sábado, 31 de maio de 2014
sexta-feira, 30 de maio de 2014
ALBINISMO CANINO
Revelada mutação genética de cães albinos
Marta Lourenço
Gene identificado na raça Dobermann é semelhante a gene envolvido numa forma de albinismo nos seres humano.
A descoberta, publicada na revista PLOS ONE,
envolveu experiências com Dobermann albinos e Dobermann de cores
normais, revelando que o gene mutado (SLC45A2) é semelhante a um que
está envolvido numa forma de albinismo nos seres humanos. Um cão, ou uma
pessoa, pode ser portadora da mutação genética sem que o albinismo se
manifeste, mas pode transmiti-la à sua descendência. Caso os dois
progenitores transmitam aos filhos a cópia do gene mutado, então eles
serão albinos.
“Descobrimos uma mutação genética que
resulta na ausência de uma proteína que é necessária para que as células
sejam pigmentadas”, disse Paige Winkler, estudante da Universidade
Estadual do Michigan (EUA), e que coordenou o estudo com Joshua Bartoe.
“Nos humanos, alguns defeitos neste mesmo gene causam o albinismo
oculocutâneo [ausência total ou parcial dos pigmentos da pele, do cabelo
e dos olhos]”, acrescenta, em comunicado.Apesar de existirem quatro cores possíveis para os Dobermann (sem contar com a branca), a sua aceitação é variável: nos Estados Unidos e no Canadá, a totalidade das cores é aceite, enquanto na Europa apenas são admitidas duas – o negro e o castanho. “Muitos exemplares de cor azul e ‘isabella’ apareciam com doenças de pele e por isso mesmo foram erradicados dos programas de criação da Europa”, explica ao PÚBLICO Fernando Magalhães, presidente do conselho directivo da Associação Dobermann de Portugal, fundada em 1984.
Quanto ao albinismo nos Dobermann, ele é inaceitável a nível mundial. Assim, uma vez que os Dobermann albinos não cumprem os padrões de classificação da raça, as conclusões deste estudo são consideradas bastante importantes.
“Essa cor não é reconhecida. O Dobermann é um cão de origem alemã e, portanto, os ‘standards’ da raça são detidos pela Alemanha. E o albinismo, em todas as raças, não é uma característica desejável devido aos problemas que acarreta”, refere Fernando Magalhães, acrescentando que também há cães albinos nas raças Boxer ou dogues alemães.
Esta descoberta pode revelar-se assim importante para os criadores de cães: conhecendo a genética dos seus cães, poderão evitar o nascimento de Dobermann albinos. “Pode ter interesse para que os próprios criadores tenham um certo cuidado nos exemplares que utilizam para reprodução. O criador pode ser chamado à atenção para evitar utilizar determinado um macho ou uma determinada fêmea que poderá trazer este acrescento de problemas no futuro”, afirma Fernando Magalhães.
Vários problemas de saúde
Algumas características do albinismo nos Dobermann passam por pêlo de cor muita clara, íris pálidas e nariz e a boca cor-de-rosa. “Estas características são muito semelhantes às características manifestadas nos humanos com este problema [albinismo oculocutâneo], que origina pele cabelo claros, bem como a descoloração dos olhos e perturbações da visão”, refere Paige Winkler.
Dada a sensibilidade da pele à luz solar, tanto nos humanos como nos cães, o risco de cancros e de outras lesões na pele é maior. “O albinismo tem a ver com falhas biológicas. A cor da pele, dos olhos e do pêlo depende da presença de um pigmento chamado melanina. Portanto, a sua principal função é a pigmentação e a protecção contra a radiação solar. A falha da melanina é sempre um problema grave que pode vir a causar problemas graves na pele”, diz Fernando Magalhães, que teve o seu primeiro Dobermann em 1980 e, quatro anos mais tarde, tornou-se criador desta raça de cães.
Até agora, permanecia a questão de saber que forma os tumores afectavam os cães de cor normal e os cães albinos. “Já sabíamos que os Dobermann costumavam desenvolver estes tipos de tumores, à semelhança dos humanos, mas perguntávamo-nos qual era de facto o aumento da prevalência destes tumores nos Dobermann ‘brancos’ em relação aos Dobermann de pêlo normal”, diz por sua vez Joshua Bartoe, também segundo o comunicado.
Nos 40 cães estudados, metade albinos e a outra metade com pêlo de cor normal, a equipa de cientistas descobriu que mais de metade dos cães albinos (12 animais) tinha pelo menos um tumor, enquanto apenas um dos cães de cor normal apresentava um tumor. “Agora que identificámos a mutação, podemos olhar para a composição genética desses cães e determinar se eles podem ser portadores [dela]”, diz Joshua Bartoe.
http://www.publico.pt/ciencia/noticia/mutacao-genetica-de-caes-albinos-identificada-1637663
quinta-feira, 29 de maio de 2014
REFEIÇÃO ALBINA
Dupla de ursos ataca raro pavão albino em zoo da Áustria
Um visitante do zoológico de Viena, na Áustria, registrou o momento em que um pavão albino é devorado por dois ursos polares.
A ave rara voou para o interior do recinto dos ursos e foi atacada.
A cena deixou os visitantes do local chocados.
A cena deixou os visitantes do local chocados.
Assista ao vídeo:
http://www.redetv.uol.com.br/jornalismo/portaljornalismo/Noticia.aspx?118,4,610092,200,Dupla-de-ursos-ataca-raro-pavao-albino-em-zoo-da-Austria
SENADO ALBINO
Política de Proteção aos Direitos dos Albinos será submetida a turno suplementar
A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) aprovou, nesta quarta-feira (28), substitutivo a projeto de lei que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Albinismo. A matéria ainda será analisada em turno suplementar e poderá seguir para a Câmara dos Deputados.O projeto original (PLS 250/2012), do senador Eduardo Amorim (PSC-SE), determinava a distribuição gratuita de protetores e bloqueadores solares pelo Sistema Único de Saúde (SUS) aos portadores da doença, especialmente suscetíveis à radiação solar e ao câncer de pele. O relator da proposta, senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), ampliou o objetivo da proposta no substitutivo apresentado.
