Italo Prog – II
A Itália é curiosa. Quando algum gênero musical cai em
suas graças, os italianos copiam e maximizam tanto alguns aspectos, que obrigam
a criação de subgêneros prefixados com ítalo. Já escrevi sobre Italo Disco.
Com o rock progressivo não foi distinto. Nos anos 70,
mormente na primeira metade, a Bota empipocou-se de bandas geralmente
inspiradas em modelos britânicos, mas injetando certa “italianidade” nos vocais
dramáticos (muitos muito ruins), instrumentação épica, enfim, o exagero.
A quase totalidade dessa produção periga ser esquecida,
embora esteja cada vez mais disponível, por exemplo, com álbuns completos no
Youtube.
Estou numa fase de Italo prog e compartilho mais
impressões com vocês.
O Jumbo tem um problema fatal: o vocalista. Acho a voz insuportável, parece que o cara tá bêbado, canta gritado, enfim, detesto. Mesmo assim, ouvi DNA (1972), porque estava curioso pelos 20 minutos da Suite Per Il Sig K. Se não fosse pelos vocais seria uma faixa ótima, de forte inspiração Jethro Tull com flauta e guitarra apimentadas. Mesmo que o vocal fosse outro, DNA teria um problema: o resto do álbum não duplica nem de longe a grandeza da suíte. Rock, folk, jazz e blues estão no receituário do Jumbo. Sugiro não conhecer rock progressivo italiano via Jumbo. Não achei o álbum completo, mas eis o link da Suite Per Il Sig. K
O Metamorfosi lançou 2 álbuns nos anos 70. O segundo, Inferno (1973), é uma obra-prima do prog sinfônico. Baseado na Divina Comédia dantesca, o disco é praticamente uma longa suíte enfatizando teclados de vários tipos, que fluem frenéticos, espaciais, góticos ou eclesiásticos em multitonal exuberância. Vocais pomposamente dramáticos, mudança constante de ritmos e tempos, virtuosismo poli-instrumental; Inferno é um ítalo-milagre, infelizmente pouco (re)conhecido por sua filiação não-anglo. Com citações aos hinos dos EUA e da URSS, o Metamorfosi cria um inferno terrestre onde a guerra e os políticos são os demônios. Obrigatório e imperdível.
O exuberante Intorno Alla Mia Cattiva Educazione (1974) foi o único álbum do Alusa Fallax. Outro trabalho que dá a impressão duma longa suíte, no lugar de canções independentes. Rock, jazz, folk, trechos melódicos de derreter o coração, pedaços soando como feira medieval e até um que soa como sertanejo de raiz. Flauta, sax, trompete, órgãos e instrumentos típicos de banda de rock acrescidos de vocais expressivos – às vezes não tanto de meu agrado – misturam-se a influências como Pink Floyd, Yes, Jethro Tull, Moody Blues e King Crimson (num momento vira free jazz ou seja como se chamava aquela cacofonia que me faz não ser fã do KG; sorte que o Alusa Fallax não insiste nisso) pra criar mistura original que não soa como clone de nenhuma das influências. Outro fundamental pra conhecer Ítalo Prog!
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