segunda-feira, 16 de junho de 2014

CAIXA DE MÚSICA 130




Roberto Rillo Bíscaro

Pelos idos de 83,84, a New Wave chegou ao interior de São Paulo. Basicamente era ter gel no cabelo, usar roupas multicoloridas (laranja, verde-limão e roxo) e soar como B 52’, Go Go’s ou Talking Heads.
Nos programas do Chacrinha, Barros de Alencar e Raul Gil uma banda de 8 integrantes vestidos de terninhos berrantes e gravatinha nos conquistava com Toda Cor e Sonífera Ilha. Até 86 os Titãs foram relativamente mansos, mas daí veio Cabeça Dinossauro, que os levou ao estrelato e à fama de mais pesados e adultos.
Nos 90’s, mergulhei de vez em Genesis e seus (ex-)membros e me desinformei sobre os lançamentos. Li que o álbum lançado em maio último estava novamente pesado e contundente. Por isso, fui atrás.
Nheengatu – nome duma variante das línguas do tronco Tupi – retoma a crueza e a polêmica, que por anos me encantaram nos Titãs, agora resumidos a um quarteto.
Bazucadas contra a polícia (Fardado), religião (Senhor), a miséria urbana (Mensageiro da Desgraça) somam-se a temas incômodos como pedofilia (em canção homônima) racismo e homofobia (Quem São os Animais?). Se a crítica à polícia liga Nheengatu a Cabeça Dinossauro, Chegada ao Brasil conecta o grupo sônica e tematicamente ao Ultraje a Rigor de Nós Vamos Invadir sua Praia. Ainda bem que os Titãs não falam tontices como o Roger Moreira.
Os titânicos cinquentões não estão amedrontados de pesar nas canções, mas inserem brasilidade em Baião de Dois e Fala, Renata tem clima meio de banda de pífanos tocada em guitarra.
Nheengatu ratifica o que sabemos há 3 décadas: os Titãs são uma de nossas melhores bandas de rock. Devia tocar muito no rádio e aparecer em tudo que é programa de TV, como nos meados oitentistas.

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