Ele explicou que a distribuição gratuita de protetor solar, para pessoas que tenham doenças causadas ou agravadas pelo sol, está prevista em projeto já aprovado pelo Senado (PLC 111/2005) e que retornou à Câmara para os deputados analisarem as mudanças incluídas pelos senadores. Para evitar que o projeto de Eduardo Amorim fique prejudicado, Rollemberg considerou que a alternativa seria a apresentação de um substitutivo mais abrangente.
Pelo texto aprovado na CAS, entre as ações da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Albinismo deverão estar a elaboração e a implantação de um cadastro nacional; a estruturação da linha de cuidados e o estímulo à prática do autocuidado; e a formação e a capacitação de trabalhadores, no âmbito do SUS, para lidarem com os diversos aspectos relacionados com a atenção à saúde da pessoa com albinismo.
Segundo o relator, o cadastro dos portadores da síndrome poderia sensibilizar o poder público a tomar medidas efetivas em prol do grupo.
Se a matéria for transformada em lei será assegurado para os albinos o acesso ao atendimento dermatológico, inclusive ao protetor solar e a medicamentos essenciais, a tratamento não farmacológico, a crioterapia e a terapia fotodinâmica. Eles também terão direito a atendimento oftalmológico especializado, assim como a lentes especiais e aos demais recursos necessários para o tratamento da baixa visão e da fotofobia, comuns entre os albinos
Para Eduardo Amorim, a distribuição do protetor solar não é um luxo, mas sim uma necessidade, como se fosse um medicamento, porque contribui com a saúde pública ao evitar casos de câncer de pele.
http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2014/05/28/politica-de-protecao-aos-direitos-dos-albinos-sera-submetida-a-votacao-suplementar
TELONA QUENTE 88
Roberto Rillo Bíscaro
Como o assunto é Dickens, deu vontade de comentar sobre adaptações de A Christmas Carol, disponíveis no You Tube.
Conhecido em português como Um Conto de Natal, a história de arrependimento e renascimento de Ebenezer Scrooge não perde popularidade desde seu lançamento em 1843. A personagem inspirou o nome em inglês do Tio Patinhas, já foi adaptada por Renato Aragão e ano passado Mr. Scrooge foi transportado a nossa época pra ajudar um rico homem de negócios a perceber o espírito natalino, em Mr. Scrooge to See You (ainda não vi).
Charles Dickens é visto por alguns como entidade
totalmente bondosa, incapaz de desabono. O fato de ser humano parece escapar e
essa reputação não tem sido prejudicada com a frequente omissão de seu divórcio
da esposa que lhe parira uma penca de filhos, pra namorar uma aspirante a
atriz, anos mais jovem. Ao resenhar a minissérie Dickens of London (leia aqui)
reclamei da omissão do caso com Ellen Ternan.
Ralph Fiennes iluminou essa faceta humana do autor de
Bleak House, dirigindo e estrelando The Invisible Woman (2013), filme lento e
quieto, que tem resultado misto.
Dickens é um bom sujeito, frequentador do circuito
teatral e literário inglês, importa-se com problemas sociais e é infeliz no
exaurido casamento. Também é faminto por atenção e aprovação do público, do
qual sabe depender sua sobrevivência. Conhece a jovem Ellen, apaixona-se,
divorcia-se, mas a identidade de figura pública que criara um estilo e uma
reputação não consegue ser abafada. Dickens era um homem, não um semi-Deus.
The Invisible Woman não consegue visibilizar totalmente
Ellen Ternan; o gigante literário tem tal vulto no imaginário leitor ocidental
que é ele quem conhecemos melhor. O romance com a jovem padece de certa frieza
e o roteiro não tem muito a dizer sobre a vida da moça. Momentos há em que o
roteiro diz sobre coisa alguma.
No fundo, queremos mesmo é
conhecer melhor Dickens.A primeira adaptação pra cine falado foi na Inglaterra, em 1935. Seymour Hicks vive o usurário Scrooge, que recebe a visita de 3 espíritos natalinos que o fazem ver quão vazia sua vida tinha sido e seria se continuasse a valorizar mais o material em detrimento das relações humanas. Com predominância de cenas internas e sem mostrar o fantasma do ex-sócio (falta de recursos técnicos?), esta versão tem umas cenas que poderiam ter sido evitadas, como o banquete com o prefeito de Londres, pra mostrar mais sobre Ebenezer ou os demais personagens. Defeito de visão ou vi mesmo um balde de plástico na Era Vitoriana? Esta adaptação vale mais pela emoção de assistir a um filme de quase 80 anos! A versão de 1951 traz Alastair Sim fazendo um Scrooge sóbrio, embora descabelado. A cinematografia em branco e preto foi o que mais me agradou. Em 1969, uma versão sombria em desenho animado foi lançada. Quando Fred vem convidar titio Scrooge pro almoço de Natal, ambos começam a cantar. Depois, Fred some totalmente e não há mais números musicais. Estranho. Não entendo a popularidade e adulação pela versão musical de 1970. Não há canções memoráveis e Albert Finney exagera na caricaturização. Como o ator não era idoso em 1970, é capaz de interpretar Scrooge quando jovem também, mas sem falas. De 1984, é minha favorita, com o venerável George C. Scott (Finney também é um de meus heróis, mas escorregou com seu Scrooge), que compôs um Ebenezer desprezível, mas digno, pouco caricato. Tiny Tim é sempre um problema porque deve ser interpretado por criança pequena, então a canastrice é quase inevitável. Mas esse com maquiagem negra ao redor dos olhos pra enfatizar sua doença parece um zumbizinho banguela! Em 1999, Sir Patrick Stewart (o Professor Xavier, dos filmes X-Men) viveu um Scrooge bem mais centrado e menos espalhafatoso. A adaptação capricha nos efeitos e é impiedosa ao mostrar os cadáveres de Tiny Tim e de Scrooge, pra provocar catarse.Mas, não causa. Existem outras versões animadas no You Tube, mas só falei sobre as que conheço.
quarta-feira, 28 de maio de 2014
QUADRICICLO ELÉTRICO
Invenção criada em Tatuí promete trazer mais mobilidade a cadeirante
Caio Silveira
O quadriciclo elétrico inventado pelo italiano
aposentado Giuseppe Wolf – ou ‘seo’ Giuseppe -, em Tatuí (SP), foi
modificado para que um deficiente físico possa dirigi-lo. O veículo, que
anda 60 quilômetros após cinco horas de recarga na tomada, foi testado
pelo cadeirante Ralf Elande, de 58 anos. Surpreso após dar uma volta no
quadriciclo, o deficiente físico disparou: “Quero ter um. É muito fácil,
gostoso de dirigir. Aumentaria bastante minha independência.”
