Roberto Rillo Bíscaro
Terminei as terceiras temporadas das despirocadas Revenge e Scandal; quantas emoções baratas, como gosto!
Terminei as terceiras temporadas das despirocadas Revenge e Scandal; quantas emoções baratas, como gosto!
A primeira temporada de Revenge restaurou minha fé nas soaps com DNA anos 80, tipo Dynasty. A
vingança de Emily Thorne infestou os (b)milionários Hamptons com tanta
inverossimilhança glamurosa, que me levava a gargalhadas lacrimejantes. Mesmo
sem a finesse de Alexis, Victoria
Grayson entrou pro panteão das vilãs ricas, enfim, tudo ia bem em meu paraíso
folhetinesco até ... Até inventarem uma porção de conspirações corporativas na
segunda temporada e desviarem o foco da vingança, diluindo a trama.
A queda na audiência determinou que a terceira
temporada retomasse o formato inicial, abandonando as megaconspirações e
deixando Emily fazer a cruz rubra sobre os rostos de quem destruía em
retribuição ao mal feito a seu bondoso e injustiçado pai (embora só conheçamos
David Clark através da memória infantil de Emily).
Ainda que a mágica da temporada de estreia tenha
irremediavelmente evaporado, Revenge voltou aos trilhos. Os primeiros episódios
tiveram que reparar estragos e Victoria e Conrad perderam um pouco de poder de
fogo. Onde já se viu arruinar os Graysons; como farão pra infernizar Emily e
gerar ação dramática!? Tirar a fortuna de Nolan Ross também foi estupidez: ele
é o principal aliado (capacho) de Emily. (Em termos pessoais amei, porque
inimigo dos Graysons é meu desafeto!)
Madeline Stowe foi tão bem sucedida em sua
caracterização que o roteiro enfatizava ser Victoria a responsável pela
destruição de David (não é bem assim). Seguindo o modelo Dynasty, a temporada
se europeíza com um núcleo francês, que, claro, tem a ver com a queda de David
Clark e também se envolverá com Daniel e Victoria.
Revenge voltou furiosa; do meio pro final o poder de
Victoria se aquilata e ela apronta muito, Emily prova que é macho e é até
cauterizada sem anestesia com um ferro de mexer brasas em lareira (calma, não
vemos isso), tem túmulo sendo aberto, enfim, o show fica cada vez mais
rocambolesco e termina gótico e demente.
Além de não recuperar o
público perdido pelo deslize da segunda temporada e pelo desgaste natural da
empurração com a barriga típica do folhetim – mesmo que mães continuem surgindo
do passado – o novelão corre o risco de overdosar
o público. Aconteceu com vovó Dynasty num incidente conhecido como The Moldavian Massacre. Amanda, filha de
Blake e Alexis casar-se-ia com o príncipe da Moldávia (não é tudo!?), mas um
grupo terrorista invade a cerimônia e mata metade das personagens. O golpe foi sentido de forma tão
baixa pelo público, que o show despencou
do primeiro lugar na audiência na temporada seguinte.
Com Scandal deu-se o contrário de Revenge: a segundatemporada foi mola propulsora da série, que pode até se querer thriller político, mas é novelão. A
terceira temporada foi bem mais nivelada do que Revenge, por isso Scandal
assumiu o comando de meu coração. Cyrus e Mellie, amo demais vocês!
B613, instituição supragovernamental, acima da CIA e do
próprio presidente, foi tema de toda a temporada. Como Scandal tem a Casa
Branca como epicentro, deu muito mais certo do que em Revenge. O Poder, como
concebido pela criadora de Scandal, eclipsou bastante do protagonismo de Olivia
Pope, que chorou e se martirizou muito. Tendo muito menos tempo pra consertar
problemas de clientes, Olivia e seus Gladiadores dedicaram-se a limpar as
sujeiras presidenciais, da mãe terrorista de Olivia (porque ela fazia tudo
aquilo, não sabemos. Eis a seriedade política de Scandal) e tentar conter seu
poderoso pai, chefão da B613, que ao final tem as atividades validadas.
Incrivelmente violenta e com um final apoteoticamente
melancólico, Scandal reitera a relação política
= corrupção e que não há nada a fazer se não aceitar o jogo. Se em termos
ideológicos é conservadora, em termos de conflito é uma delícia!
Nossa, será que a temporada
toda está no U2B?
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