terça-feira, 10 de junho de 2014

TELINHA QUENTE 124

Roberto Rillo Bíscaro

Dose dupla de TV hoje.
Em janeiro, maravilhei-me com as falcatruas, cambalachos e falsidades de Vanity Fair, clássico do inglês William Makepiece Thackeray (leia minha resenha aqui).
Minha favorita foi Becky Sharp, que entrou pro panteão de musas logo nos primeiros capítulos. Desprezada e desfavorecida na corrida social por sua condição pobre, Rebeca é interesseira, dissimulada, carreirista; hoje seria chamada de sociopata. Como os ricos também são sem-vergonhas na Feira das Vaidades thackeriana e até a pamonha Amelia Selby não é de todo santa, a sanha predadora de Becky relativiza-se.
Fazia anos que a minissérie em 6 episódios de 1998, coproduzida pela A&E e pela BBC estava em meu HD. Resolvi ver se Natasha Little estava grande como Becky. Está enorme! Que interpretação ótima nessa adaptação muito boa, onde quase tudo narrado no romance foi satisfatoriamente transposto pra telinha. Todo o elenco está excelente, mas Little arrasa com uma Becky que vai do pérfido ao fingimento de doçura apenas com movimentos oculares e bucais.
Vanity Fair jamais cansa e está no tom apropriado de critica de costumes/farsa, desde as tomadas excessivamente perto do rosto até à trilha sonora incidental, passando pelas caracterizações e interpretações.
Recomendo, mas advirto que a mini não levou Becky às prováveis consequências implicadas no texto do século XIX. Quando o termo sociopata sequer existia, o satirista vitoriano ousou mais na conclusão do que seus descendentes roteiristas às portas do novo milênio. 


E não é que já se vão 5 temporadas de Modern Family e comentei todas (primeira, segunda, terceira, quarta)?
O show já não é refrescante como no início, mas não caiu de qualidade, antes, chegou num ponto de equilíbrio e conforto onde já podemos prever conclusões e reviravoltas. Quem só curte novidade pode torcer o nariz, mas gostei.
A pequena Lily finalmente teve mais chance de falar, naquela linha criancinha com tudo na ponta da língua. A atriz-mirim/personagem foi universalmente louvada. Como ser do contra está no meu código genético, achei torturantemente ruim e irritante.
Tirando isso, valeu rever essas famílias inclusivas, que nessa temporada nos brindaram com casamento gay na TV aberta e tudo!

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