Ralf ficou em uma cadeira de rodas depois que caiu em
2008. Quando caiu, machucou a perna e em seguida bateu em uma aranha já
morta. Ele diz que no início parecia apenas como um ferimento qualquer,
mas depois de 12 dias o ferimento se abriu novamente e a visita ao
médico se revelou assustadora. “No médico fiquei sabendo que a aranha
morta em contato com o ferimento causado no tombo, fez com que eu
contraísse a bactéria klebsiela. Desde então, o local do ferimento foi
inchando cada vez mais e não teve outra solução senão amputar minha
perna”, diz.
Ele passará por cirurgia para amputar a perna
esquerda em junho, e deseja ter uma prótese depois da recuperação.
“Sonho com a possibilidade de andar novamente, há anos estou em uma
cadeira de rodas e sei o quanto é difícil.
Por isso, imagino o quanto o quadriciclo elétrico
poderia ajudar quem não pode andar mais. Com ele o cadeirante pode se
sentir independente”, reflete.
Ralf vive no mesmo bairro onde o inventor mora e já participou de adequações do veículo para receber a cadeira de rodas. Ao acelerar pela primeira vez o quadriciclo, o sorriso no rosto do "cobaia" foi quase instantâneo. Ele imagina o quanto uma ideia como essa poderia ajudar pessoas que possuem dificuldades para se locomover. “Quando se está em uma cadeira de rodas, perde-se totalmente a independência. Estou há cinco anos em uma cadeira e, desde então, preciso de ajuda de todo mundo para tudo, até as coisas mais simples como ir ao supermercado, farmácia e padaria porque não consigo subir uma rua”, revela.
Ralf vive no mesmo bairro onde o inventor mora e já participou de adequações do veículo para receber a cadeira de rodas. Ao acelerar pela primeira vez o quadriciclo, o sorriso no rosto do "cobaia" foi quase instantâneo. Ele imagina o quanto uma ideia como essa poderia ajudar pessoas que possuem dificuldades para se locomover. “Quando se está em uma cadeira de rodas, perde-se totalmente a independência. Estou há cinco anos em uma cadeira e, desde então, preciso de ajuda de todo mundo para tudo, até as coisas mais simples como ir ao supermercado, farmácia e padaria porque não consigo subir uma rua”, revela.
O veículo
Quatro partes de bicicletas interligadas formam a
carroceria do veículo, que mede 1,30m de largura e 2,20m de comprimento.
Na frente fica o motor, composto por oito baterias de motocicletas. Os
freios, localizados no guidão, automaticamente desligam o motor e param
as rodas. Há setas para indicar conversão à direita e esquerda, e o
freio de mão é instalado na lateral do veículo. Para fazer descer e
subir a plataforma que recebe a cadeira de rodas e aguenta até 150
quilos, o inventor criou um sistema usando um macaco hidráulico.
De acordo com 'seo' Giuseppe, o próximo passo agora é
inventar uma maneira de dar ré. O veículo que chega a andar até 60 km
por hora já foi patenteado pelo inventor. “Como o deficiente físico terá
dificuldades para sair do veículo, e empurra-lo para trás, estou
criando um jeito de dar ré, mas se utilizar outro motor, pois deixa o
produto mais caro”, afirma.
Quando Giuseppe sai pelas ruas dirigindo, atrai o
olhar dos moradores. E a reação de surpresa das pessoas deve continuar,
pois uma autorização foi concedida ao inventor permitindo a ele o
direito de andar pela cidade. O documento foi entregue pelo diretor de
departamento de trânsito da Secretaria de Segurança, Francisco Antonio
de Souza Fernandes, na quarta-feira. “Consultamos o Denatran [
Departamento Nacional de Trânsito ] que nos orientou que esse caso
estava sob nossa competência. Analisamos, e decidimos dar uma permissão
de três meses para testes. Seo Giuseppe pode andar por toda cidade, mas o
aconselhamos a não dirigir nos horários de pico de movimento no Centro,
e andar até 30km por hora, por questões de segurança”, explica.
Por enquanto, o projeto que começou a ser concebido
em 2013, está somente na garagem do inventor italiano. Mas, a ideia pode
seguir adiante e ser uma realidade nas ruas, afinal, é barata,
silenciosa e ecologicamente correta. “Calculo que R$ 0,60 é o valor
gasto para carregar todas as baterias. Mas mesmo que eu esteja errado,
que seja R$ 1, R$ 2, ainda assim o preço é baixo comparado à gasolina ou
etanol. Se produzido em série, acredito que este tipo de veículo iria
custar uns R$ 5 mil, um valor baixo.”
http://g1.globo.com/sao-paulo/itapetininga-regiao/noticia/2014/05/invencao-criada-em-tatui-promete-trazer-mais-mobilidade-cadeirante.html
terça-feira, 27 de maio de 2014
ÓCULOS-GUIA
Investigadores desenvolvem óculos guia para invisuais
Óculos dotados com lentes inteligentes desenvolvidas para pessoas com incapacidades visuais ajudam a seguir caminhos, a evitar obstáculos estáticos ou em movimento e até a reconhecer cor de roupas. O produto comercial poderá ser lançado em 2015.
