Roberto Rillo Bíscaro
Pelos idos de 83,84, a New Wave chegou ao interior de São Paulo. Basicamente era ter gel no cabelo, usar roupas multicoloridas (laranja, verde-limão e roxo) e soar como B 52’, Go Go’s ou Talking Heads.
Nos programas do Chacrinha, Barros de Alencar e Raul
Gil uma banda de 8 integrantes vestidos de terninhos berrantes e gravatinha nos
conquistava com Toda Cor e Sonífera Ilha. Até 86 os Titãs foram relativamente mansos,
mas daí veio Cabeça Dinossauro, que os levou ao estrelato e à fama de mais
pesados e adultos.
Nos 90’s, mergulhei de
vez em Genesis e seus (ex-)membros e me desinformei sobre os lançamentos. Li que o álbum lançado em maio último estava
novamente pesado e contundente. Por isso, fui atrás.
Nheengatu – nome duma variante das línguas do
tronco Tupi – retoma a crueza e a polêmica, que por anos me encantaram nos
Titãs, agora resumidos a um quarteto.
Bazucadas contra a polícia (Fardado),
religião (Senhor), a miséria urbana (Mensageiro da Desgraça) somam-se a temas
incômodos como pedofilia (em canção homônima) racismo e homofobia (Quem São os
Animais?). Se a crítica à polícia liga Nheengatu a Cabeça Dinossauro, Chegada
ao Brasil conecta o grupo sônica e tematicamente ao Ultraje a Rigor de Nós
Vamos Invadir sua Praia. Ainda bem que os Titãs não falam tontices como o Roger
Moreira.
Os titânicos cinquentões não estão
amedrontados de pesar nas canções, mas inserem brasilidade em Baião de Dois e
Fala, Renata tem clima meio de banda de pífanos tocada em guitarra.
Nheengatu
ratifica o que sabemos há 3 décadas: os Titãs são uma de nossas melhores bandas
de rock. Devia tocar muito no rádio e aparecer em tudo que é programa de TV,
como nos meados oitentistas.
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