como seus grupos cívicos fariam supor. Imigrantes ilegais são tema quase obrigatório em produções europeias duns tempos pra cá.


Kalde Hjerter (Cold Hearts - 2012)

O mais noir dos nordic noirs vargianos. Uma misteriosa jovem de aparência endinheirada procura o investigador pra que encontre a irmã desaparecida. Ele descobre que elas têm um irmão, desaparecido junto com a irmã, e o caso desdobra-se em violência familiar e contrabando de esteroides, envolvendo um mafioso local muito doidão, que põe chilli extraforte na boca de interrogados, numa cena sub-utilizada. Aliás, a personagem é sub-aproveitada. Hamre está mais desalinhado, fungando, investigando uma série de assassinatos de gatos (mau gosto mostrar o gatinho enforcado, ainda que seja de mentira!), as casas e paisagens não são da Noruega dos cartões postais, mas não espere por pobreza em nível de Latino-América!


Bitre blomster (Bitter Flowers - 2007)

Uma política pede a Varg que investigue o desaparecimento de sua filhinha. Ela mantém caso extraconjugal e não pode ser exposta. A investigação liga o sumiço de Camilla a uma indústria local de produtos químicos, que, digamos, expandia seu ramo de atividades.

Nada demais, a história é simples/simplória demais e o relacionamento do detetive com Hamre chega a ser injusto, porque o segundo o ajuda, mas nunca é reciprocado. Varg passa uma imagem até antipática às vezes.


Din til døden (Yours Till Death - 2008)

Varg procura por um carro sumido, que prova ser objeto de disputa num divórcio litigioso, que prova ser mortal pro maridão. Será que a culpada é a ex-mulher? Mas, Veum começa a arrastar a asa pra ela, e é correspondido. A gente (pensa que) descobre o criminoso logo. Horas em que parece comercial de xampu de tanta preocupação com as cabeleiras de Varg e de sua namoradinha.

Relacionamento com Hamre está mais amistoso, embora o primeiro seja sempre meio sarcástico com Veum; adoro os sorrisos e caras de ironia!


Tornerose (Sleeping Beauty 2008)
A história abre em Copenhague, onde Varg está pra resgatar rica adolescente drogada e prostituída. Quando devolve a menina a seus pais, Varg é interceptado pelos vizinhos daqueles, pedindo que auxilie a achar seu filho, namoradinho de Lisa, também sumido. Quando o garotão é descoberto, Veum percebe que está envolvido numa teia de drogas, pesados segredos familiares e manobras corporativas. Adorei o climão de DALLAS/Dynasty/Revenge de algumas cenas envolvendo revelação de sordidezes tanto familiares quanto empresariais.

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