Com recurso a inteligência artificial, geometria computacional, técnicas de GPS e ultrassom, investigadores do Center for Research and Advanced Studies (CINVESTAV), no México, desenvolvem lentes para óculos que podem vir a revolucionar o dia a dia de pessoas com cegueira ou incapacidades visuais.
Os cientistas desenvolveram toda a ideia até ao protótipo e anunciam que esperam começar a comercializar o produto no início de 2015. O problema para já pode colocar-se ao nível do preço, já que um par de óculos com lentes inteligentes pode custar entre 700 e 1100 euros.
Os óculos equipados com as lentes especiais consistem num dispositivo de navegação desenvolvido com base em algoritmos de visão estereoscópica, possui sensores de som stereo, tecnologia de georreferenciação e um tablet através do qual uma voz vai dando indicações ou avisos aos utilizadores.
Graças às técnicas de ultrassom o dispositivo vai ser capaz de reconhecer objetos translúcidos como o vidro e como está dotado de inteligência artificial poderá guardar informação ao longo do tempo para reconhecer, por exemplo, locais, sinais e objetos.
Por enquanto, os investigadores preveem que o par de óculos, que funciona à base de baterias, terá uma autonomia até quatro horas de utilização contínua.
http://www.tvciencia.pt/tvcnot/pagnot/tvcnot03.asp?codpub=35&codnot=18
Óculos dotados com lentes inteligentes desenvolvidas para pessoas com incapacidades visuais ajudam a seguir caminhos, a evitar obstáculos estáticos ou em movimento e até a reconhecer cor de roupas. O produto comercial poderá ser lançado em 2015.
Com recurso a inteligência artificial, geometria computacional, técnicas de GPS e ultrassom, investigadores do Center for Research and Advanced Studies (CINVESTAV), no México, desenvolvem lentes para óculos que podem vir a revolucionar o dia a dia de pessoas com cegueira ou incapacidades visuais.
Os cientistas desenvolveram toda a ideia até ao protótipo e anunciam que esperam começar a comercializar o produto no início de 2015. O problema para já pode colocar-se ao nível do preço, já que um par de óculos com lentes inteligentes pode custar entre 700 e 1100 euros.
Os óculos equipados com as lentes especiais consistem num dispositivo de navegação desenvolvido com base em algoritmos de visão estereoscópica, possui sensores de som stereo, tecnologia de georreferenciação e um tablet através do qual uma voz vai dando indicações ou avisos aos utilizadores.
Graças às técnicas de ultrassom o dispositivo vai ser capaz de reconhecer objetos translúcidos como o vidro e como está dotado de inteligência artificial poderá guardar informação ao longo do tempo para reconhecer, por exemplo, locais, sinais e objetos.
Por enquanto, os investigadores preveem que o par de óculos, que funciona à base de baterias, terá uma autonomia até quatro horas de utilização contínua.
http://www.tvciencia.pt/tvcnot/pagnot/tvcnot03.asp?codpub=35&codnot=18
TELINHA QUENTE 122
Roberto Rillo Bíscaro
Terminei as terceiras temporadas das despirocadas Revenge e Scandal; quantas emoções baratas, como gosto!
Terminei as terceiras temporadas das despirocadas Revenge e Scandal; quantas emoções baratas, como gosto!
A primeira temporada de Revenge restaurou minha fé nas soaps com DNA anos 80, tipo Dynasty. A
vingança de Emily Thorne infestou os (b)milionários Hamptons com tanta
inverossimilhança glamurosa, que me levava a gargalhadas lacrimejantes. Mesmo
sem a finesse de Alexis, Victoria
Grayson entrou pro panteão das vilãs ricas, enfim, tudo ia bem em meu paraíso
folhetinesco até ... Até inventarem uma porção de conspirações corporativas na
segunda temporada e desviarem o foco da vingança, diluindo a trama.
A queda na audiência determinou que a terceira
temporada retomasse o formato inicial, abandonando as megaconspirações e
deixando Emily fazer a cruz rubra sobre os rostos de quem destruía em
retribuição ao mal feito a seu bondoso e injustiçado pai (embora só conheçamos
David Clark através da memória infantil de Emily).
Ainda que a mágica da temporada de estreia tenha
irremediavelmente evaporado, Revenge voltou aos trilhos. Os primeiros episódios
tiveram que reparar estragos e Victoria e Conrad perderam um pouco de poder de
fogo. Onde já se viu arruinar os Graysons; como farão pra infernizar Emily e
gerar ação dramática!? Tirar a fortuna de Nolan Ross também foi estupidez: ele
é o principal aliado (capacho) de Emily. (Em termos pessoais amei, porque
inimigo dos Graysons é meu desafeto!)
Madeline Stowe foi tão bem sucedida em sua
caracterização que o roteiro enfatizava ser Victoria a responsável pela
destruição de David (não é bem assim). Seguindo o modelo Dynasty, a temporada
se europeíza com um núcleo francês, que, claro, tem a ver com a queda de David
Clark e também se envolverá com Daniel e Victoria.
Revenge voltou furiosa; do meio pro final o poder de
Victoria se aquilata e ela apronta muito, Emily prova que é macho e é até
cauterizada sem anestesia com um ferro de mexer brasas em lareira (calma, não
vemos isso), tem túmulo sendo aberto, enfim, o show fica cada vez mais
rocambolesco e termina gótico e demente.
Além de não recuperar o
público perdido pelo deslize da segunda temporada e pelo desgaste natural da
empurração com a barriga típica do folhetim – mesmo que mães continuem surgindo
do passado – o novelão corre o risco de overdosar
o público. Aconteceu com vovó Dynasty num incidente conhecido como The Moldavian Massacre. Amanda, filha de
Blake e Alexis casar-se-ia com o príncipe da Moldávia (não é tudo!?), mas um
grupo terrorista invade a cerimônia e mata metade das personagens. O golpe foi sentido de forma tão
baixa pelo público, que o show despencou
do primeiro lugar na audiência na temporada seguinte.
