Roberto Rillo Bíscaro
Vi 2 minisséries, sobre as quais deu vontade de
comentar.
Jane Austen não morre; incrível! Não bastassem as
frequentes adaptações pra telona/telinha, tem havido uma cachoeira de
“continuações”, paródias e histórias inspiradas em seus livros. Já resenheiPride & Prejudice and Zombies.
Em 2011, PD James retomou Pride and Prejudice em seu
Death Comes to Pemberley, adaptado em minissérie pela BBC como parte da
programação do último Natal.
Darcy e Lizzy estão felizes e com filhos na idílica
Pemberley. Darão grande baile, pro qual não convidam a escandalosa Lydia e seu
marido embrulhão, Mr. Wickham. Eles, no entanto, decidem ir como penetras e
ainda levar um convidado. Wicked, Mr. Wickham, indeed!
Ao atravessarem a floresta em Pemberley, o amigo do
casal é assassinado e as suspeitas recaem sobre Wickham. Austen deu Lydia e
George Wickham de bandeja pra gerar muita confusão e James aproveitou o
presente pra criar agradável fantasia de época misturada com história de
detetive, com pitadinhas de CSI - hoje
em dia, todo programa tem que mostrar alguma técnica de reconstituição “”científica”
dos crimes.
Os 3 capítulos têm charme e material pra entreter
românticos sonhadores com as convenções matrimoniais senhoriais inglesas do
século XIX, fãs de mistérios, Austen-adictos (que podem se sentir lisonjeados
ou profundamente insultados pela “dessacralização” da obra de sua deusa), ou
simplesmente admiradores de séries de época, porque a produção é esmerada.
Mr. Bingley, Mr. Collins, Charlotte não têm espaço e
Jane aparece por breves momentos, mas Mrs. Bennet e Lady Catherine de Bourgh seguem
fiéis ao estilo outorgado por La Austen (claro que sou devoto, só não a
idealizo como anjo romântico de candura!). Mr. Darcy e Elizabeth quebram o pau
e o sisudo Sir Selwyn Hardcastle foi criado por PD James pra investigar o caso,
resolvido adivinhem por quem? Anna
Maxwell Martin, a Esther Summerson de Bleak House, está perfeita como
Elizabeth.
Depois de ler e escrever sobre The Mayor of Casterbridge
(aqui), vi a tele-adaptação em 2 capítulos, produzida pela A&E, em 2003.
Pra quem mede a eficiência de filmagens pela
“fidelidade” aos eventos do romance, The Mayor of Casterbridge é superfiel. Tá
tudo condensado em quase 200 minutos. Hardy arrependeu-se de encher o romance
com tantos acontecimentos pra atender à necessidade comercial da serialização
em jornal. Essas reviravoltas parecem rápidas demais na minissérie;
deixando-nos meio perplexos, mas isso não degrada o poder dramático da triste
história do teimoso Michael Henchard.
O elenco está tão bom que me fez até gostar de
Elizabeth Jane, que no livro, conseguira apreciar apenas intelectualmente. A
esforçada menina, na interpretação de Johdi May, conquistou meu coração. Vídeo
complementando letra, legal, não?
As motivações psicológicas sofrem, mas o Henchard de
Ciarán Hinds (o Júlio César, de Rome) tem uma cara tão expressiva que transmite
quase tudo.
Locações mais do que pertinentes – tem uma escadaria no
meio do nada que me enlouqueceu! – e a canção-tema de derreter coração fazem de
The Mayor of Casterbridge valer muito a pena.
No You Tube há os 2 capítulos em inglês:
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