segunda-feira, 9 de junho de 2014

CAIXA DE MÚSICA 129

 
Roberto Rillo Bíscaro

Ian McCullouch disse que o recém-lançado Meteorites é celestial sucessor de clássicos como Crocodiles (1980), Heaven Up Here (1981) e Ocean Rain (1984). A psicodelia lisérgica influente no Echo & the Bunnymen deve ter corroído um bocadinho do cérebro do vocalista/letrista. O álbum é bom, mas longe do pico criativo dos fundamentais ingleses oitentistas. 

Nunca liderando paradas de sucesso o Echo & the Bunnymen influenciou muita banda e os álbuns da primeira metade daquela década são marcados por variedade e tensão rítmicas, vocais sentidos e a subestimada guitarra de Will Sergeant, que, junto com Ian são o que resta da formação original.

Meteorites é polido à perfeição, com violinos a mancheia dando ares sinfônicos aos lamentos de McCullouch, que canta corretamente. Will continua discreto, certeiro e criativo em sua guitarra que se interessa mais em traçar arabescos do que solar falicamente.

Seria perfeito se não fosse tudo meio igual, desde a produção aos vocais. Não há o sobe e desce emocional dos álbuns que McCullouch ambiciona emular, até porque Sergeant e Ian hoje são 50tões.

Constantinople é fantasia orientalizada, onde a guitarra de Sergeant serpenteia em meio a arranjo encharcado em sobreposições de ópio. Is This a Breakdown me lembrou Bring On the Dancing Horses, que os Coelhinhos fizeram pro filme A Garota de Rosa Choque.

Lovers On The Run é a maravilha messiânica de Meteorites. Dá vontade de subir numa montanha e entoá-la de braços abertos. Sintomático: a faixa remete à perfeita The Killing Moon, então, basta comparar a montanha-russa emocional da última com a planície da primeira e comprova-se porque McCullouch não tem razão ao alinhar seu trabalho mais recente a sua produção 80’s.

Sem precisar provar mais nada, WillIan – se eles quisessem atuar com nome moderninho já o teriam pronto! – atingiram a zona de conforto de quem sabe de seu legado. 
Boa música, mas não mais obra-prima.    
 

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