Com Scandal deu-se o contrário de Revenge: a segundatemporada foi mola propulsora da série, que pode até se querer thriller político, mas é novelão. A
terceira temporada foi bem mais nivelada do que Revenge, por isso Scandal
assumiu o comando de meu coração. Cyrus e Mellie, amo demais vocês!
B613, instituição supragovernamental, acima da CIA e do
próprio presidente, foi tema de toda a temporada. Como Scandal tem a Casa
Branca como epicentro, deu muito mais certo do que em Revenge. O Poder, como
concebido pela criadora de Scandal, eclipsou bastante do protagonismo de Olivia
Pope, que chorou e se martirizou muito. Tendo muito menos tempo pra consertar
problemas de clientes, Olivia e seus Gladiadores dedicaram-se a limpar as
sujeiras presidenciais, da mãe terrorista de Olivia (porque ela fazia tudo
aquilo, não sabemos. Eis a seriedade política de Scandal) e tentar conter seu
poderoso pai, chefão da B613, que ao final tem as atividades validadas.
Incrivelmente violenta e com um final apoteoticamente
melancólico, Scandal reitera a relação política
= corrupção e que não há nada a fazer se não aceitar o jogo. Se em termos
ideológicos é conservadora, em termos de conflito é uma delícia!
Nossa, será que a temporada
toda está no U2B?segunda-feira, 26 de maio de 2014
GALILEU ALBINO
Há algumas semanas a jornalista Patrícia Ikeda me escreveu solicitando contato com pessoas albinas. A revista Galileu tencionava reportagem sobre o Programa Pró-Albino, mas queria entrevistar albinos pra saber histórias de preconceito, superação, como vivemos, nossas potencialidades. Como a sessão de fotos seria em São Paulo e encontro-me cheio de afazeres e compromissos, indiquei pessoas descoladas como Andreza Cavalli, Luciana Gonçalez e Flávio André Silva. Sabia que eles dariam conta do recado e indicariam mais pessoas com albinismo.
A reportagem ficou pronta e saiu na Galileu de junho, que chegou às bancas ontem.
É sempre uma satisfação saber que o blog está contribuindo pra difusão da causa albina e pela popularização do tema e das pessoas com albinismo.
A reportagem ficou pronta e saiu na Galileu de junho, que chegou às bancas ontem.
É sempre uma satisfação saber que o blog está contribuindo pra difusão da causa albina e pela popularização do tema e das pessoas com albinismo.
CAIXA DE MÚSICA 127
Roberto Rillo Bíscaro
Dois álbuns de estilos diversos, que igualmente me encantaram. Lançados no começo deste mês
Curto o eletrofunk
revivalista do Chromeo, mas achava que exageravam no uso do vocoder, nem todas as faixas eram tão
legais, enfim, os 2 álbuns da dupla têm defeitos.
White Women, porém, é perfeito, sem arestas, amo todas
as faixas, raro acontecimento. A tônica é ainda anos 80, com fartas infusões de
disco. Timbres, riffs, maneirismos
vocais, efeitos sonoros, tudo remete aos anos 80, época em que Earth, Wind and
Fire e Kool & the Gang davam as cartas. Os canadenses do Chromeo habilmente
misturaram o melhor do pop negro da época, evitando chatices como o
desagradável som da bateria eletrônica, uma das irritações oitentistas.
White Womenn vai te pôr pra dançar com sonoridade Chic,
como Over Your Shoulder; com influências de grupos tipo Shalamar ou Klymaxx, em
Come Alive; Somethinggood me lembrou Miami Sound Machine, mas também algo saído
dum álbum de Lionel Ritchie. O galope de Sexy Socialite prova que os canadenses
conhecem Ray Parker Jr. e progride prum final com guitarras cristalinas e vozes
tratadas com vocoder, na dose certa. O voo eletrofunk de Frequente Flyer
destina-se à Mineapolis de Prince e o balanço disco de Fall Back 2U incorpora,
além do vocoder, o sax, tão peculiar aos anos 80, que me levou a apelidar o
decênio de saxodécada. Nos momentos mais relaxantes a qualidade não cai, vide a
deslizante Lost on the Way Home, com sua reverência aos mestres Hall &Oates.
Tantas referências – e não citei a metade – jamais
descambam pra cópia-carbono, porque estão rearticuladas/atualizadas de modo a
soarem atuais e integradas, criando sonoridade própria ao Chromeo.
David Macklovitch e Patrick Gemayel compuseram 12
canções irretocáveis.
Fazia anos que Tori Amos não lançava material
inteiramente inédito. O complexo Night of Hunters era baseado em composições de
músicos eruditos. Antes houve um álbum de canções natalinas e depois de Night,
um de releituras da própria Amos de sua obra, gravada com orquestra.
Unrepentant Geraldines poderia se chamar Unrepentant
Tori Amos. A norte-americana não se arrepende do passado musical e continua na idiossincrática
trilha confessional com letras e interpretações rasgadas, do fundo das
entranhas, como em Wild Way, baladaça ao piano que abre com a declaração ”te
odeio”.
Quando desvia pra territórios meio country
engraçadinhos como em Giant’s Rolling Pin ou Trouble’s Lament, Amos derrapa,
porque qualquer uma poderia fazer essas faixas. Mas, apenas Amos e seletas como
Kate Bush e Bjork têm talento pra compor e cantar algo como Invisible Boy,
encerramento do álbum, que só com piano será capaz de me assombrar pelo resto
da vida.
Vocais de sílfide ou náiade torturada ao som de denso
ou delicado piano pontuam os momentos mais memoráveis de Unrepentant
Geraldines, basta conferir Selkie, Oysters (cujo piano não para de me fazer lembrar
o riff de teclado de Situation, do Yazoo!) ou Weatherman. O lado mais experimental desponta na ótima 16
Shades of Blue, granulada por barulhinhos eletrônicos. A filha Natasha, que já
duetara com a mama em Night of Hunters, retorna com sua voz incrivelmente rica
e quente em Promise, que apesar da marca d’água Amos balança a cabecinha pra
sonoridade das cantoras pop de estirpe negra gritona, mas sem berros na faixa.
Que Amos jamais se arrependa de seu passado e continue se expondo tão maravilhosamente.
domingo, 25 de maio de 2014
MATERNIDADE DA SUPERAÇÃO
Mulheres com deficiência física falam das delícias e desafios da maternidade.
Margarida tem muitas dificuldades para
conseguir táxis e não consegue frequentar as reuniões de pais no colégio
de Raphael. Fernanda já foi questionada sobre o motivo de ainda não ter
se aposentado por invalidez. Tatiana demorou, mas se acostumou e agora
ressignifica os olhares condolentes. Quando você estiver lendo essa
reportagem, todo o otimismo de mercado, as expectativas para o aumento
de vendas e os prospectos de faturamento já serão notícias datadas. O
Dia das Mães já bate à porta. E diferentemente das flores de
supermercado – clássico presente dos atrasados e distraídos –, o que
nunca envelhece são as homenagens. As mulheres que o Pampulha homenageia
nesta edição têm em comum muito além do fato de possuírem fatores
limitantes de locomoção: são mães. Elas superam várias vezes ao dia a
descrença, o preconceito, a falta de infra-estrutura da cidade e a
labuta árdua e encantadora que é educar uma criança.
Por mais que a discriminação já
devesse ser flor murcha há tempos, ela ainda desabrocha. Mesmo num país
com mais de 13 milhões de deficientes físicos (dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), estranhamento e mitos rondam
duplamente quando a questão é maternidade. Pouquíssimo abordado, o tema
causa desconforto até entre a classe médica, que muitas vezes
desaconselha erroneamente a gravidez para mulheres em cadeiras de rodas.
Entre a sociedade, também é quase esquecido o fato de que a mulher
portadora de deficiência continua fértil e totalmente capaz de levar uma
vida sexual ativa, como se a limitação motora representasse
necessariamente uma disfunção sexual.
“O que eu percebo é que existe muita
falta de informação”, conta a servidora pública Fernanda Maciel, 34,
que, no Dia das Mães do ano passado, recebeu de presente o pequeno
Tomás. “Alguns termos guardam muitos significados. Já me perguntaram por
que eu não me aposentei por invalidez. Nós somos ensinados a pensar que
os deficientes não deveriam viver igual a todo mundo e isso nutriu o
preconceito enorme que existe. Muitas vezes a muleta salta aos olhos
antes de mim, mas a deficiência é apenas mais uma das minhas
características. Antes de tudo, eu sou mulher”, explica Fernanda.
A propósito do preconceito contido na
pergunta e no termo, Fernanda retrucou afirmando que nunca deixou de
ser válida, a despeito do que as suas bengalas canadenses possam dar a
entender aos mais desavisados. Ela precisa do apoio desde os 21 anos,
por conta de uma lesão medular que provocou redução de força e
sensibilidade nos membros inferiores, e não esconde o medo que precedeu a
superação. “Durante muito tempo, duvidei que fosse possível engravidar e
segurar meu filho no colo por causa da muleta. Mas logo descobri que a
maternidade é mais que isso – tem outras possibilidades de contato que
não as tradicionalmente conhecidas. Sempre quis passar pela experiência
de ser mãe, mas na hora foi uma aposta – tive que adaptar tudo dentro de
casa e até dentro do contexto familiar. Fiz tudo pra que eu tivesse a
maior autonomia possível. Prefiro fazer sozinha, mas em alguns momentos
não consigo. Fico feliz, porque até quem não tem deficiência tem seus
limites”.
Diferentes iguais
Elas trocam fraldas, dão banho,
bronca e carinho, amamentam, levam e buscam na escola. Todo dia elas
fazem tudo sempre igual, e querem ser vistas como semelhantes – mas para
tanto precisam de reconhecimento. Belo Horizonte não possui nenhum
centro de referência para a mulher com deficiência e é apenas a quinta
capital em ruas adaptadas para os usuários de cadeiras de rodas: menos
de 10% das vias possuem rampas. “Aqui onde estou morando, por exemplo,
não consigo ir ao supermercado”, conta a servidora do Judiciário Federal
Margarida Lages, moradora da Vila da Serra. “Muito morro complica. Tive
que aprender a dirigir, mas ainda existe a grande dificuldade que é
colocar e tirar a cadeira do carro”, explica Margarida, 47, que desde 97
pilota uma cadeira motorizada, em decorrência da atrofia muscular
espinhal – doença degenerativa congênita que atinge toda a sua parte
neurotransmissora e prejudica, principalmente, os movimentos abaixo da
cintura.
“Andar na rua é bem difícil: os
passeios ainda não são todos adaptados, existem muitos degraus e
calçadas esburacadas. Não existem muitos táxis acessíveis e o transporte
público não funciona bem: são poucos ônibus com elevador e muitos não
funcionam, ainda mais quando eles param em locais inclinados. Esses dias
desmarquei uma consulta do meu filho porque o hospital não tinha
acesso. Nem a escola dele tem rampas de acesso. Quero ser uma mãe mais
participativa e não consigo”, lamenta Margarida sobre o colégio em que
Raphael, 13, estuda por estar mais perto de casa.
“As dificuldades de acessibilidade
são inúmeras”, concorda Fernanda. “Onde vou sempre procuro instâncias
adequadas para tornar o ambiente possível e acessível. Muitos lugares se
esquecem da diversidade e da minoria”, comenta Fernanda, que trocaria
toda compaixão por melhores condições. “Não precisamos de pena, nem que
nos vitimizem nem que nos desvalorizem. A deficiência não muda quase
nada em minha vida, ela só me limita fisicamente. Vivo a maternidade da
mesma maneira que todas as mulheres vivem. Acho até bacana que a criança
filha de mãe com deficiência vai mais tarde lidar com a diferença de
forma muito natural, que é a forma ideal que a sociedade deveria nos
enxergar. Nós passamos por tudo que todo mundo passa, igualzinho”.
Determinadas, independentes e
incansáveis, essas mães compartilham, acima de tudo, a vontade de que a
vida pare de ser reduzida à deficiência.
“Eu nunca fui dependente. É claro que
existem frustrações e desafios, mas quem não tem? O sentimento de ter a
responsabilidade sobre o bem-estar de alguém é muito bacana e compensa
tudo. A cumplicidade que nós construimos também ajuda muito. Outras mães
sempre se impressionaram com o modo como ele me obedecia só com o
olhar”, comenta Margarida, solteira, que contou com ajuda de empregadas
domésticas para criar Raphael até que ele fizesse 10 anos. “Elas
ajudavam com a casa e eu cuidava do meu filho. Para a minha surpresa e
de todo mundo, eu dei conta de tudo. Ele adorava a cadeira de rodas e
até dormia com o balanço. Sempre adorou a carona”, brinca a mãe, que
batalhou por Raphael antes mesmo da concepção em luta travada com seus
ovários policísticos. “Foi difícil e a preparação de tudo deu trabalho,
mas hoje não imagino mais a minha vida sem esse serzinho”.
“Tem que olhar no olho”
“Me considero uma mãe que se
transforma e se descobre todos os dias. Sou muito ligada, muito
dinâmica, muito eu e antes me preocupava onde caberia um filho nesse
caminho. Mas sempre quis ter um pedacinho de mim. Já tinha um livro e
queria plantar a árvore na companhia do meu filho. Antes que passasse a
oportunidade e o desejo, engravidei”, conta a paulista Tatiana Rolim,
que a cada par de minutos pede licença da entrevista para trocar fraldas
ou retribuir beijos.
Ela é mãe de Maria Eduarda, de 3 anos
e meio, psicóloga e autora dos livros “Meu Andar Sobre Rodas” (2008) e
“Maria de Rodas – Delícias e Desafios na Maternidade de Mulheres
Cadeirantes”. Sua terceira publicação já está a caminho, lançando luz
sobre direitos dos deficientes físicos no mercado de trabalho.
Embaixadora da inclusão, Tatiana roda o Brasil com palestras que
comentam sobre o Seguro DPVAT, que indeniza feridos em acidentes de
trânsito e sobre outras situações que podem prevenir complicações em
gestantes com deficiências.
Entre o acidente que a privou de
andar e a gravidez, no entanto, Tatiana também teve um longo percurso de
aceitação e adaptação. “Qualquer olhar me doía, eu só percebia dó.
Depois fui me acostumando e me redescobrindo, até que achei um olhar de
paixão e recomecei tudo. Vi que, de novo, eu podia tudo”, lembra, sobre o
momento quando conheceu o pai de sua filha, hoje, seu ex-marido.
Em comum entre Tatiana e Margarida
Lages (a mãe do pequeno Raphael) há, ainda, o fato de criarem as
crianças sozinhas. Elas dão olé em todas as expectativas e atropelam
quem duvida. “O que eu menos queria era que a minha filha tivesse um pai
ausente. Mas a nossa luta é pra que ninguém duvide do que somos
capazes. A gente quer contribuir pra que as pessoas acreditem, apostem e
invistam na possibilidade de felicidade. Tive a sorte que desde cedinho
a Maria Eduarda já entendia os meus olhares e comandos de voz. Olhar no
olho é fundamental”, desabafa Tatiana, enquanto Margarida comenta que a
ausência do parceiro foi uma questão que ela sempre tirou de letra. “Eu
trabalho em casa, então sempre pude dar toda a assistência que o
Raphael precisa. Sem ninguém é muito difícil, mas eu tinha as meninas
que me ajudavam em casa e confiava muito em mim mesma: sempre fiz tudo
normalmente. Desde pequeno, ele sempre me entendeu e obedeceu, mesmo que
de longe, só trocando olhares. Agora que ele já está maior, nós já até
fizemos um cruzeiro juntos, só nós dois”, conta a funcionária pública.
E questionadas sobre o maior presente
que poderiam ganhar neste domingo, as mães são novamente unânimes.
Margarida ataca de coruja e defende que Raphael já é a coisa mais fofa
que existe e Tatiana conta sobre os momentos impagáveis. “Tô aqui
conversando com você e do nada ganho um beijo. Ela passou, beijou e
soltou ‘eu te amo’. Agora ela está ali sentada desenhando coisas
ininteligíveis e lindas e inventando uma música. No fim, isso é o que
importa”.
sábado, 24 de maio de 2014
sexta-feira, 23 de maio de 2014
OPORTUNIDADES PRA TODOS
Em defesa da Lei de Cotas
A Lei de Cotas é boa, atual, eficaz e aplicável *Artigo de Francisco Izidoro, presidente da Associação de Deficientes e Familiares (Asdef)
Francisco Izidoro
A Lei nº 8.213/91 - também denominada Lei de Cotas,
que dispõe sobre a contratação de pessoas com deficiência e visa superar
o processo de exclusão historicamente imposto a este parcela da
sociedade no mercado de trabalho e conscientizar a sociedade acerca das
potencialidades desses indivíduos.
Como sempre acontece no Brasil, as leis que garantem direitos aos
segmentos mais vulneráveis da sociedade são postas na geladeira e
tratadas com inércia ou omissão pelo poder público. Sancionada em 1991, o
art. 93 da Lei de Cotas só foi regulamentado oito anos depois pelo
Decreto nº 3.298 de 1999, posteriormente alterado pelo Decreto nº 5.296
de 2004, que definiu os conceitos de deficiência indispensáveis para a
aplicação da lei.
Na prática a Lei de Cotas só passou a existir em 2001, dez anos após
a sua aprovação, quando foram iniciados os procedimentos de
fiscalização e multas por parte do Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE). Se hoje, diante da possibilidade de multa, muitos empregadores
deixam de cumprir a lei, imagine antes de 2001, quando não havia sequer
fiscalização.
Com essas breves considerações, podemos afirmar que é um equívoco
dizer que a política de cotas existe há 23 anos, como temos visto em
alguns artigos que analisam a eficácia da referida lei. De fato o
sistema de cotas passou a existir a partir do Decreto 3.298 e das normas
de fiscalização do MTE. Até então, quem cumpria a lei, o fazia por mera
liberalidade, pois não havia ainda os parâmetros legais definidores das
deficiências.
Em 13 anos de efetiva aplicabilidade da Lei de Cotas atingimos a
marca de 325 mil trabalhadores com deficiência regularmente contratados,
segundo dados da RAIS de 2011 (Relação Anual de Informações Sociais). É
pouco, se considerarmos que este número representa menos de 1% da força
de trabalho brasileira e menos de um terço do total de vagas que
deveriam estar ocupadas por pessoas com deficiência, se a lei fosse
fielmente cumprida.
Todavia, se considerarmos as circunstâncias concretas e os
obstáculos para a inserção da pessoa com deficiência no mercado de
trabalho, veremos que os números estimulam-nos a continuar a caminhada.
A lei, por si só, não muda uma realidade histórica de exclusão.
Nesses 13 ou 23 anos de lei de cota, como queiram, pouco ou quase nada
foi pelo poder público para criar as condições para que as cotas saíssem
do papel para vida real. As empresas também não fizeram a sua parte. No
Brasil é comum se defender a alteração de uma lei quando ela não cumpre
plenamente seus objetivos. E os que defendem a mudança são exatamente
aqueles que poderiam ou deveriam criar as condições para tornar a norma
uma realidade. Boicotam ou dificultam a sua aplicação, para depois
pedirem a mudança, com a falsa alegação de que a lei é inaplicável.
A Lei de Cotas é boa, atual, eficaz e aplicável. A ASDEF defende a
manutenção integral da sua redação e combate qualquer tentativa de
flexibilizá-la ou esquarteja-la para atender a interesses de grupos
econômicos. O problema não está na lei, mas sim na falta de políticas
públicas que facilitem o ingresso da pessoa com deficiência na vida
produtiva e na passividade das empresas que se apegam às dificuldades
para justificarem a omissão em relação a lei e o desrespeito ao
princípio constitucional da função social da propriedade.
Dificuldades com falta de profissionais qualificados, obstáculos
arquitetônicos e falta de acessibilidade não são desculpas para o não
cumprimento da lei. Reconhecemos que elas existem, em maior ou menor
grau, mas não são insuperáveis. Diversas experiências pelo país afora
demonstram que, com vontade e determinação, é possível contornar os
obstáculos e incluir a pessoa com deficiência, com respeito e dignidade.
É possível que haja necessidade de uma legislação que contemple
situações específicas, ou que possibilite estímulos às empresas que
investirem em acessibilidade, em qualificação profissional e contratação
de pessoas com deficiência. Estamos dispostos a enfrentar este debate e
até apoiar estes pleitos, mas sem desfigurar a Lei de Cotas, pois
representa uma conquista na luta pela inserção social da pessoa com
deficiência.
ALBINISMO BELGA
Fotógrafa faz ensaio retratando a beleza das pessoas albinas
Conhecida por seu olhar perceptivo na exploração de culturas diferentes, a fotógrafa belga Sanne De Wilde
fez um excelente trabalho ao retratar pessoas que têm albinismo.
Geralmente vistas com preconceito e carregadas de estigmas sociais,
Sanne De Wilde conseguiu fotografá-las com uma naturalidade incrível,
transformando os retratos na série “Snow White“.
Veja as fotos:https://br.noticias.yahoo.com/blogs/para-curtir/fot%C3%B3grafa-faz-ensaio-retratando-beleza-das-pessoas-albinas-143216109.html
quinta-feira, 22 de maio de 2014
TELONA QUENTE 87
Roberto Rillo Bíscaro
A Guerra Fria retornará, agora contra a China. A escalada dos gastos militares resultará em recessão inédita no Ocidente. Os militares pesquisam pra desenvolverem androides dizimadores de inimigos amarelos.
A Guerra Fria retornará, agora contra a China. A escalada dos gastos militares resultará em recessão inédita no Ocidente. Os militares pesquisam pra desenvolverem androides dizimadores de inimigos amarelos.
O Reino Unido tem vasto complexo de laboratórios
subterrâneos, onde o Dr. Vincent tenta recuperar cérebros danificados. Seus
superiores almejam resultados bélicos, mas o gênio sonha em descobrir a cura
pra filha, cujo cérebro é danificado.
Este é o background
da ficção-científica britânica The Machine (2014), escrita/dirigida por
Caradog W. James, com inexpressivos recursos financeiros, mas resultado
artístico expressivo, garantindo bom futuro ao galês.
A norte-americana Ava é contratada, mas logo morre por
ser enxerida. Vincent transforma-a numa Máquina. A replicante, porém, começa a
sentir e se importar demais, tornando-se estorvo pro chefão militar, que quer
eliminá-la.
Bebendo muito na fonte de Blade Runner – visual escuro
e trilha sonora a la Vangelis, superanos 80 – The Machine levanta discussões
sobre se a inteligência artificial é vida com o mesmo valor da humana e, se é
ética/segura a criação de robôs. O filme nunca aprofunda tópico algum e o
epílogo recorre a tiroteio típico dessas sci
fi de ação que infestam canais pagos e produtoras de baixo orçamento. Nesse
terço final, onde se optou por mais ação e menos cérebro, percebem-se as
limitações orçamentárias.
Mesmo com falhas, a produção é elegante e a
cinematografia e roteiro prestam homenagens a diversos clássicos do gênero. Os
efeitos especiais – exceto os das cenas de confronto – são convincentes e
criativos.
A ex-bailarina da Lady Gaga, Caity Lotz, tem vozinha
meio não-convincente pruma cyborg potencialmente
assassina e Dennis Lawson – o adorável Mr. Jarndyce, de Bleak House – está
anódino como vilão.
A despeito desses senões,
The Machine tem 2/3 decentes e um diretor no qual é bom ficar ligado.
Assinar:
Postagens (Atom)